Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz Helga Nemetik, estrela de Não Conta Pra Ninguém, detalha momentos marcantes e luta contra o abuso
Helga Nemetik está de volta com a segunda temporada do espetáculo Não Conta Pra Ninguém, com direção de Michele Ferreira, que fica em cartaz no espaço Cia da Revista, em São Paulo-SP, até o dia 1 de dezembro. Em entrevista à CARAS Brasil, a artista, que é cantora, atriz, comediante e cineasta, fala sobre o árduo processo de entregar uma autoficção baseada em um drama pessoal e revela devolutiva do público.
Acompanhe a entrevista na íntegra
Transformando o abuso sexual em arte
“Fazendo terapia e discutindo muito sobre o meu trauma com meu terapeuta ele perguntou ‘Por que você não ressignifica esse trauma? Não transforma ele em uma coisa artística?’, e eu falei ‘Tá aí! vou fazer uma peça, vou fazer meu primeiro solo de drama e ele vai ser o meu drama, vai ser uma autoficção’. Então, reviver todos os dias da forma que eu revivo no espetáculo, ao contrário do que pensam, me dá uma redenção diária, porque a peça termina com a personagem em uma grande redenção, então, eu termino o espetáculo todos os dias com uma energia de recomeço.”
Versatilidade da atriz
“Todo o desafio que a gente encontrou na criação do espetáculo, foi primeiro em como a gente contaria essa história, como a gente iria entreter a plateia até o momento da parte mais dolorida, e, sendo uma autoficção, sendo a minha história, obviamente ficou mais fácil, porque a gente já tinha o que dizer, porém a questão era como dizer sem que a gente massacrasse a plateia a todo momento, esse foi o grande desafio, mas como sou uma atriz que tenho recursos, sou cantora, comediante, e também sou atriz dramática, a gente usou de todos esses subterfúgios da versatilidade do meu trabalho, para que a gente pudesse de certa forma trazer o espectador pra gente até o momento em que a gente acaba machucando o espectador, quando existe a revelação do abuso.”
Do humor ao drama
“Ainda não tinha vivido nenhuma experiência nem com esse tema, nem com tema pesado. Eu sou uma atriz que sempre me colocam pra fazer comédia, por causa dos anos que eu fiquei no Zorra Total, então eu fiquei ali na caixinha da comédia, e uma das coisas que eu queria mesmo era me mostrar para o público também como uma atriz dramática, então é o meu primeiro solo dramático e o meu primeiro trabalho no drama.”
O retorno do público
“Eu tive uma experiência muito positiva com essa questão das pessoas que também sofreram o abuso. Eu recebi muitos relatos dizendo que se sentiram representadas, me parabenizando pela coragem de fazer o que elas não tiveram coragem de fazer, que foi falar. Recebi o relato de uma mulher que tinha sido abusada na infância, que até hoje não tinha contado para a mãe. Ela estava com 37 anos, e disse que depois da peça saiu correndo para contar para a mãe dela.
Eu sinto que as pessoas além de se sentirem representadas, elas também se sentem redimidas, mais fortes. Eu tinha essa preocupação do que causar na plateia e realmente é um pouco diferente quando a plateia tem mais homens do que mulheres, a energia da plateia muda, porque eu acredito que os homens se sentem mais acuados por causa desse tema, mas ao final é sempre muito impactante, muitas pessoas se emocionam.”
O dever social do teatro
“Eu acredito que o teatro deve cumprir uma função social. O teatro serve para entreter, para emocionar, mas ele também deve cumprir uma função social, e eu me sinto muito honrada por estar cumprindo essa função com essa peça, porque o que eu quero que as pessoas façam, é o que a maioria delas que me relatam estão fazendo, que é falar sobre o assunto, falar com a família, entrar para a terapia e denunciar, como a personagem faz na última cena. Eu fico muito feliz com isso, porque o objetivo maior é a transformação. E as pessoas se transformam ao passo que elas se sentem seguras e se sentem fortes para falar.”
Projetos futuros
“Estamos encerrando nosso ano de 2024 com essa nova temporada paulista. No ano que vem eu vou estrear três longas-metragens, um que eu protagonizei, chamado A Miss, com direção de Daniel Porto, e outros dois que eu fiz com o Wagner de Assis, um é O Advogado de Deus e o outro é o The Fox Sisters, que foi o primeiro trabalho que eu fiz em inglês. E eu continuo buscando o patrocínio, o capital, porque já estou aprovada na Lei Rouanet, para que eu possa levar Não Conta Pra Ninguém para a minha cidade, que é o Rio de Janeiro e para que eu possa fazer uma turnê pelas principais capitais do Brasil, esse é o meu grande desejo.
Ana Castela vence o Grammy Latino e manda recado: ‘Reconhecimento de muita dedicação’
Guilherme Pintto sobre a carreira de escritor: ‘Consegui olhar para a minha própria história’
Eliezer atualiza estado de saúde de Viih Tube, que está na UTI
Duda Reis brinca sobre ganho de peso na gestação: 'Não consigo'
Antonio Fagundes revela que já foi preso durante viagem internacional
Lexa usa vestido brilhante e exibe a barriguinha de grávida