Entrevista

Isabelle Nassar, a Sara de Travessia, celebra sua vida na arte: 'Meu propósito de vida'

Com longa carreira de modelo no exterior, Isabelle Nassar estreia como atriz de novela em 'Travessia' e conta os bastidores da criação da personagem Sara

por Priscilla Comoti

pcomoti_colab@caras.com.br

Publicado em 06/01/2023, às 07h00 - Atualizado às 11h01

Isabelle Nassar, que interpreta a Sara na novela 'Travessia' - Fotos: Thais Monteiro

A atriz Isabelle Nassar está feliz da vida com a chance de interpretar a personagem Sara na novela Travessia, da Globo. Ela dá vida para a personagem que busca solucionar o mistério da morte de Débora (Grazi Massafera) e saber o que aconteceu com a filha da amiga. Enquanto a personagem não desvenda tudo o que aconteceu, a atriz, por sua vez, está realizada profissionalmente. Em entrevista na CARAS Digital, a estrela contou sobre o seu sonho de ser atriz, como o universo artístico entrou em sua vida, a criação da personagem Sara e o apoio de sua família.

"Não há nada nessa vida (tirando minha família) que eu ame mais que atuar. Meu coração e minha alma estão todos ali. Vivo para isso. Meu propósito de vida", afirmou. 

Isabelle se apaixonou pelo universo das artes ainda na infância e se tornou modelo na adolescência. Com cerca de 15 anos, ela foi morar na Ásia e ficou um tempo por lá, mas sempre estudando atuação. Ao voltar ao Brasil, ela se formou na Martins Pena e fez várias peças de teatro, incluindo Sertão Veredas, grande sucesso do teatro nacional. Recentemente, ela também teve a chance de atuar na série Bom Dia, Verônica, da Netflix, e logo surgiu a oportunidade de uma participação em Travessia, que está rendendo vários frutos. "O público pode esperar cenas com muita verdade. A Sara não vai desistir até ela saber a verdade. Vamos torcer por ela, ela está sendo muito corajosa", disse ela sobre Sara. 

A artista revelou como foi o processo para criar a personagem Sara e todo o apoio que recebe de seu marido, o empresário Alexandre Carvalho, e da filha, Maria. “O Alexandre tem sido o meu maior suporte na novela. […] e a Maria é a melhor coisa que me aconteceu”, contou.

Confira a entrevista completa com a atriz Isabelle Nassar:

-Como a personagem Sara chegou até você? 

Eu sempre tive muita vontade de trabalhar com o Mauro Mendonça Filho. Acho ele um diretor diferenciado e com trabalhos de muita qualidade. E, sempre tive vontade de trabalhar com a Glória [Perez, autora de 'Travessia']. Acho ela única, com olhar atento para diversidade e para as questões que nos atravessam. Quando soube que eles tinham se unido fiquei com muita vontade fazer essa novela. Eu já estava numa crescente de trabalho, tinha feito Grande Sertão Veredas no teatro, Bom dia Verônica na Netflix, então surgiu essa oportunidade de fazer essa participação no primeiro capítulo. Era a oportunidade que eu tinha de mostrar o meu trabalho. Deu certo, não? Torcia muito por esse retorno.

-O que mais chamou a sua atenção na personagem Sara? Você tem algo de parecido com a sua personagem?

Sara é uma mulher, que ralou muito para chegar aonde ela está (profissionalmente), é uma mulher corajosa. Ela vai atrás daquilo que ela acha que é importante, justo. Ela não sabe onde está se metendo. Ela tem senso de justiça. Eu sou essa pessoa. Incansável. Determinada. E além de tudo, adoro o assunto maquiagem e beleza também.

-Como foi a preparação para interpretar a Sara?

Para minhas personagens eu sempre procuro partir do corpo. Como seria/é o corpo, a forma, a voz, o passo, a firmeza (ou não) do andar dessa personagem. É para Sara não foi diferente. A Sara da primeira fase era mais magra, mais nova, mais “leve”. Na Sara da segunda fase, eu tive tempo de preparar um corpo mais forte com meu personal Eder Claro, malhado, com mais tônus para essa mulher corajosa que se apresenta e pronta para enfrentar qualquer desafio. Também desci um pouco o tom de voz e ela tem uma postura mais reta, mas “dura” digamos assim.

-Como é contracenar com grandes atores do elenco da novela?

Um grande ator não é grande atoa. Normalmente ele é o mais generoso do set. O mais dedicado, gentil, esforçada. Estou muito feliz em poder trabalhar, trocar impressões com pessoas tão gigantes. Fiz e faço muitas amizades nesse meio. São tantas pessoas queridas que moram no meu coração e eu sou tão grata. 

