Cadete: do guascão capdet, chefe, denominação dialetal de capdel e este do latim capitellum, cabecinha. Originalmente designou o irmão que nasce depois do primogênito. Entre os mosqueteiros do rei francês, celebrizados em tantas narrativas ditas de capa e espada, estavam muitos cadetes, isto é, filhos caçulas sem direito à herança que procuravam ganhar dinheiro e ter alguma aventura em Paris ou nos lugares para os quais eram deslocados para combate. Tinham recursos apenas para comprar mosquete, espada e uniforme para integrar a Guarda Francesa. Faziam estágio de dois ou três anos até se tornarem mosqueteiros. Hoje designa soldado que aspira à carreira militar nas Forças Armadas.
Estátua: do latim statua, de statum, supino de stare, estar de pé. Supino quer dizer inclinado e é forma nominal do verbo latino, inexistente em português, criada por gramáticos medievais. Assim, “foram pedir auxílio” escrevia-se “fuerunt rogatum auxilium”. E “mãos abertas com as palmas voltadas para cima”, como nas preces, era supinae manus. A estátua representa figura inteira de homem, mulher, criança, animal, divindade. O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, uma das mais famosas estátuas do País, é pedestre: Cristo está de pé e a pé. Mas há estátua equestre, quando o personagem representado está a cavalo; estátua sedestre, quando está sentado; estátua jacente, quando está deitado; e estátua curul, quando num carro. Há também estátuas alegóricas, como a Estátua da Liberdade, em Nova York, nos EUA.
Finanças: de finança, do francês finance, radicado no verbo finer, pagar, variante de terminar, concluir, conforme o étimo latino finis, fim, limite e objetivo, lugar aonde se quer chegar. O plural designa situação econômica de uma pessoa, família, empresa, Estado ou país, significando recursos, dinheiro disponível, investimentos, empréstimos. Seu sinônimo mais comum no caso do dinheiro público é tesouro, frequentemente assaltado por políticos, mas sem que os ladrões do erário tenham o mesmo destino de Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), ministro das Finanças do rei francês Luís XIV (1638-1715), cuja prisão o rei confiou ao verdadeiro D’Artagnan, ainda assim descrito pelo prisioneiro como um homem cheio de compaixão e por Marie de Rabutin-Chantal, marquesa de Sevigné (1626-1696), como “modelo de humanidade”, “fiel ao rei e humano com aqueles que vigia.”
Mosqueteiro: de mosquete, do italiano moschetto, mosquinha, diminutivo de musca, mosca, inseto, e o sufixo “eiro”, indicativo de ofício, ocupação. Designa antigo soldado da infantaria, cuja arma era o mosquete. Chamaram-se mosqueteiros também os membros das companhias de cavalaria encarregadas da guarda do rei da França e do cardeal Armand Jean du Plessis Richelieu (1585-1642), bispo aos 20 anos, cardeal aos 37, fundador da Academia Francesa e chefe político e militar da monarquia. É muito conhecido o romance Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas (1802-1870). Foi adaptado para o cinema várias vezes, a mais recente em 2011, num filme do inglês Paul W. S. Anderson (46).
Quarteto: do italiano quartetto, grupo de quatro pessoas, quatro instrumentos ou quatro vozes. Dos dois últimos temos numerosos exemplos na música — quarteto de cordas, de sopro, de vozes. Um dos melhores emblemas de quarteto literário é o romance Os Três Mosqueteiros. A trama tem início quando D’Artagnan, perseguindo um assaltante que lhe roubou uma carta de apresentação, enfrenta três mosqueteiros chamados Athos, Porthos e Aramis, aos quais depois se junta, tornando-se o quarto.
Semelhança: de semelhar, do latim similiare, parecer, vinculado a similis, semelhante, parecido. Romances e telenovelas frequentemente vêm antecedidos do aviso de que “qualquer semelhança é mera coincidência.” Mas às vezes não são coincidências! Memórias do Senhor D’Artagnan, da autoria de um mosqueteiro do século XVII chamado Gatien Courtilz de Sandras (1644-1712), narra fatos reais nos quais está baseado o romance Os Três Mosqueteiros. E os nomes deles foram tirados de Memórias do Conde de La Fère, como confessou o próprio autor: “na p. 20 o nome de Athos; na 27 o de Porthos; e na 31 o de Aramis.”