PERDA GESTACIONAL

Sabrina Sato perde o bebê e psicóloga ressalta impacto emocional: 'Vazio existencial'

Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Letícia de Oliveira destaca que a frustração e o medo de não ser capaz de engravidar novamente prevalecem após um aborto

Leticia de Oliveira

por Leticia de Oliveira

Publicado em 06/11/2024, às 19h51

Sabrina Sato perdeu o bebê que estava esperando junto com o ator Nicolas Prattes - Reprodução/Instagram

A apresentadora Sabrina Sato (43) perdeu o bebê na 11ª semana de gestação. Ela estava grávida do segundo filho, fruto do relacionamento com o ator Nicolas Prattes (27), o Rudá de Mania de Você, novela das nove TV Globo. De acordo com o comunicado oficial divulgado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, ela foi hospitalizada na última terça-feira, 5, em decorrência da perda gestacional e recebeu alta nesta quarta-feira, 6.

"A paciente Sabrina Sato deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, no dia 05 de novembro, em virtude da não evolução da gestação, que ainda estava na 11ª semana. Ela teve alta hospitalar nesta quarta-feira (06/11)", diz a nota.

Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Letícia de Oliveira destaca o impacto emocional na mulher após encarar um aborto. “Esse comecinho do aborto é muito, muito doloroso. Ele é doloroso porque é um sentimento de vazio gigantesco, porque é um luto. É luto de um elo, que a mulher só tem consciência da força desse elo quando ela perde. Mas a partir de um positivo de farmácia, de urina, essa mulher passa 24 horas já sendo mãe; deixando de comer algumas coisas, suplementando vitaminas de outra forma, não ingerindo álcool, não comendo salada na rua (...) O corpo já começa a mudar, e a hora que tem essa perda gestacional, é um vazio, um vazio existencial, uma angústia”, ressalta.

“E essa mãe vive em si um processo de luto. De luto muito doloroso, muito profundo e um luto solitário. Porque esse elo, apesar do pai estar perto, querer a gestação, ele ainda não teve nenhuma sensação física relacionada, não teve nenhuma abdicação, não teve nenhuma mudança corporal. E as pessoas ao redor não conseguem, muitas vezes, dimensionar por se tratar de uma gestação inicial. Então, é um luto, um luto muito doloroso e um luto muito solitário”, emenda a especialista.

Letícia orienta como a família deve agir em um momento de dor como o da apresentadora. “A família pode estar presente, pode dar apoio e colo. Não é muito o que a família fala. O que a família faz é estar ali, se disponibilizando, cuidando da filha mais velha, pedindo uma pizza, convidando para sair para jantar, assistindo um filme junto. Nesses momentos de muita dor, de luto, a gente precisa ser reabastecido. A dor, a gente não consegue tirar da pessoa, mas a gente consegue confortá-la com amor”, diz.

A psicóloga ainda elenca problemas que um aborto pode acarretar na saúde mental de uma mulher. “Pode deixar a sensação de angústia, de frustração, de responsabilização, medo de não ser capaz de ter novamente. Então, bate muitas inseguranças, muitas incertezas. Muitas mulheres acabam se questionando se de alguma maneira elas fizeram algo errado, é uma responsabilização mesmo por aquilo que aconteceu. E é por isso que é uma dor muito solitária. Então, derivado de um aborto espontâneo, a gente vê sentimentos de muita tristeza. Pode vir a aparecer um quadro depressivo, sintomas de ansiedade, um medo muito grande do futuro, uma vontade muito grande de tentar de novo, para tirar o trauma, como uma estratégia de parar de sentir a dor. Esses são alguns sentimentos comuns para quem passa por essa experiência”, informa.

Letícia deixa claro que é possível recomeçar e orienta: “Acolha essa dor, acolha esse luto, dê tempo a dor emocional, assim como as mudanças físicas, para que sejam processadas. O nosso corpo não para de uma hora para outra de se comportar como se ele ainda estivesse gestando um bebê. As nossas taxas hormonais continuam altas, os seios continuam inchados (...) Muitas vezes, quando você faz exames, ainda está com o Beta HCG alto. Se o físico demora para se recuperar e para entender que aquela criança está ali, mas, infelizmente, sem vida, o emocional também precisa de tempo para processar. E a gente precisa aprender a lidar com a dor, ao invés de só querer se livrar dela”.

PRIMEIRA GRAVIDEZ

Durante a gravidez de Zoe (5), fruto do antigo casamento com Duda Nagle (41), Sabrina Sato já havia passado por momentos delicados. Ela correu risco do aborto, teve uma hemorragia, descobriu um hematoma subcoriônico e precisou ser internada por quase um mês.

"No dia que eu fui internada, eu tive uma hemorragia. Então, eu e a minha irmã desesperadas, chorando muito. A hora que a gente viu a quantidade de sangue, a gente falou 'não tem jeito'. Achei que tinha perdido o bebê naquele momento. Eu chorei muito, minha irmã chorou muito, a gente pegou e saiu correndo, fomos pro médico, o Duda foi encontrar com a gente e aí foi quando eles pediram para eu parar e me internar", relatou a artista, em entrevista a Rodrigo Faro (51).

Leia também: Rafa Kalimann revela que perdeu bebê no início da gestação: 'Dor profunda'

Leticia de Oliveira

Leticia de Oliveira é psicóloga comportamental (CRP SP: 0695130) com referência em Análise comportamental. É fundadora do Núcleo Letícia Oliveira, ao qual presta atendimentos multidisciplinares, com foco na saúde e cuidado do corpo e mente. Atuou como psicóloga consultiva no programa “É De Casa”, da Rede Globo, e ao longo de sua carreira, já ajudou milhares de mulheres a conquistarem o controle de suas moções e terem uma leve e feliz om seus treinamentos e consultas.

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