Etimologia

Deonísio da Silva Publicado em 30/10/2013, às 18h13 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Cabo: do Latim capulum, corda para laçar, prender ou guiar animais, palavra vinda do verbo capere, pegar. A troca do p pelo b está presente também no Alemão Kabel, no Inglês cable e no Francês câble. E a palavra está presente na expressão “de cabo a rabo”, originalmente extraída das lides com os animais, quando muitos eram pegos, às vezes simultaneamente, pela cabeça e pelo rabo. Passou também a designar o assado inteiro, em que o porco, o cordeiro e outros pequenos animais são assados sem que lhes sejam retirados nem a cabeça nem o rabo, isto é, nada. Por tais contextos, veio a consolidar-se para designar algo do começo ao fim.

Dondoca: de dona, do Latim domina, senhora, caracterizada de modo pejorativo como proprietária de coisa oca, soando dona de (coisa) oca, isto é, sem valor ou falso, pois a língua já tinha santo de pau oco, isto é, imagem de santo falsificada para fraudar o fisco português e levar ouro no oco da madeira de que era feito, que deveria ser sólida.

Numerologia: de número, do Latim numerus, e de logia, radicado em logos, estudo, tratado, designando o significado oculto dos números. Excetuadas as superstições, há algumas curiosidades deliciosas nos números, como esta: pede-se a uma pessoa que escreva o número do mês de seu aniversário e a seguir multiplique por 2, acrescente 5, multiplique por 50, acrescente a idade que tem e finalmente diminua 250. No resultado final, o primeiro número indica o mês do nascimento e os dois seguintes, a idade atual. Exemplo: sua avó nasceu dia 24 de setembro e tem 65 anos. 9 (mês) multiplicado por 2 (18), mais 5, é igual a 23; vezes 50, é igual a 1 150, mais a idade atual, dá 1215. Subtraindo 250 de 1215, o resultado é 965. O primeiro número (9) é o mês, os dois seguintes são a idade (65).

Octofobia: dos compostos do Latim octo e do Grego phobía, medo, designando o medo que muitas pessoas têm do número 8. Tetrafobia designa o medo do número 4. Mas o mais comum é o medo do número 13, que poucos dicionários registram: triscaidecafobia. As explicações são muitas, mas pouco claras. Exemplo: Judas (século I) completou o número 13 na Última Ceia, pois Jesus (século I) estava ali com os 12 discípulos. Os dois morreram logo após aquele jantar: Jesus, crucificado; Judas, enforcado. O navegante português Pedro Álvares Cabral (1467 ou 1468-1520) veio descobrir o Brasil com 13 naus, mas voltou só com seis, porque sete naufragaram. A superstição deve ser mais antiga: o Código de Hamurábi (1792-1750 -1730-1685 a.C.) pula o número 13, saltando do 12 ao 14 em sua lista de prescrições. Na cabala judaica, são 13 os espíritos malignos. Satanás é justamente o 13º.

Rosa: do Latim rosa, flor da roseira. Não apenas designa um tipo de cor no sentido denotativo, cor-de-rosa, mas serve também para caracterizar felicidade, tranquilidade, como em “existência cor-derosa”. Nas maternidades, a cor rosa identifica a menina e, por extensão, o universo feminino, por oposição ao azul, cor dos meninos. A metáfora nasceu de contexto cultural, mas, segundo a antropologia, tem também base biológica: a mulher tem lábios, faces, mamilos e partes íntimas cor-de-rosa. Em 1990, surgiu nos EUA uma campanha chamando a atenção das mulheres para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Daquela década em diante, foi escolhido como epicentro de tal conscientização o mês de outubro, denominado outubro rosa. O Brasil aderiu logo à iniciativa. Prédios e monumentos, como a estufa do Jardim Botânico, em Curitiba, e a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, receberam iluminação rosa, apoiando a campanha.

Saci: do Tupi sa’si, talvez denominação por onomatopeia, isto é, por palavra que imita o som da coisa significada. É esse também o caso de murmúrio, chiado, reco-reco. Designa entidade fantástica, que se apresenta como um  enino negro, travesso, de uma perna só, de barrete vermelho, fumando cachimbo, que se diverte espantando o gado e assustando as pessoas com seus assobios à noite. Temos também o saci-cererê e o saci-pererê. Saci identifica ainda uma ave. O saci é celebrado em 31 de outubro.

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