DE VOLTA AOS PALCOS

Helena Ranaldi reestreia no teatro e não descarta novelas: ‘Sempre gostei de fazer televisão’

Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz Helena Ranaldi comemora retorno ao teatro com a peça Por trás das Flores e entrega seu amor pelas novelas

Thaíse Ramos

por Thaíse Ramos

Publicado em 22/10/2024, às 08h00

Helena Ranaldi volta aos palcos em 29 de outubro - Reprodução/Instagram/Pino Gomes

Ao lado de Martha Meola (58), a atriz Helena Ranaldi (58) volta aos palcos a partir de 29 de outubro com a segunda temporada da peça Por trás das Flores, com texto de Samir Yazbek (57) e direção de Marcelo Lazzaratto. Em entrevista à CARAS Brasil, a artista dá detalhes sobre o projeto, comemora o retorno em peso do público ao teatro e não descarta voltar a fazer novelas após nove anos de seu último trabalho na telinha. “Sempre gostei de fazer televisão”, confessa.

Por meio de uma linguagem poética, o espetáculo aborda a relação entre filha (Helena Ranaldi) e mãe (Martha Meola). Localizada no Norte do Líbano, mas também na imaginação da filha, a ação da peça acompanha a tentativa da mãe de convencê-la a voltar para o Brasil e viver entre os seus. Contrapondo tradição e modernidade, a história enfatiza as diferenças entre a cultura libanesa e a brasileira, além de revelar o abismo que separa o mundo de hoje daquele de meados do século XX, quando a mãe migrou para o Brasil.

"Quando li o texto pela primeira vez, fiquei muito tocada (...) É um encontro de duas mulheres. E uma delas vem a esse encontro para ajudar a outra, é um acerto de contas entre elas (...) Uma delas não quer que a outra cometa os mesmos erros que ela cometeu na vida. Então, ela vem para tentar salvar, resgatar aquela outra personagem, que está indo por um caminho que não é um bom caminho, não é um caminho de leveza, de vida. Pelo contrário. É uma personagem que está numa situação de dor, de depressão. E essa segunda personagem, que no caso é a mãe, vem para tentar tirar a filha desse lugar. E essa mãe é a principal responsável pela filha está vivenciando dessa forma, vendo que a vida já não é mais tão atraente pra ela”, explica.

“Então, é um diálogo muito profundo, muito forte, onde são apontadas faltas de afeto. E isso tudo mexeu muito comigo quando eu li, porque fala, na verdade, sobre situações humanas; que é o amor, ou a falta do amor, o cuidado, a falta do olhar. Então, me chamou muito a atenção isso (...) É um texto que fala muito sobre relação humana, que me atrai muito. Sempre que a história vai para esse lugar das relações humanas, sempre me sinto muito atraída. Então gostei muito de ter recebido esse texto do Samir”, emenda a atriz.

De acordo com Rinaldi, o projeto foi apresentado durante a pandemia, por meio de duas leituras online, e foi um grande sucesso. Com a reabertura dos espaços públicos, aconteceram oito apresentações presenciais, no Itaú Cultural. Agora, com a segunda temporada, a atriz subirá ao palco do Teatro Multiplan, no Shopping Morumbi, em São Paulo.

“Essas oitos apresentações foram muito importantes, porque tivemos um retorno ainda mais satisfatório do público”, diz. “O teatro precisa do público, ele precisa desse contato ao vivo, ele precisa dessa atmosfera, daquele espaço que é um espaço onde as pessoas estão recebendo a história (...) O teatro é justamente o ao vivo, é o contato do público com os artistas ali, no ao vivo (...) Quando a gente consegue sentir, perceber a resposta de como o público recebe essa história, como o público entende e é afetado por esses personagens, aí é muito bacana”, destaca.

Após um esticado período pandêmico, que levou as salas a fechar as portas, os palcos da cidade voltam a todo o vapor, e Helena comemora. “A gente tem necessidade dele (...) Acho que por mais que haja o progresso, a tecnologia, e tudo que a gente conquista através da tecnologia – que tem um lado positivo e um lado negativo –, o contato humano é fundamental. O contato humano dentro da arte é fundamental, que é o teatro. É esse encontro com o artista e o público (...)”, reflete a artista.

