Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Mariana Santos faz balanço da experiência vivida em Elas por Elas
A palavra tem poder e Mariana Santos (47) é prova disso. A atriz tinha acabado de escrever em sua agenda que “coisas incríveis vão acontecer” quando recebeu a ligação com um convite para ser uma das protagonistas de Elas por Elas, novela global das 6 recém-terminada. De férias, a artista se diz leve e com a certeza de que, mais uma vez, bons ventos virão. “Eu quero viajar com minha mãe, visitar minha irmã na Alemanha, mas também não quero ficar muito tempo longe do trabalho. Vamos ver o que o destino vai trazer, mas estou tranquilíssima”, afirma ela, em bate-papo exclusivo com CARAS no hotel Laghetto Stilo Barra, no Rio.
– Como recebeu o convite para protagonizar a novela?
– Foi interessante. O meu contrato de prazo longo na TV Globo tinha se encerrado no começo de 2023. Fiquei 16 anos lá! No início é meio estranho, você fica pensando: ‘e agora?’, dá uma insegurança. Depois do fim do contrato, gravei um filme e o Marcos Mion me chamou para participar de um quadro no Caldeirão. Tenho uma agenda, gosto de escrever o que estou sentindo e, depois de ter passado por um turbilhão de pensamentos, como o fato de que poderiam me esquecer, eu estava refletindo e pensando: ‘Não, a vida é ótima! Está tudo certo, eu trabalho legal, acho que coisas maravilhosas acontecem’. Escrevi isso e, em seguida, o telefone tocou. Acho que tinha que ser, tem coisas que estão na nossa história mesmo.
– Entendo a aflição, afinal, com o fim do contrato você deixou de ter uma renda fixa todo mês...
– Não é nem o dinheiro, acho que é mais a coisa do artista, a gente ama isso, quem é vocacionado quer trabalhar, quer experimentar personagens, é meio que um vício. A gente gosta de estar no set, no teatro, fazendo projetos. Claro que descansar é bom, também adoro o ócio e valorizo muito, não sou aquela workaholic que precisa emendar coisas, não fico pensando em três, quatro projetos pra frente, não tenho essa pressa. Eu já tenho bastante equilíbrio, mas, quando quebra um ciclo, até você começar a entender que está num novo modelo, te dá uma balançada. Então, essa resposta foi para eu entender que está tudo bem.
– Como foi viver sua primeira protagonista em novelas?
– Foi desafiador e, ao mesmo tempo, também foi uma felicidade. Não coloquei um peso por ser protagonista, porque você é protagonista de qualquer personagem que faça. A Natália teve uma curva muito bonita, interessante de trabalhar, me desafiou em vários lugares e acho que isso é tão bonito de fazer!
– Você ficou conhecida pelo humor, mas suas últimas personagens têm explorado o drama. Tem gostado das oportunidades?
– Que bom que eu posso mostrar esse lado. Ainda bem que não me colocaram numa caixa eterna, porque sou atriz, né? Antigamente colocavam as pessoas em caixas. Por exemplo, se a pessoa é comediante só faz comédia. E eu acho comédia muito mais difícil, porque é um time que você tem que ter. Mas ainda bem que tenho sido convidada para papéis que exploram outros lados da atuação, porque é o que eu busco mesmo.
– Teve uma cena em que Natália disse: ‘Preciso aprender a respeitar meus limites e dizer não. Meu amor pelas pessoas não pode ser maior que o meu amor-próprio.’ Identifica-se com isso?
– Essa frase podia ser minha também, porque eu, antigamente, tinha muita dificuldade de dizer não, suava frio quando tinha que negar alguma coisa, até um convite banal para sair. Eu tinha uma dificuldade e a gente vai aprendendo com a vida, vai ficando madura e vai entendendo o que a gente não quer fazer, os lugares que a gente não quer ir, as pessoas com que não quer conviver. Para mim, hoje em dia, é muito mais fácil falar não, hoje estou liberta disso, já consigo colocar limites, era um medo de não agradar as pessoas e, aí, eu me desagradava.
– Você mora em São Paulo e estava gravando no Rio. Como fica a relação com seu marido?
– Ele é um companheiro maravilhoso! A gente trabalha muito, ele é produtor de teatro, e ficamos na ponte aérea. Quando estou sem tempo de ir para casa, ele dá um jeito de ir me ver, quando eu tinha folga, ia até ele, a gente consegue conciliar. Nós nos conhecemos assim, então ele respeita, ele me dá muita força e eu também dou força para ele.
– De certa forma é até bom sentir um pouco de saudade, né?
– É ótimo ter toda essa dinâmica. Há casais que têm que fazer tudo junto, têm aquela dependência da presença física, que só vai sair se o outro estiver junto e eu não acho isso saudável, acho que cada um tem que ter sua individualidade, seus momentos. A gente super se entende, dá muita saudade, mas procuramos aproveitar o tempo de qualidade quando estamos juntos.
Fotos: Priscila Nicheli; STYLING: SAMANTHA SZCZERB; BELEZA: LUAN MILHORANSE; AGRADECIMENTOS: LAGHETTO STILO BARRA, NAYANE E INTI