-Como é a sua rotina de gravação? Você tem algum ritual antes de entrar em cena? 

Eu normalmente decoro meus textos escrevendo. Eu sei, demora mais, demanda energia, mas eu gosto. Claro, salvo exceções que recebemos os textos na hora, eu normalmente decupo tudo e preparo tudo em casa antes de gravar. Prefiro decorar escrevendo para deixar a fala mais livre na hora, mais fresca, orgânica. Assim não fico influenciada pelo que eu imagino que possa ser a cena e deixo a cena acontecer na hora. Eu leio bastante e estou em constantemente em movimento. Nunca parei de estudar, mesmo quando não estou em projetos estou estudando. Isso ajuda bastante na hora de decorar o texto.

-O que o público ainda pode esperar da Sara em Travessia?

Cenas com muita verdade. Ela não vai desistir até ela saber a verdade. Vamos torcer por ela, ela está sendo muito corajosa.

Isabelle Nassar, que interpreta a Sara na novela 'Travessia' - Foto: Thais Monteiro

 

-Como surgiu o seu desejo de ser atriz?

Eu nasci no Rio de Janeiro e com dois meses fui para Minas Gerais, para uma cidade bem pequena chamada Itaúna, então me considero mais mineira que carioca. Eu sempre tive muito interesse por pessoas, na verdade, por gente, por histórias, pelo cotidiano. Eu comecei com teatro de rua ainda criança, mas como as possibilidades eram poucas na cidade, a dança me resgatou, dança contemporânea e jazz. A arte sempre esteve muito presente, eu sempre escrevi, dancei, interpretei. E com o passar do tempo eu entendi que a interpretação poderia convergir todos esses talentos. No meio do caminho, quando tinha 14/15 anos estava no shopping e um olheiro me viu e disse que eu tinha muita possibilidade de trabalhar como modelo. Até então, isso nunca tinha passado pela minha cabeça. Entendi isso como uma chance de expandir esse meu interesse por pessoas. Acabei indo para a China com 15, 16 anos, e eu me lembro que ficava observando as pessoas, como elas faziam as coisas, como conversavam. Eu fui escrevendo essas histórias com o passar dos anos, fui entendendo como funcionava. Eu fiquei muito tempo de Ásia, fiz China, Japão, Turquia, Hong Kong e Europa, morei muito tempo em Milão. E foi lá que comecei a fazer aulas de interpretação e filosofia. Então esses sete anos em que eu morei fora do país foi trabalhando como modelo, fazendo meu pezinho de meia, mas foi também investindo um pouco nessa formação artística. Eu tinha certeza de que iria trabalhar com interpretação, essa ano conclui faço pós-graduação em filosofia contemporânea na PUC-RJ, mas a atuação me visitou e pensei se era realmente para mim, e hoje sei que é a coisa que eu mais amo fazer.  

-Você prefere ser atriz ou modelo?

Não há nada nessa vida (tirando minha família) que eu ame mais que atuar. Meu coração e minha alma estão todos ali. Vivo para isso. Meu propósito de vida. Sou completamente apaixonada pelo que eu faço. É incomensurável. Se eu fico sem atuar é como se me tirasse o ar. Sou muito grata ao universo por ser atriz.

-Você também atuou na série Bom Dia, Verônica. Como foi a experiência de atuar em uma série? 

Eu tenho um carinho muito especial por toda equipe Bom Dia, Verônica. Primeiro, foram eles a me darem a primeira grande oportunidade no audiovisual. A Ciça Castelo me escalou para o teste, o Zé Fonseca e o Rapha Montes me escalaram para o papel. Tainá Muller, minha mana, me recebeu de braços abertos, sem contar que a série fala de uma temática importantíssima: violência contra mulher. É uma responsabilidade que não é só do audiovisual, é de toda a sociedade e do estado, falar sobre. De verdade, eu amei fazer parte do elenco, adoraria estar com eles numa próxima temporada, vamos ver o que o futuro nos espera. O teatro é minha pátria, minha base, meu chão, minha formação. É onde eu piso, literalmente, onde fiz meus melhores amigos, onde procuro inspirações, onde estão grandes artistas. Eu não posso ficar sem. E, novela tem sido minha grande paixão. Eu estou amando fazer novelas. Do fundo do meu coração, eu estou gostando demais. Quero mais. Quero continuar fazendo novelas, me estabelecendo na casa, abraçando e atuando em outros produtos. Cinema é a arte do sublime dividida em frames, adoro o tom único do cinema. Na verdade, eu quero é trabalhar. 

-Com os trabalhos em Bom Dia, Verônica e Travessia, você ficou mais conhecida pelo grande público. Você sentiu diferença no comportamento dos fãs nas redes sociais ou nas ruas? 

