Moda + arte = comédia

A designer gráfica Larissa Haily Aguado mistura referências e imagens improváveis e mostra que o senso de humor é tendência... até na moda.

Redação Publicado em 29/06/2012, às 19h41 - Atualizado em 18/02/2013, às 06h50

KatLagerfeld - Larissa Aguado/Divulgação

Larissa Haily Aguado valoriza o trabalho manual em plena era digital e diz que o bom humor será tendência na próxima estação. Nomes divertidos como Kat Lagerfeld, Landscape Face e Golden Age of Cats dão uma ideia do que se pode esperar de suas obras. Designer gráfica argentina, que hoje mora no Reino Unido, ela tem chamado a atenção do mundo da arte – e da moda - com suas colagens coloridas que misturam corpos de animais, pessoas e objetos. “Combino essas coisas apenas para transmitir mais emoções complexas, pensamentos e sentimentos”, diz a designer. Na ativa desde o final dos anos 90, Larissa começou trabalhando na indústria musical, desenhando capas de CDs e desenvolvendo campanhas de comunicação para eventos de música na América do Sul e bandas internacionais. Depois de anos nessa área, descobriu-se envolvida em campanhas gráficas para marcas de moda que gostavam dos trabalhos da artista. Como nunca se sentiu realizada com esse tipo de design mais comercial, partiu para trabalhos mais experimentais e pessoais (boa parte está no site dela). Hoje, usando “apenas papel, estilete e cola”, ela mostra ao mundo como sua mente funciona e cria novas realidades.

 

Caras Fashion: Quais eram os seus planos quando começou a estudar desenho gráfico na faculdade?

Larissa Aguado: Estudei Desenho Gráfico na Universidade de Buenos Aires. Minha carreira decolou muito rápido. De fato, eu já trabalhava como designer gráfico enquanto eu era estudante. Mas nunca me senti muito “completa” com o tipo de designer comercial que eu fazia. Hoje, eu considero esse tempo como um aprendizado, um tipo de treinamento para esse atual momento da minha vida. Agora eu faço mais trabalhos pessoais e me sinto muito mais feliz e realizada. Sempre fui apaixonada por trabalhar com imagens, mas no acho que no começo da minha carreira não sabia exatamente como, porque e quando usá-las da melhor forma possível. Sabia apenas que eram minha paixão.

 

CF: Qual era a sua relação com a moda naquele tempo? Você começou trabalhando com projetos de música, campanhas de moda, pôsteres de cinema...

LA: Comecei a trabalhar no final dos anos 90 na indústria musical, desenhando capas de CDs (fitas cassetes ainda eram feitas naquela época!). Também trabalhei em campanhas de comunicação para eventos de música na América do Sul e bandas internacionais. Depois de anos nessa área, me descobri trabalhando em campanhas gráficas para marcas de moda que gostavam do que eu fazia. Eu amo moda e sinto que me relação com ela tem muito a ver com que eu faço hoje. E essa relação é mais sobre imagens e meus gostos pessoais.

 

CF: O que todas essas áreas, música, moda, cinema e design, têm em comum?

LA: A conexão, pelo menos no meu trabalho, é a imagem. E o que elas têm em comum é o prazer, seja por meio do som, da visão ou da emoção que nos toma.

 

CF: Como você começou o projeto “Life Is A Collage” (A vida é uma colagem)? Por que decidiu tentar uma coisa mais experimental? 

LA: Comecei esse projeto em 2008, principalmente, por causa de uma necessidade de expressão e comunicação pessoal. Eu tinha muitas ideias na cabeça e não havia conseguido uma maneira de capturá-las ou executá-las até que voltei a trabalhar manualmente. Com a colagem, descobri um método com o qual eu me sentia livre para apresentar minhas conclusões, apesar das limitações físicas dessa técnica. Ainda hoje, esse continua sendo o meu jeito mais efetivo de representar meus pensamentos visuais.

 

CF: Quais materiais você usa para fazer suas colagens? Usa também o computador?

LA: Papel, estilete e cola. Não uso computadores, apenas papéis. O único processo digital do meu trabalho é quando fotografo as obras para arquivá-las.
Tenho um bom olho! Procuro, seleciono e classifico imagens que eu acho interessantes ou atraentes. Depois, eu as combino, misturo e sobreponho, as transformando numa nova realidade. A colagem do tipo tradicional, feita à mão, tem sua própria identidade e ética, totalmente oposta às infinitas possibilidades do digital. Mas é ai que está o seu verdade valor – o desafio de achar oportunidade e alcançar funcionalidade dentro das suas restrições.

 

CF: Você segue alguma tendência do universo da moda para fazer suas colagens?

LA: Sigo apenas meus instintos e acredito no meu estilo.

 

CF: Como você define seu trabalho? Quais são suas características?

LA: Colagem manual na era digital. Minimalista, estilo e bom humor.

 

CF: Quando eu li no seu site coisas como “Kat Lagerfeld”, “Cool Cats & Hot Dogs” e “The Fashionable Word of Animals”, dei risada e corri para ver a galeria de imagens. Senso de humor é algo na moda?

LA: Gosto de nomear meus trabalhos e os nomes são uma parte importante deles, normalmente para adicionar valor do conteúdo ou capturar o tema por trás deles, se houver um. Humor, nos tempos atuais, é uma necessidade básica. Será a próxima tendência da estação!

 

Por Camila Carvas

ccarvas@caras.com.br

 

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