Dia especial!

Especial Dia do DJ: Conheça a trajetória de seis brasileiros na profissão

Dennis, Bhaskar, Daphne, Rafael Barreto, Trisha e Kingdom contaram para a CARAS Digital como é ser DJ nos dias atuais

Isabela Thurmann Publicado em 08/03/2021, às 14h15 - Atualizado em 09/03/2021, às 14h46

Seis DJs brasileiros falaram sobre a profissão - Instagram | DJane Top | Pedro Pini

No dia 9 de março é comemorado o Dia Mundial do DJ!

Com isso em mente, a CARAS Digital decidiu conversar com seis profissionais da área sobre a escolha da carreira, os preconceitos, a rotina e até situações marcantes.

Questionados sobre o que é ser um DJ, Trisha, que na verdade se chama Patrícia, ressaltou que a música "deu força para nunca desistir".

“Ser DJ é transcender os dizeres da alma através da música, elevar as pessoas através dos meus sons, das minhas produções, a música tem o poder de unir e de fortalecer. Foi a música que me deu força para nunca desistir dos meus sonhos, por isso do nome Trisha, que significa ‘sede se vencer’”, disse.

Bhaskar foi mais direto em sua resposta. “Ser DJ é minha vida. Hoje não me vejo fazendo outra coisa. Sou um cara tímido, e amo trazer alegria pras pessoas, então uso a música como ferramenta”.

A participante do The Voice, Daphne, destacou a responsabilidade de passar "nossa energia ao público". “Eu acredito que quando as pessoas saem de suas casas para uma festa, elas estão em busca de sair de uma rotina, de esquecer problemas, e se conectar à outras pessoas. Hoje o público compra um ingresso não só pelo artista, mas pela experiência. A energia que entregamos para essas pessoas através das músicas que tocamos tem um impacto diferente em cada um, e isso volta para quem está na cabine/palco. Temos a responsabilidade de passar nossa energia ao público através da música, mas também temos que saber recebê-la. Essa troca é extremamente importante para mim pois é a forma que eu mais consigo me expressar e conectar com o público através da música”, falou.

Para Dennis DJ, um dos mais consagrados no mundo do funk, a situação é mais espiritual. “Ser DJ pra mim é uma dádiva de Deus, é uma coisa divina porque é muito mágico você estar ali em cima, ou você estar em uma pista de dança e você ser o responsável pela felicidade de tantas pessoas. É um presente de Deus ter esse poder de misturar aquelas centenas e centenas de músicas a noite toda e tirar um sorriso, um choro, um arrepio, tantos relacionamentos nascem também ali na pista. É muito doido”.

Kingdom, da banda FENDA, comentou sobre o passado da profissão: “Não é um trabalho relativamente fácil como algumas pessoas imaginam [risos]. Ser DJ é uma responsabilidade que vai além de ser apenas a pessoa que fica dando play nas músicas na pista de dança. Um bom DJ consiste em dar identidade a sua base de pesquisa e estudo prático nas mixagens. Ser DJ é valorizar toda a história de quem esteve atrás das cabines anos e anos atrás, para que chegássemos hoje com todo acesso e tecnologia necessários”.

Na opinião de Rafael Barreto, o negócio também é mais profundo. “Ser DJ vai muito além de apenas remixar músicas. É preciso estudar, se dedicar, dominar os softwares de mixagem e, por fim, ter o feeling para conseguir educar musicalmente as pessoas”, falou. 

Os profissionais também comentaram sobre como foi a reação dentro de suas casas quando decidiram que iriam escolher trabalhar na área.

Para Bhaskar, irmão de Alok, que é filho de pais DJs, entrar na profissão foi uma coisa fácil. “Foi só incentivo. Mas, eles também puxavam minha orelha pra eu continuar estudando”, comentou.

Daphne, a também cantora, e Trisha, que já venceu a competição no programa Hora do Faro, também tiveram suporte em casa. “Meus pais sempre me apoiaram em tudo que diz respeito à música. No começo eles temiam muito por mim, porque sabem que é um mercado cheio de peças, assim como muitos outros. Sai de casa com 18 anos em busca de viver de música, e desde então é o que tenho feito”, disse a competidora do reality musical. Já, a outra, acrescentou: “Em casa tenho total apoio da minha mãe e do meu marido que, hoje, é meu sócio desde que eu assumi a gestão da minha carreira”.

Porém, ambas foram julgadas por outras partes. “O preconceito existiu das pessoas de fora de casa, pessoas até próximas, diziam que esse mercado era coisa de homem, que mulher não tinha lugar, que eu iria ser mais uma DJ passageira. Mas depois que lancei minhas músicas, vejo que começaram a olhar diferente”, falou Trisha. “Em relação ao preconceito passei por situações sim, tanto com parentes quanto com pessoas do meio. Ouvi várias vezes a frase ‘você deveria só cantar, ser DJ não combina com você’ de ambas as partes”, revelou Daphne.

“Meus pais e irmãos sempre me apoiaram. Sou muito grato a minha família por tudo o que fizeram por mim”, comentou o produtor Rafael Barreto.

