Sônia Tomé vive a eterna revolução

Figurinista, um mito dos anos 1970, relembra ‘loucuras’ e exalta reinvenção

CARAS Publicado em 20/08/2013, às 19h31 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

Em sua casa, decorada com objetos que realçam a trajetória incomum, ela fala da vida e desenha uniformes do novo negócio, uma academia. - Cadu Pilotto

A casa da figurinista Sônia Tomé (62) em Ipanema, Rio, não deixa dúvidas sobre a personalidade e a incomum trajetória de sua dona, que por 22 anos trabalhou na Globo, onde foi responsável pelo criativo visual da turma do Casseta & Planeta, por exemplo. Ícone dos anos 1970, pela postura vanguardista, o engajamento na quebra de padrões comportamentais e as badaladas festas que atraíam personalidades como o estilista italiano Valentino (81), ela se expõe em fotos, obras de arte, móveis e até mesmo no astral da residência. “É tudo pensado. Gosto de misturar o moderno e o retrô, usar bastante cor e decorar com objetos de viagem”, explica ela, que mora com três cães. Nascida em tradicional família carioca, Soninha ainda se diverte com as lembranças de suas ousadias e aventuras que tanto impacto provocaram na época, das tatuagens às viagens de kombi pela América Latina com os “garotos mais bonitos do Rio”. Mas o espírito acalmou e hoje ela não quer mais saber de agito. “Tudo mudou. Lembro com alegria daquele tempo, mas já deu! Durante 20 anos organizei um réveillon em que vinha gente do mundo todo. E havia festa todo mês, até para comemorar aniversário de ex-marido. Era uma loucura total” completa a figurinista, que se casou 15 vezes. “Tive três filhos de pais diferentes”, diz, citando Pedro Nicolau (32), Joaquim Daniel (29) e Antônio Benjamin, que faleceu aos nove anos, de câncer. “Foi uma luta. Nos mudamos para os Estados Unidos buscando tratamento. Foi tudo muito difícil”, recorda ela, que resolveu se lançar no mundo empresarial abrindo a academia ProBalance.

– Por que mudou de ramo?

– Sempre tive uma ligação forte com o corpo, sou ‘malhadora’ mesmo. Se tivesse a cara da Demi Moore, talvez fosse mais despreocupada. (risos) É uma questão de autoestima. Quando quis abrir um negócio, foi natural pensar em uma academia, mas não me agradava a ideia de ser mais um espaço padronizado. Então, criei um conceito bacanérrimo. Temos até curador de arte, algo inédito em uma academia no Brasil.

– Quais são as melhores histórias que guarda de sua juventude?

– São tantas... Era a rainha do Arpoador! A ‘ponta de lança’: onde eu ia, as pessoas seguiam. E era muito contestadora. Sou até hoje, é questão de personalidade. Mesmo com outra rotina, de dormir às 21h e acordar às 6h e passar o dia fazendo ginástica, contestar faz parte de mim. Na época, havia uma revolução social. Depois, passei a fazer muitas festas e almoços no grande apartamento de família na Avenida Atlântica. Meus pais, Jacira e Alfredo Thomé, gostavam de receber. Eu herdei isso deles.

– Criou seus filhos com a mesma liberdade?

– Com certeza. Eduquei do meu jeito. Ter um filho de cada pai evitou confusão. Não daria certo alguém se metendo na minha criação.

– Como define o seu estilo?

– Quem trabalha com moda não quer mais nada na vida do que uma camiseta, um tênis e uma calça bem confortável. Não uso estampas, nem bordados. Se pudesse, só vestiria preto e branco pelo resto da vida. Seria o ideal.

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