por Diana de Medeiros
Um ano após a marcante entrevista na Ilha de CARAS, em que falou pela primeira vez sobre a Síndrome de West - padrão de ondas cerebrais associado a crises epiléticas que comprometeram o desenvolvimento de seu filho
Jamal Anuar (4) -, a atriz
Isabel Fillardis (33) volta à Angra para outro momento emocionante: os primeiros passos do caçula.
"Meu filho tomou o primeiro banho de mar aqui e agora dá seus primeiros passos. Nossa relação com a Ilha é muito forte", diz ela, que voltará à TV em
Sete Pecados, trama que substitui
Pé na Jaca, em junho. Ao lado do marido,
Júlio César Santos (41), e da primogênita
Analuz (6), Isabel fez um balanço do ano que passou -
"Foi como se meu filho tivesse nascido para o mundo depois daquela entrevista" -e comove-se com as melhoras no quadro de Jamal. Superada a fase mais difícil, Isabel e Júlio falam da importância da família, do seu trabalho social, com a ONG A Força do Bem, e dos laços que os unem há sete anos.
"Se pudesse escolher, na próxima encarnação gostaria de vir com a mesma mulher e os mesmos filhos", diz Júlio. A sintonia é tão grande que já pensam em encomendar novo herdeiro.
"E a Analuz quer gêmeos...", divertem-se.
- O que mudou daquela entrevista, há um ano, para cá?
Isabel - Os amigos mais íntimos e minha mãe, por exemplo, dizem que meu filho nasceu de fato naquele dia. É como se tivesse havido um despertar. Porque quando você vive uma situação assim, se fecha para o mundo, fica reclusa. Isso não é certo, mas é normal.
- Como está Jamal hoje?
Isabel - Quando veio para cá da primeira vez, ele não tinha mais crises epiléticas e continua não tendo. A medicação foi reduzida, ele já senta sozinho, fica de pé, dá uns passos, liga e desliga o ventilador... Ele está no mundo, interagindo.
Julio - O Jamal não tem hora para começar a correr, a falar... É a qualquer hora ou em hora nenhuma. No início, eu ficava revoltado e ansioso, mas com a convivência aprendi muito. Hoje, com todas as deficiências do meu filho, vivo intensamente cada minuto.
- Qual o prognóstico médico?
Isabel - O médico diz que ele tem que permanecer assim, estável e melhorando, até os 7 anos de idade. Com todas as terapias que ele faz (fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, equoterapia), o que ele não pôde aprender antes, está aprendendo agora. Então, a idade cronológica e a idade mental estão começando a se emparelhar.
- O que mais emociona no processo de recuperação dele?
Isabel - Todo dia Jamal tem uma conquista, mas teve uma radical. Ele tem uma cadeira especial para comer, que tem cinto. Um dia, ele tirou o cinto, passou a perna para o outro lado, desceu sozinho da cadeira e sentou no chão. E rápido!
- Analuz não tem ciúme?
Isabel - Hoje não tanto, mas já teve muito. Ela não entendia, mas depois percebeu que o irmão era diferente. Agora beija, abraça, conversa com ele... têm muita interação. Jamal é apaixonado por ela e Analuz tem orgulho dele, faz questão de apresentá-lo aos amigos.
- Qual o principal conceito que vocês desejam passar a eles?
Isabel - A família tem que estar sempre unida.É ali que começa a nossa evolução espiritual, que crescemos e aprendemos a lidar com o mundo. O crescimento não é simples, ele se dá com os obstáculos. E a felicidadeé um bônus no meio disso tudo. O problema é que nós teimamos em perseguir uma felicidade utópica. Não é negão? (risos)
Julio - É... Isabel demorou um pouco para aprender isso. Temos que olhar as dificuldades como aprendizado, não como problema.
- O drama que vocês viveram fragiliza ou fortalece a união?
Julio - Ah, agora ela foi forjada a aço. É ruim de quebrar! Tudo depende de como você vê a sua família. Ela não pode ser um problema, tem que ser sua maior felicidade.
Isabel - Nosso casamento já era forte, hoje é mais forte ainda. A gente sente que há muita história para acontecer, algo mais a vir...
- Outro filho, talvez?
Isabel - Se Papai do Céu deixar... já pensamos nisso, sim.
Julio - Analuz falou que quer mais dois, gêmeos. Um parecido com ela e um com o Jamal. E temos essa possibilidade na família mesmo. Aí eu vou pra galera!
- Vocês são parceiros também na ONG A Força do Bem, criada há dez meses. Como está o trabalho?
Julio - Ótimo. Nossa proposta era fazer o primeiro mapeamento de portadores de deficiência no país. E nosso cadastro, que visa a inclusão social, está hoje com 385.000 pessoas. Ainda ajudamos 150 crianças por mês. E temos também a ONG Doe Seu Lixo.
- Como as pessoas podem se cadastrar e colaborar com vocês?
Isabel - Através do nosso site,
http://www.aforcadobem.org.br/, ou da nossa caixa postal, número 37724, cep. 22640-970, Rio.
FOTOS: SELMY YASSUDA/ARTEMISIA