Coleção 'The Bloomsbury Girls' esteve na passarela da Semana de Londres

Os ventos da mudança andam soprando na Burberry desde o ano passado, quando o diretor de Criação, Christopher Bailey, de apenas 42 anos, foi indicado para ocupar o cargo da CEO Angela Ahrendts, contratada pela Apple. Na última Semana de Londres, o público pôde ver o resultado dessa transição. Releituras sexy e esvoaçantes do tradicional trench coat, concebido pelo fundador, Thomas Burberry, em 1879, tomaram conta da passarela. A seriedade da icônica estampa xadrez da marca deu lugar a uma atmosfera boho chic, com transparências pontuais, modelagens soltas e padronagens artsy. O nome da coleção — The Bloomsbury Girls — entrega a inspiração. Admirador do pintor britânico Duncan Grant, Bailey buscou referências no Bloomsbury, grupo que existiu na Inglaterra entre 1905 e 1941 e que, além de Grant, reunia artistas como a romancista inglesa Virginia Woolf. A influência surgiu em bolsas e sapatos, que receberam pinceladas despretensiosas. O artesanal também estava presente nos tecidos pintados à mão. Echarpes e mantas de cashmere pontuaram quase todos os looks e, junto com os casacos de lã mohair — proveniente de cabras angorá —, ajudaram a reforçar o clima étnico. Tons terrosos e delicados azuis, com toques de laranja e amarelo, formaram a cartela de cores. Cinturas marcadas, comprimentos longos, fendas e assimetrias garantiram feminilidade às propostas do estilista. O handmade pregado pela Burberry parece ser uma tendência entre os criadores britânicos, o que pode soar contraditório em plena era digital. Mas não para Bailey, que acha perfeitamente possível combinar arte e tecnologia. E foi esse admirável mundo novo que o CEO levou para Xangai, no último dia 24 de abril, na inauguração da maior loja da marca na China. Durante o espetáculo, a top britânica Cara Delevingne “voou” sobre a plateia, mostrando que a Burberry pretende não só expandir, como também surpreender.