Acidente de Ayrton Senna na curva Tamburello, em Ímola, interrompeu trajetória heroica do piloto com tragédia em corrida fatal
Domingo, 1º de maio de 1994. O dia em que a tragédia colocou um ponto final na trajetória de um dos maiores ídolos do Brasil. Como de costume, milhares de brasileiros acordaram cedo para acompanhar pela TV mais uma corrida de Ayrton Senna (1960-1994), no GP de San Marino, em Ímola, na Itália. O clima da prova estava tenso, afinal, no dia anterior, um acidente havia tirado a vida do austríaco Roland Ratzenberger (1960-1994) e, na sexta, Rubens Barrichello (51) também sofreu um grave acidente.
“Consegui o melhor tempo, mas isso não significa que as coisas vão bem. Esta pista é um desastre”, chegou a dizer Senna, que ficou abalado após os acidentes e, segundo amigos próximos, cogitou não correr no dia seguinte. Preocupado com a segurança dos pilotos, Senna profetizou aquelas que seriam suas últimas palavras. “A Fórmula 1 não voltará a ser a mesma depois deste fim de semana”, falou ele, diante de grupo de jornalistas, já no domingo de manhã.
Nos boxes, antes do início da prova, o piloto da Williams estava em profundo estado de concentração. Aquele era o terceiro circuito da temporada e, após não pontuar nos dois anteriores, Senna queria e precisava ganhar! Colocou até uma bandeira da Áustria no carro, para quando cruzasse a linha de chegada pudesse homenagear o amigo Ratzenberg. Os planos, no entanto, perduraram por apenas sete voltas. Ao passar pela curva mais temida do automobilismo, a Tamburello, o herói brasileiro perdeu o controle do carro e bateu no muro de concreto.
Após a batida, Senna chegou a mexer a cabeça, fazendo o mundo acreditar que ele estava bem, no entanto, no impacto, a suspensão dianteira direita se partiu e atingiu a cabeça do piloto, causando danos irreversíveis. “Ele estava sereno. Eu levantei suas pálpebras e estava claro, por suas pupilas, que ele teve um ferimento maciço no cérebro. Nós o tiramos do cockpit e o pusemos no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, eu senti sua alma partir nesse momento”, chegou a dizer o médico neurocirurgião Eric Sidney Watkins (1928–2012), que o atendeu ainda na pista.
O brasileiro chegou a ser levado de helicóptero para um hospital em Bologna, onde algumas horas depois foi declarado morto. “Morreu Ayrton Senna da Silva... Uma notícia que a gente nunca gostaria de dar”, anunciou Roberto Cabrini (63), fazendo o Brasil – e o mundo – entrarem em luto.
Naquele domingo, a FIA não cancelou a corrida e viu Michael Schumacher (55) vencer a etapa. “Depois do pódio, me disseram que ele estava em coma. Sabia que há vários tipos de coma, mas havia muitas informações contraditórias. Não sabia o que pensar. Não podia imaginar que ele pudesse chegar a morrer”, confessou o ídolo alemão. Após aquela fatídica manhã, as normas de segurança da Fórmula 1 foram repensadas e tornaram-se mais rígidas.
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