Já Kingdom admitiu que, no começo, até ela tratava o trabalho de um jeito diferente. “Acredito que ainda é uma profissão distorcida, ela não é muito bem aceita e entendida como uma ‘profissão’, o que é um erro. Eu mesma comecei a tocar como hobby, e a partir de algum tempo virou meu ganha pão. Daí, deixou de ser um extra e virou minha principal fonte de renda. Ter sido firme em minha decisão de seguir e evoluir nessa carreira, foi o diferencial para que amigos e familiares me apoiassem e contribuíssem para a minha evolução”, pontuou.

O dono do remix de Agora é Tudo Meu também teve suporte em sua escolha, principalmente de uma pessoa de sua família. “Eu sempre fui muito bem apoiado pela minha mãe, que me incentivou. Ela era a pessoa que me dava os discos, me deu meu primeiro fone. O preconceito veio da sociedade mesmo, de algumas pessoas que não entendiam o tamanho da importância de um DJ 20 e poucos anos atrás. Quando eu comecei, eram poucos, ainda mais de sucesso. Então, não era muito bem visto nem como profissão”, confessou.

Apesar de todos os entrevistados terem sido aceitos por seus familiares mais próximos e amigos, os seis reconhecem que a profissão ainda tem seus pontos de desvalorização. 

Dennis, por exemplo, acredita que as coisas já estão mudando. “Eu acho que tá no caminho. Já foi mais desvalorizada, só que eu acho que tá num caminho bem bacana. Hoje o cara que quer seguir a profissão de DJ, ele tem muitas portas abertas que, na minha época, eram fechadas. Por exemplo, eu fui o primeiro DJ a tocar em um festival de rodeio, pelo Brasil todo, não tinha um histórico de DJ ser mainstream. Fora aquela época do Planeta Xuxa, em que a Xuxa dava moral pros DJs, como DJ Marlboro e DJ Memê, que estavam sempre ali em evidência, fora essa fase, não tinha uma entrevista com um DJ. Então, com certeza, eu acho que hoje as pessoas estão dando mais valor. Eu fico feliz de fazer parte desse grupo de DJs que abriram tantas portas”.

“Acho que a desvalorização surge quando o próprio DJ se coloca nesta posição. Ser DJ requer essência, humildade, carisma e uma boa estratégia de planejamento como em qualquer outra profissão”, pontuou Rafael.

Já, Daphne e Bhaskar acreditam que isso não acontece mais. “Creio que cada vez mais isso se torna esquecido. Conversando com profissionais que atuam na área há muitos anos e viveram o início da discotecagem, ouço relatos de que a Classe dos DJs já foi muito julgada e desvalorizada, mas, os dias de hoje nos mostram que isso ficou no passado. Aos meus olhos, ser DJ nos dias de hoje está vinculado a alegria que você pode levar para as pessoas, e acaba que as pessoas se interessam em saber mais, mostrando que temos isso valor”, falou a ruiva. “Acho que a cada dia estamos ganhando mais espaço no mercado, e somos o gênero que tem o maior potencial de crescimento. Já fomos o patinho feio, mas agora vejo que somos o gênero mais promissor do momento”, acrescentou o DJ.

Kingdom relacionou a falta de legitimidade da área com acessibilidade. “A desvalorização acaba vindo intrinsecamente, ainda é uma estrutura que tem parâmetros polarizados. Como os equipamentos são bem caros e acessíveis a quem realmente tem como investir, a prioridade na contratação e os melhores cachês sempre ficam para os DJs que tem esse privilégio de acesso. Ainda por cima tem a priorização do DJ ser especialista em certos estilos musicais definidos como os 'contratáveis', deixando muitos estilos populares longe do topo dessa pirâmide”, opinou.

Trisha foi a única que disse que este ainda é um fator para a profissão. “Sim, existe muita desvalorização, inclusive nos cachês. Eu carrego o preconceito ainda maior porque além de ser uma DJ mulher, que já é minoria na cena, também sou do Funk e, em minhas letras autorais, decidi falar sobre empoderamento feminino. Então tenho que provar muito mais o meu potencial e capacidade como DJ”, revelou. 

Os profissionais também abriram o jogo e revelaram qual foi o momento mais marcante da carreira deles.

Para Barreto, foi difícil escolher um só. “Tem uma experiência que ficou marcada, em Guangzhou, China. Foram quase dois dias para chegar na cidade, estava cansado, com sono e com fome. Antes de chegar no hotel, paramos em uma feirinha, onde experimentei um espetinho de escorpião e outro de lesma! Ao chegar no hotel, havia um outdoor grande com minha foto e algumas pessoas para tirar foto. Isso foi o pontapé inicial da minha carreira fora do país. Passou um filme na minha cabeça, todo o esforço que fiz para poder estar ali”, contou.

“Desde de que me tornei DJ toda experiência tem uma vibe única”, começou Kingdom. “Mas, a que ganhou mais meu favoritismo é ter sido envolvida em um projeto como a FENDA. Ter sido escolhida para integrar esse projeto, mostra que estou no caminho certo e prontíssima para contribuir de alguma forma para que barreiras fiquem imperceptíveis, e que importantes espaços sejam tomados”.

