Superar a perda de um amor é mais difícil em tempos de Facebook

Rosa Avello Publicado em 28/11/2013, às 21h29 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Há muitas teorias sobre o processo de luto e todas consideram fundamental que a vivência desse momento seja plena e consciente. Só desse modo é possível elaborar o sofrimento e superar a perda. Isso vale também para o fim de um relacionamento afetivo. Se a separação for bem elaborada, isto é, se nós a aceitamos, nos conscientizamos da dor que causa e procuramos um significado positivo para ela, passamos pelo luto e saímos dele mais fortes e sábios. Nesse caso, nosso apego pelo outro diminui ou desaparece. Ficamos “imunes” ao antigo amor porque ele perde totalmente o significado. Quando se resiste à ideia de que a relação acabou, ao contrário, o apego continua o mesmo ou pode se fortalecer. Ao negar a perda, a pessoa corre o risco de ficar “presa” indefinidamente no luto. Mantendo a importância do outro, torna-se refém afetivo daquela “ex-relação”. Conheço muitos casos assim: o da mulher que subornou a empregada do ex para que a mantivesse informada sobre a vida dele; o do rapaz que só parou de seguir a ex após fazer terapia; o do homem que tem depressão há dois anos e não consegue se abrir para outros relacionamentos; o da moça que “usa” os filhos para impedir que o antigo marido conheça outras mulheres. O que todos esses casos têm em comum é o fato de a pessoa não aceitar que a perda é inevitável. E nós só podemos superar uma perda quando a aceitamos como tal. Por isso, uma das fases do luto é a da “aceitação”. Quem já passou por uma separação sabe que um dos sentimentos mais difíceis de aceitar é a ideia de que o outro consegue ser feliz longe de nós. É como se ele já tivesse “matado” o que significamos para ele. Ninguém gosta de ser insignificante. Por isso, a partir do rompimento, tornam-se frequentes perguntas sobre quanto o outro ainda se importa conosco: “Sentirá minha falta?”; “Em algum momento vai se arrepender?”; “Como será que ele,
ou ela, está?”; “Sentirá saudade?”; “O amor que sentia por mim acabou de fato?” etc. Antes do advento das redes sociais era bem difícil obter respostas para essas perguntas. Dependia-se de amigos ou de parentes que se dispusessem a trazer notícias do outro. Mas em tempos de Facebook,  Instagram, SMS e afins, a vida do outro está ao alcance de um clique! Num piscar de olhos lá está ele, todo alegre, numa festa, ferindo
a nossa alma com o seu sorriso; confraternizando com amigos e com isso acendendo a fogueira do nosso ciúme.  Na ilusão de encontrar o outro na fossa, bate-se de frente com ele no melhor astral. Sim, porque ninguém é bobo de expor no “Face” que amarga uma “dor de cotovelo”! Pelo contrário, mesmo que seja uma grande mentira, posta-se a imagem de quem tirou de letra a perda recente. O fato é que as redes tornam muito mais difícil viver o processo de luto, porque, diante da “felicidade” do outro, nossa tristeza fica mais contundente e cruel e nossa capacidade de superação é desafiada. Não há a paz necessária para viver o processo de luto no ritmo de cada um. O ideal seria que resistíssemos em saber do outro para que aos poucos nosso apego diminuísse e ele se tornasse insignificante, libertando-nos da dor da perda. O ideal mesmo, nos tempos atuais, seria juntar todo o empenho, força e autoestima e criar coragem para bloquear o ex, permitindo o afastamento dele e de sua imagem, e a aceitação do fato de que a vida segue e que é possível ser feliz de novo.

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