Giulia Gam será um dos destaques de 'Sangue Bom', próxima novela das 7. Ela irá interpretar uma atriz que adota filhos de diferentes etnias para aparecer na mídia. Em entrevista à CARAS Online, a artista fala sobre o desespero das estrelas com a fama
“Uma pessoa ‘canastrérrima’”. Foi assim que a autora Maria Adelaide Amaral (70) descreveu Bárbara Ellen, uma artista com senso midiático apuradíssimo, para Giulia Gam (46), que irá interpretar a personagem na próxima novela das 7, Sangue Bom, na Globo. A atriz, que esteve em Amor Eterno Amor, pretendia ficar longe da televisão em 2013, mas se encantou com o papel e aceitou o convite.
“A Barbara é o oposto das escolhas que eu fiz na minha carreira”, conta Giulia em entrevista à CARAS Online, durante sua preparação para viver a ‘alpinista artística’ – como ela mesma define. Na sinopse da personagem, as diferenças ficam claras. “Maria da Conceição da Silva mudou seu nome para Bárbara Ellen. É uma atriz, de família humilde, que aprendeu desde cedo que os fins justificam os meios, mas seu talento é inferior ao gênio ruim”, diz a global, que lê o texto da trama e se diverte.
A personagem, apesar de apelar para comédia, não deixa de ser uma crítica às estrelas que fazem de tudo para aparecer na mídia. Bárbara tem uma lista de ex-maridos, todos diretores de cinema ou televisão, e descobriu uma fórmula de sempre aparecer nas revistas: adotar crianças de várias etnias, no melhor estilo Angelina Jolie (37) e Madonna (54).
Sangue Bom estreia em outubro na Globo, com autoria de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari (34), com direção de Dennis Carvalho (66).
Leia a entrevista completa:
- Está pronta para começar a gravar ‘Sangue Bom’?
- Estou muito animada, mas ainda não ‘estreio’ nas primeiras gravações, que devem começar na próxima semana. A gente fez leituras, que é uma coisa ótima que não fazia há muito tempo, porque fazia tempo que não trabalhava com o Dennis. É muito bom ler com os autores presentes. Eles dividiram por núcleo, fizeram worshops interessantíssimos para gente entrar no universo da novela mesmo.
- Como é a Bárbara?
- Ela é terrível. Não tem a menor noção do peso dos seus atos. Ela só pensa em fazer sucesso e ascender na televisão, não tem nenhuma preocupação de ser atriz, de estudar linguagem, de conceito... Ela usa a sedução, o casamento com diretores e faz tudo para ficar na mídia. Ela está sempre três tons acima. É uma caricatura.
- Você conheceu atrizes como ela ao longo da sua carreira?
- Acho que no Brasil, não. Queria até conhecer mais, encontrar alguém assim de perto. Uma das referências que a gente tem é o filme Crepúsculo dos Deus, mas é outro tipo de glamour. Não conheci alguém assim, não sei se no auge da televisão existiu alguém capaz das coisas que ela faz... talvez nos anos 80, não sei.
- Mas nenhuma atriz que cria fatos para aparecer?
- Ah, isso sim. Mas não do nível da Bárbara [risos]. Ela esconde a mãe [será interpretada por Fafi Siqueira] dela em manicômios porque tem medo de ela contar as verdades para alguém. A novela retrata bastante esses dois mundos: da imagem que você vende, do personagem que você veste, que ela criou... Eu como atriz tenho que ser inteligente para não virar clichê. E também mostra, em outro núcleo, onde tem uma história das quadras de samba, essa turma que preserva seus valores.
- E o que você acha desse desespero por aparecer?
- Acho que são escolhas. A Bárbara Ellen é o oposto das escolhas que eu fiz na minha carreira. Ela optou por um sucesso, uma imagem, é uma alpinista artística, digamos assim... A mídia é uma coisa muito recente. Na minha época, você tinha críticos, não tinha paparazzi. Esse assédio no Brasil é mais recente, de 2000 para cá. Não peguei isso. Hoje em dia é tanta informação que a gente acaba nivelando por baixo a exigência, o interesse.
- Quantos filhos a Bárbara vai ter na novela?
- Vários [risos]. Ela tem uma filha biológica, que é a Malu [Fernanda Vasconcellos], que nasceu de um casamento com um cineasta intelectual [vivido por Herson Capri], que ela acha o trabalho chatíssimo. Tem a Amora [Sophie Charlotte], que é a mais velha dos adotados e é uma it girl, que também vive da mídia. E daí ela tem mais três crianças, entre elas um menino branco, com a pele cor de leite, que ela afirma que resgatou ele da África e que ele é 100% negro, e outra que ela diz ter resgatado das profundezas da Amazônia.
- Você pensa em adotar um filho?
- Acho maravilhoso essa disponibilidade de afeto. Mas não é algo que esteja nos meus planos agora. Admiro muito as pessoas que adotam crianças. Acho que é um dos maiores amores do mundo.