Escola de mães ensina a lidar com o “lado B” da maternidade

Ana Paula de Andrade Publicado em 22/02/2013, às 15h15 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

A mãe perfeita é uma lenda. Não existe um ‘jeito certo’ de ser mãe, muito menos uma fórmula única - Shutterstock

“Eu não vou dar conta”. Que mãe nunca se sentiu assim diante de seu bebê recém-nascido? As dificuldades de se ter um filho são muitas, mas a maioria só descobre isso após o parto. “A mulher passa por intensas mudanças biopsicosociais, que afetam seu corpo, mente e o modo como se relaciona com a sociedade”, diz o psicólogo Glauco Martins, especialista em psicologia da saúde da mulher e do recém-nascido. “Tudo muda: os hormônios estão em ebulição e a mulher experimenta alterações na libido. O pós-parto pode ser considerado um trauma”, afirma.

Assim, um momento que teoricamente deveria ser sublime, torna-se uma fase permeada pela culpa. “A ideia da perfeição da grávida é uma construção social, muitas vezes reforçada pela religião, que coloca a gestante como um ser sagrado”, diz Martins. Isso acaba gerando culpa, pois a mulher não se sente nada perfeita, ao contrário: além do cansaço físico, sobram dúvidas, angústias, inseguranças e até mesmo tristeza. “O choque entre a expectativa e a realidade é muito grande e as mães se sentem ‘erradas’ por se sentirem tristes”, conta Fernanda Tegoni, uma das idealizadoras da Escola de Mães Perestroika. A escola também fez sucesso na web com um vídeo onde mulheres respondem à pergunta “O que você gostaria de saber antes do seu filho nascer, mas que ninguém nunca lhe contou?”. A obra brasileira, inspirada no vídeo Nummies Maternity Bras, mostra que os dilemas maternos são bastante comuns e não se limitam a um país ou grupo social (confira os dois vídeos ao final desta reportagem).

Máximas como ‘quando nasce um bebê também nasce uma mãe’ e ‘o amor pela criança surge à primeira vista’ nem sempre correspondem à realidade. “E quem não experimenta essas sensações acaba se sentindo totalmente inadequada”, diz Fernanda. Foi a partir de sua experiência com o primeiro filho que Fernanda e suas sócias Mariana Zanotto Alves e Fernanda Almeida resolveram fundar a escola. Os cursos preparam as gestantes - a maioria mães de ‘primeira viagem’ - para o que está por vir, sem romancear ou idealizar o momento. “Abordamos assuntos que geralmente não somos preparadas para enfrentar. Mas não é uma escola de regras, e sim de possibilidades”, diz. Fernanda conta que o conteúdo dos cursos tenta difundir o fato de que não existe um ‘jeito certo’ de ser mãe, muito menos uma fórmula única. “Poder falar e dividir as angústias é um alívio para as mães. O fato de elas se identificarem com os problemas umas das outras é terapêutico”, revela. “Conhecer o cenário antes do parto é benéfico porque a mulher não se sente a única a experimentar ansiedade, tristeza e dúvidas”, concorda o psicólogo.

Além de preparar as gestantes, a escola oferece cursos para mães de bebês de 0 a 4 meses e também tem um módulo especial sobre a fase batizada de “terrible two”, quando a criança na faixa dos dois anos começa a ter limites e rotina no dia a dia. Tudo coordenado por Mariana Zanotto, que é doula de parto e pós-parto, e especialista em treinamento de sono noturno e cuidados com recém-nascidos. Martins lembra que o pós-parto pode vir acompanhado da ‘maternity blues’ e da depressão pós-parto. “Se a mulher for propensa, o puerpério é um momento vulnerável que pode desencadear inclusive um transtorno psicológico”, alerta. “Caso a gestante já vivencie conflitos em relação à maternidade, a terapia é uma opção recomendada”, diz o psicólogo. O mais importante é ter consciência de que não existe a mãe perfeita. Cada mulher tem o seu jeito de cuidar do filho e a seu modo saberá atender a todas as necessidades do bebê. Então, não se compare a outras mães nem se cobre tanto. A mãe é um ser humano como outro qualquer e tem todo direito de também ‘pedir colo’.

Assista ao vídeo da Escola de Mães:

 

E veja Nummies Maternity Bras, que inspirou a versão brasileira:

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