Essa é a melhor parte: o carinho das pessoas, o reconhecimento e a troca. Meu Deus, como é bom! Faz meu trabalho fazer sentido. Eu sempre levanto a pauta sobre o estereótipo imposto à mulher, pela sociedade patriarcal, a forma pré-estabelecida sobre o que se esperam que seja o feminino. Está sendo impactante receber tantas mensagens de mulheres dizendo que se sentem representadas e contempladas pelas minhas falas. Isso é o mais bonito.

-Você é casada com o empresário Alexandre Carvalho. Qual é a história de amor de vocês? Como vocês se conheceram?

Eu e o Alexandre nos conhecemos através de amigos em comum, mas nossa história mesmo começa no carnaval de Salvador. Então, o carnaval tem uma importância tremenda na nossa história. O Alexandre tem sido o meu maior suporte na novela. Ele tem “segurado” as pontas aqui de casa, me ajudado muito com a Maria para me deixar com a cabeça tranquila para eu poder trabalhar, estou muito comovida com o carinho dele em relação ao meu trabalho. Ele vê todas as cenas comigo, dá feedback. Ele tem sido um porto seguro. 

-E a sua filha, Maria, como ela reagiu ao ver a mãe na novela das 9? O que você mais gosta de fazer com a sua filha?

Maria é a melhor coisa que me aconteceu. Uma benção, o meu motivo de vida (só de escrever isso eu já estou chorando, risos). Eu fui mãe super nova, com 22 anos. Eu não sabia se daria conta, a maternidade é um desafio sem tamanho. A solidão da mulher puérpera é real. É uma entrega profunda a maternidade. Mas assim como a vida, a maternidade vai se estabelecendo e fluindo. Hoje, minha pouca diferença de idade com a Maria é que faz a nossa relação tão dinâmica e próxima. Eu amo estar com a Maria, seja jogando, indo no japonês (que amamos), seja experimentado roupa, seja deitada vendo serie, o que importa é estar com ela. Ela é uma artista. Sensível, mas segundo ela vai trabalhar como arquiteta (que não deixa de ser artista), mas para mim ela pode ser o que ela quiser, o que importa é que ela seja feliz. 

 

-Agora, um pouco sobre beleza. Como você cuida da sua beleza e boa forma? 

Eu amo me cuidar. Mesmo. E me cuidar inclui também me aceitar como eu sou. Eu não tenho um rosto “comum” ou me enquadro em um “padrão”. Por muitas vezes, na adolescência, eu achei que isso fosse ruim. Eu sofria muito bullying na escola por não ter um rosto comum. Sempre tive um rosto forte. A família do meu pai é libanesa e minha mãe, baiana. Quando queriam me diminuir, me chamavam de "estranha", de "esquisita". Quando mais nova, para me ver livre desse “sofrimento” eu pensei diversas vezes eu fazer plástica no nariz, no queijo. O que eu queria era parar com aquilo. Com o passar dos anos, muita terapia e filosofia, muito estudo e ativismo, entendi que o que me faz única e especial é ser assim. Ser diferente assusta, mas é bom demais. Às pessoas vão falar e isso diz mais sobre elas que sobre mim. Hoje eu me amo e agradeço muito por ser da forma que eu sou. O mais lindo nessa história tem sido ver mulheres se reconhecendo na minha história e se sentido representadas pela minha fala. 

Isabelle Nassar, que interpreta a Sara na novela 'Travessia' - Foto: Thais Monteiro

 

-O que você mais aprendeu com a experiência em Travessia?

Que sonhos existem para serem realizados. Nada é impossível para quem tem fé. O caminho se constrói no trabalho. E que pode demorar, mas se você deseja de verdade e se dedica, vai acontecer. Eu quero fazer muitas novelas. Contar histórias é o meu propósito. 

-Quais são os seus planos pessoais e profissionais para 2023?

Até começo de maio estamos em Travessia. Estou recebendo alguns convites, analisando alguns projetos. Está sendo super legal. Depois, quero continuar me estabelecendo na Globo, fazer outros produtos dentro da casa. Em 2023 quero fazer também a circulação da minha peça Era Medeia, que é uma parceria com meu amigo Eduardo Hoffmann e supervisionada pelo Cesar Augusto por São Paulo. Quero que seja um ano de muito trabalho e crescimento.

Priscilla Comoti é editora de conteúdo do site CARAS. Ela é formada em jornalismo e em audiovisual, já passou pelos sites Contigo!, Minha Novela, TiTiTi, Mais Novela e Portal Márcia Piovesan. Escreve sobre celebridades, notícias sobre a família real britânica, TV, reality show e novelas.

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