Sobre filhos, atriz declarou: "Em algum momento optei pela carreira em vez de relações de família. Não acho o ideal. Mas para mim foi assim"
O foco muito bem calibrado é uma qualidade que Leona Cavalli (44) enxerga em si mesma. Mas, rindo, admite que quase o perdeu ao praticar arco e flecha diante da exuberante paisagem da Patagônia argentina durante a temporada CARAS/Neve. “Sou contemplativa. Gosto de olhar a beleza de todas as maneiras”, justifica. Habituada ao esporte no sítio que mantém no Rio, onde usa arcos que ganhou em tribos amazônicas, a atriz orgulha-se não só por saber eleger objetivos, mas também pela determinação com que corre atrás deles. “Aos seis anos queria ser atriz”, assegura a gaúcha, que admite já ter deixado a vida pessoal em segundo plano em função da carreira. Enquanto aguarda a convocação da Globo para novo trabalho após viver dois tipos de grande repercussão, a Zarolha, em Gabriela (2012), e Glauce, em Amor à Vida (2013), Leona vem curtindo o hobby por viagens, já esteve em países como China, Egito, Grécia, Peru e Tibete. Mas nem por isso deixou o trabalho de lado. No fim do ano, entra em cartaz com Anna K., primeiro longa do artista plástico José Roberto Aguilar ( 71), que definiu sua atuação como “de embasbacar”. A atriz também retoma a turnê da peça E Aí, Comeu?, na qual vive sete personagens, e começa a ensaiar Frida, sobre a pintora Frida Kahlo (1907–1954), com estreia em outubro. Além disso, escreve seu segundo livro, Aprendendo a Ser Gente, sobre a ação social que faz em hospitais vestida de palhaço; prepara-se para rodar nova comédia de Hugo Carvana (77); e vai estrear como diretora com o curta O Arlequim da Rua 18, no qual explora a temática indígena a partir do livro Flecha Dourada, o Guerreiro do Arco-Íris, de Lauro dos Santos Lima (1960–2001).
– Com tantas atividades, sobra tempo para cuidar da vida?
– Nossa rotina realmente é imprevisível. São viagens constantes. Mas sou feliz assim. Optei por priorizar o meu trabalho.
– Você diz que já relegou a vida pessoal. Quando isso ocorreu?
– Filho é um exemplo. Não é que tenha escolhido não ter, até porque ainda posso engravidar ou mesmo adotar, mas em algum momento optei pela carreira em vez de relações de família. Não acho o ideal. Mas para mim foi assim.
– Considera isso saudável?
– Desde muito cedo tive o sonho de me tornar atriz. Isso me motivou a tudo. Melhoro como profissional quando melhoro como ser humano e vice-versa. A matéria- prima é meu corpo e a emoção. Minha vida é dedicada à arte, mas sei também que ela é maior que tudo. E consigo me divertir trabalhando. Isso é uma bênção, uma sorte. Quando não estou em cena, meu lazer é teatro, cinema, leitura, shows. Meus amigos gostam de arte. Então, não tem como separar. Vida e carreira são ligadas mesmo.
– Você nunca apareceu em público com alguém...
– Não penso nisso. Se rolar, realmente, pode vir a acontecer. Mas acho bom ser discreta e respeitada. Sempre foquei muito.
– É dura na queda?
– Não! (risos) Sou romântica e sensível. Mas meu amor acima de tudo é pela liberdade. Para ficar comigo, é preciso respeitar isso.
– Acredita que as relações hoje estejam mudando?
– Principalmente as relações sociais. É outra era, com a consciência do coletivo. Temos muito ainda a aprender, mas sou positiva. Vejo avanços com bons olhos, é para melhor.
– Mas acha possível, por exemplo, uma relação aberta?
– Desde que exista respeito. Além de amor e felicidade, ética é uma palavra pouco usada, mas fundamental.
– E acredita em relacionamentos para sempre?
– Tantas pessoas vivem histórias lindas, para sempre, como Jorge Amado e Zélia Gattai. Não tenho um sonho com isso, mas creio no amor universal. É o verdadeiro amor eterno. É isso que me move. Dedico minha vida a viver outras pessoas. Isso é amor universal. Não é a alguém, é a tudo.
– E já fez loucuras por amor?
– Sim, já viajei horas para ficar só uma horinha com alguém. Até de um país ao outro. Acho que por isso amo viajar. (risos)
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