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Carmen Perez: “Sou formada pelo campo, na lida do dia a dia"

Uma mulher apaixonada pelas coisas da terra e pelos bichos. Paulistana, mora há 22 anos na fazenda “Orvalho das Flores”, onde desenvolveu técnicas de manejo que beneficiam a criação e os vaqueiros, além de melhorar os ganhos financeiros. O bem-estar animal é questão central na vida de Carmen Perez

Ricardo Parra Publicado em 01/07/2023, às 09h44

Carmen Perez, desde cedo, desenvolveu amor e carinho pelos animais - Marcelo Uemura

Muito se fala a respeito do empoderamento feminino nas mais diversas áreas. Mulheres como CEOs de grandes companhias; mulheres cientistas; mulheres em posição de destaque na política e nos esportes. Todas elas são importantes.

E no campo, um setor que ainda tem uma predominância masculina, onde está este poder feminino? Persistência, trabalho duro e compaixão são algumas das características do empoderamento feminino no agronegócio brasileiro. Carmen Perez é um exemplo.

Paulistana, 44 anos, Carmen é casada com Frederico Simeoni e tem duas filhas, Olívia e Bianca. Hoje, ela divide seu tempo com a família e o trabalho entre Ribeirão Preto (SP) e sua fazenda “Orvalho das Flores”, em Araguaiana (MT). Na fazenda, ela tem criação de gado e também seringais.

O chamado pelas coisas da terra logo se fez presente em sua vida. “Eu sou uma apaixonada pelo campo. Meus avós tinham uma fazenda em Pontal (SP), onde eu passei boa parte da minha infância e adolescência”, se lembra com visível emoção.

Em razão desse contato próximo com os animais, Carmen desenvolveu um sentimento especial por eles. E, a partir desse amor e respeito, ela cada vez mais se interessou pelo bem-estar animal. “Eu comecei a participar do manejo com os animais, todo dia, aqui na minha fazenda. Eu acordava às 3h da manhã para aprender, para lidar com eles”, afirma.

Carmen ainda acrescenta que não possui curso superior na área, “sou formada, nos últimos 22 anos, pelo campo, na lida do dia a dia”. Um aprendizado que se construiu na prática.

Bem-estar animal pode ser traduzido, entre outros fatores, em como realizar uma correta prevenção de doenças, ter um tratamento veterinário apropriado e compreender a necessidade de abrigo, manejo e nutrição adequados.

Ao ver como era feito o manejo até então, Carmen teve a certeza de que era preciso mudar essa interação homem-animal. Ela afirma que havia uma cultura um tanto violenta no trato com a criação.

“Eu sempre fui muito sensível. E percebi que eu não ia conseguir trabalhar assim”, explica. Ela, então, entendeu que tinha que fazer a diferença para uma melhor interação entre homem e bichos.

Foi, então, que Carmen procurou especialistas da área, frequentou outras fazendas e se interessou ainda mais pelo bem-estar animal. “Eu entrei em uma ‘grande aventura’ em mudar a mentalidade das pessoas”. Muito convicta a respeito desse assunto, ela afirma existir tecnologia e ciência suficientes que trazem outras referências para melhorar a vida das pessoas e dos animais no campo.


“O bem-estar animal não beneficia apenas os animais. Mas também todo um ecossistema” , diz. Se o manejo é violento, os animais ficam nervosos, com medo, se tornam reativos e também colocam em risco os próprios vaqueiros. Ela afirma que “o animal estressado, assim como nós, fica muito mais vulnerável”. Ele deixa de pastejar, sua imunidade cai e as vacas pouco entram no cio. “Até mesmo a qualidade da carne é inferior”.

“Quando você tem um bom manejo, você facilita a interação com os animais, melhora resultados produtivos e econômicos”, enfatiza. Estes ganhos financeiros são maiores “com certeza”, da reprodução ao ganho de peso diário.

Ela ainda plantou 10 mil mudas de árvores e hoje, na “Orvalho das Flores”, a criação pasta em áreas com sombreamento – bom para os animais, bom para os vaqueiros e bom para a rentabilidade.

Carmen Perez é uma mulher do campo, como ela faz questão de afirmar. Ela tem, genuinamente, um amor e respeito pelos animais que são exemplos de boas práticas de manejo. Quem quiser saber mais sobre trabalho de Carmen Perez, só acessar o link do documentário “Quando Ouvi A Voz da Terra”.

 

 

Carmen Perez

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