O pai de Gaian disse que seu momento favorito é relacionado ao seu projeto atual. “A experiência mais recente foram os ‘Follow The Sun’, que são sets que gravo no amanhecer do dia em lugares inóspitos da natureza”.

Já, para a funkeira, foi uma de suas apresentações. “Minha experiência favorita foi, sem dúvidas, meu último show antes da pandemia, onde consegui mostrar o meu estilo de apresentação 360º onde, além de tocar como DJ, também canto e danço. É uma mistura de Pedro Sampaio com Anitta, brincou.

“Na verdade é um elogio que eu recebi, que eu fiquei muito feliz”, começou contando Dennison. “Foi quando eu toquei em 2018 no BR Day pra 2 milhões de pessoas na sexta avenida em Nova Iorque e um policial americano, que tava trabalhando, chegou pra alguém da organização e falou: ‘cara, só vi duas pessoas fazendo o que você fez aqui hoje, você e a Ivete Sangalo’. Aquilo me marcou muito. Foi muito sério falar que a minha apresentação foi tão bacana quanto a da Ivete, aquilo foi uma experiência fantástica de estar fazendo parte desse evento, representando o meu país lá fora pra brasileiros e estrangeiros que admiram a cultura do Brasil”

Daphne, que também é produtora, cantora e compositora, apontou momentos durante seus shows como os mais marcantes. “Têm dois momentos em minhas apresentações que marcam muito. Um deles é quando esticamos o build up para gerar expectativa da pista, e você ouve o público gritando e implorando pelo drop. E, outro momento que tenho a honra e a oportunidade de vivenciar, por fazer vocal ao vivo, é quando o público está cantando comigo e estão todos de olhos fechados ou braços abertos, como que alimentando a alma com aquelas palavras”, falou.

A PROFISSÃO É MAIS DESAFIADORA QUANDO SE É MULHER?

Quando se pensa em DJs brasileiros, majoritariamente se pensa em homens, como por exemplo Alok, Vintage Culture, Dennis DJ ou Cat Dealers. Considerando que é um meio com predominância masculina, Trisha, Daphne e Kingdom responderam como é ser uma mulher na profissão.

“Eu considero uma grande responsabilidade, em todos os âmbitos, quero conseguir representar a força e a liberdade da mulher, sem me limitar. Fora do palco mantenho a postura e foco para network e gerenciamento da minha carreira. As pessoas confundem porque no palco sou eu rebolando, usando roupa curta, e acham que não seremos capazes de assumir tantas responsabilidades, mas no final do show todos se surpreendem e elogiam”, disse a dona do hit A Mãe Tá On.

A DJ da banda composta por outras quatro mulheres, Kingdom, comentou que o problema é a falta de oportunidade. “Creio que ser mulher em qualquer lugar, seja ele no âmbito profissional ou não, já significa transitar em uma linha de muitos desafios. No ramo dos DJs, é real que precisamos de uma democratização do espaço, para que tenhamos mais mulheres ocupando, recebendo bem, e tocando a frente projetos musicais tão grandiosos quanto os dos caras. Precisamos de oportunidades! Pois só com oportunidades vamos conseguir reverter o cenário. Ainda vejo como um problema estrutural que está enraizado desde que a sociedade tornou-se sociedade, e isso desencadeia todo o desequilíbrio presente em muitas áreas. E, pode ser que venha ser um problema que irá perdurar por anos e anos. O que real pode fazer a diferença é a maneira como vamos lidar na exposição e enfrentamento de todo esse ciclo vicioso. Não vai ser de uma hora para outra. É um exercício individual para ser executado em grupo. Nos preparar e nos educar para que criemos possibilidades de acesso e diálogos necessários a fim de estourar essa bolha e oportunizar a mulherada que está pedindo passagem”.

Já a ruiva, que era do Time Iza, soltou o verbo sobre o assunto e admitiu que é mais difícil sim, apesar de as coisas estarem mudando. “Enxergo como 3 vezes mais desafiador. Porque apesar de termos muitos homens nesse meio que nos respeitam e apoiam, ainda temos uma grande fatia que nos faz lidar com questões como o assédio e que nos diminuem à meros objetos, principalmente os que vivem essa cultura machista tão retrógrada, que tenta nos diminuir pelo simples fato de não querer enxergar e aceitar a independência, a força e o talento da mulher. Mas, por outro lado é incrível. Nossa geração é a geração da coroação da cena feminina em todo o globo! Hoje, só no Brasil temos algumas mulheres entre os melhores DJs do mundo. Outro fator importante é que, o homem era muito mais presente em relação a mulher na Classe DJ no passado, naturalmente isso fez com que o conhecimento e legado mais reconhecido fosse sempre masculino, mas, isso está diminuindo gradativamente, as mulheres ja estão bem presentes no mercado atual entre os DJ’s e acredito que assim como em todo gênero musical, não importa se é um homem ou uma mulher que está no palco, a palavra artista é unissex e é a musicalidade e performance que formam a opinião mais importante, a opinião do público”, pontuou.

música Dennis DJ Bhaskar Dia do DJ Rafael Barreto Daphne Trisha e DJ Kingdom

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