Laser não é a melhor opção para o tratamento de varizes

Jorge A. Kalil Publicado em 05/03/2014, às 20h06 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

Saúde - Divulgação

Varizes são dilatações permanentes, progressivas e irreversíveis das veias dos membros inferiores. Quando elas se formam, tanto as válvulas das veias quanto as próprias veias se tornam “incompetetes”. “E essas dilatações causam problemas para os portadores?”, você poderia perguntar. Explico.

As veias das pernas têm a função de recolher o sangue e levá-lo de volta ao coração, de onde vai aos pulmões para ser oxigenado. Quando as veias se transformam em varizes, o retorno do sangue fica prejudicado. Com isso, o paciente tem prejuízos estéticos, inchaço, dor, sensação de peso e cansaço nas pernas.

Os riscos das varizes, por outro lado, são: coceira persistente; manchas escuras irreversíveis na pele; inflamação das veias, doença conhecida como flebites; rotura com hemorragia; surgimento de úlceras varicosas; trombose superficial; e trombose venosa profunda, cujo maior perigo é a embolia pulmonar, quadro muito grave. Estima-se que ocorram anualmente 50000 mortes nos Estados Unidos em consequência de embolia pulmonar. Já no Brasil, entre 30% e 40% da população tem algum grau de varizes. Elas precisam ser tratadas logo que aparecem.

Os sintomas podem ser tratados com medicamentos. Os vasinhos, por sua vez, são tratados com escleroterapia, que consiste em injetar substâncias químicas neles para “secálos”. Para o tratamento das microvarizes e das varizes maiores, as melhores opções são a microcirurgia e/ou a cirurgia convencional, por meio das quais se extraem os vasos dilatados. Às vezes as varizes podem resultar do mal funcionamento da veia safena. A radiofrequência e o laser podem ser usados para retirá-la e eliminar a causa das varizes.

Frequentemente, ao propor uma técnica de tratamento para varizes que não seja o laser, os pacientes questionam o médico sobre sua decisão. O laser é ótimo veículo de Marketing, mas não deve ser usado para todos os casos da doença. De acordo com artigos médicos, tanto pela eficácia quanto pelo preço, geralmente o laser é a quarta alternativa de tratamento, superado pelas cirurgias, pela e pela radiofrequência. Esse foi, aliás, o parecer da maioria dos cirurgiões vasculares presentes ao evento Controvérsias, da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, realizado em 2013, em São Paulo.

“E quando indicar o laser, então?”, você poderia perguntar. O laser pode ser usado em vasinhos da face, dos tornozelos e dos pés sobretudo nos pacientes que têm medo de agulhas. Em outras áreas do corpo, não se obtém bom resultado com essa técnica, além de poder causar queimaduras e deixar manchas.

A única vantagem do laser no tratamento da safena é a recuperação rápida — em três a quatro dias o doente retoma suas atividades. Mas a médio prazo a safena pode reabrir, comprometendo o resultado cirúrgico e até levando à necessidade de uma nova operação. Com a cirurgia não ocorre a reabertura da safena, claro, pois foi retirada.

Muitos médicos, entretanto, são contrários à retirada da safena. Só a retiram em casos bastante específicos, porque essa veia é ótima para ser usada em cirurgias cardiovasculares, em especial na chamada colocação de pontes de safena. Preservando esse vaso, no caso das varizes, o ato cirúrgico e a recuperação são rápidos. Também sou favorável à preservação da safena na maioria dos casos.

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