“E tem muita gente que pergunta: ‘Como é que você aguenta, toda noite, fazer a mesma peça, falar o mesmo texto?’. É completamente diferente. Todos os espetáculos são diferentes uns dos outros, porque o público é diferente, os atores estão diferentes daquele dia. Então, tudo pode acontecer. Você mesmo como ator se surpreende que, às vezes, encontra uma forma de falar determinada frase que durante toda a temporada você não aconteceu daquele jeito e você se surpreende. Como o público pode te surpreender também. É uma troca de energia também. E isso influencia muito”, continua.

Martha Meola e Helena Ranaldi estão no elenco da peça Por trás das Flores - Reprodução/Instagram

 

VOLTA PARA AS NOVELAS

Helena Ranaldi está há quase dez anos longe das novelas. A última que participou foi Em Família (2014), de Manoel Carlos (91), onde interpretou a pianista Verônica. Desde então, a atriz tem se dedicado a outras atividades. “Recebi alguns convites; não da Globo, de outras emissoras, tanto da Record quanto do SPT, como também duas em Portugal, mas eu estava sempre envolvida com o teatro e não pude fazer. E num primeiro momento, nem estava querendo muito voltar, sabe? Estava muito envolvida. Comecei a produzir teatro, coisa que até então nunca tinha feito”, conta. 

"Produzi duas peças que tiveram uma história longa. E fiz várias temporadas de cada uma dessas peças dessas. Umas delas foi Cordel do Amor Sem Fim (texto de Cláudia Barral e direção Daniel Alvim) (...) E a gente produziu um longa metragem, recentemente, que é uma extensão do projeto do Cordel do Amor Sem Fim. A gente roteirizou para o filme, com um orçamento muito baixo. E foi uma experiência muito interessante. O filme ainda está circulando em festivais, a gente ganhou alguns prêmios em alguns festivais”, acrescenta a artista. 

“Claro que se eu receber um convite superbacana, vou fazer. Sempre gostei de fazer televisão. E tive muita sorte, eu acho também, na televisão, de ter personagens que me agradaram muito. Fiquei com uma referência muito positiva (das novelas), por conta dos bons personagens (que fez). Então, com certeza, se eu receber um convite de um personagem bacana, de uma história bacana, se eu tiver disponibilidade de fazer, vou fazer”, completa.

PERSONAGENS MARCANTES

Rinaldi diz que até hoje seu personagem mais lembrado pelo público é Raquel, de Mulheres Apaixonadas (2003). “Até hoje todo mundo fala, porque realmente é uma personagem que tratou de um assunto muito importante, que é a questão da violência doméstica; um tema que, infelizmente, continua muito atual. Então, é uma personagem que chamou muito a atenção. Acho que também pelo fato de ter sido uma professora de classe média, que passava por esse tipo de problema. As pessoas, às vezes, acham que a violência não está nas classes média e alta. Não é verdade. Infelizmente, a violência está em todos os lugares”, pontua.

“E acho que teve uma repercussão muito positiva no sentido de conscientizar as pessoas, teve um aumento também de números de denúncias enormes durante a novela. Muito significativo, né? Então, acho que eu considero que essa seja a personagem mais marcante do público”, completa.

Mas para Ranaldi, outra personagem foi muito marcante também. “Tive várias personagens que eu tenho muito carinho. A Lúcia Helena, por exemplo, de Presença de Anita (minissérie exibida pela TV Globo em 2001) é uma personagem que gostei muito de fazer porque foi um projeto fechado, minissérie de 16 capítulos. Então, pude ter uma noção do que acontecia com aquela personagem do início ao fim. E, através disso, pude fazer um desenho emocional dela. Acho que foi um trabalho que me deu muito prazer de fazer, apesar de ter sido um trabalho difícil no sentido de que era uma personagem que sofria muito. Então, sofrer não é fácil”, frisa.

Para finalizar, a atriz ressalta a importância de abordar temas fortes em novelas por conta do alcance muito maior do que no teatro. “É importante! Se você coloca ali temas que são importantes de serem abordados, você tem uma resposta positiva, no sentido de que você consegue realmente atingir uma massa muito fácil. E hoje em dia, com as redes sociais, vira discussão. Elas se complementam”, reforça.

 

Thaíse Ramos

Thaíse Ramos é repórter do núcleo de pautas especiais do Grupo Perfil. Formada em Jornalismo, integrou as equipes de entretenimento do Estadão e Gshow e atuou ao lado do colunista Leo Dias. Ama música, cinema, moda e beleza. Instagram: @thaiseramoss

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