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Desenhos da natureza: mármores e granitos

Os mármores e granitos têm status de joia por sua beleza e exclusividade

Redação Publicado em 26/07/2011, às 23h54 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

Aparador de ônix branco da Nouveaux, 21 2121-1414 [nouveaux.com.br], em projeto da arquiteta Vivian Coser, 27 3224-0391 [vcsprojetos.com.br] - Divulgação

Na fase clássica da Grécia, os templos, as colunas e esculturas de mármore se tornaram marcos da história mundial. No século 17, o imperador Shah Jahan mandou construir na Índia um mausoléu para sua esposa preferida, Mumtaz Mahal. O Taj Mahal transformou-se em uma das sete maravilhas do mundo – e é totalmente feito de mármore. Esses são apenas alguns exemplos da longa relação de  encanto do homem pelas rochas ornamentais. Mas agora, a oferta dessas pedras no Brasil possibilita ter dentro de casa uma obra de arte.

“A beleza, a raridade e a durabilidade davam a esse material características monumentais”, diz Luiz Eduardo Teixeira, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina. “O desenho dos veios, a possibilidade de serem polidos e o fato de poderem ser usados em paredes e pisos sempre foram fatores preponderantes para a escolha. O material remete ao  significado de atemporalidade, de duração infindável”, explica Teixeira.

O mármore faz parte das rochas carbonáticas, como os travertinos e os limestones. Esse grupo é derivado dos carbonatos e tem a característica de ser mais delicado do que os outros tipos de rochas ornamentais, como os granitos e quartzitos, por exemplo. Além disso, a extração do mármore no Brasil é menos expressiva porque boa parte do material usado ainda é importado. O país tem áreas de extração em alguns estados do Nordeste, além de Santa Catarina, Espírito Santo e Paraná.

Já os granitos pertencem a um outro grupo: o das rochas silicáticas, derivadas do silício, que têm a  característica de serem mais resistentes do que as carbonáticas, além de a produção interna no Brasil ser bem maior. Quase todos os estados brasileiros produzem rochas silicáticas, com maior ênfase no Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e Ceará.

A grande diferença entre esses dois grupos é a resistência. “O mármore é mais frágil do que o granito e, por isso, deve ser usado em áreas internas da casa, mas que não tenham gordura, porque será absorvida pela pedra”, diz Vivian Coser, arquiteta. “Já os granitos são mais resistentes e devem ser usados em áreas de maior desgaste, como a parte externa da casa, porque podem ficar expostos ao tempo, por exemplo”, acrescenta. A fácil manutenção é uma das vantagens das rochas. Já existem no mercado alguns produtos específicos para a limpeza e remoção de manchas nas pedras, que contêm solventes com alta capacidade de absorção de  substâncias, mas a sujeira aparente pode ser resolvida apenas passando um pano úmido.

“Costumo combinar as rochas ornamentais em ambientes clean e neutros porque elas já chamam a atenção. Outro aspecto é que elas permitem muitas variações em todos os cômodos da casa. Você pode optar por rochas nas bancadas, aparadores, lavabos, hall”, diz Vivian. E o número de profissionais que pensam como Vivian está aumentando. O Brasil é um dos maiores exportadores de granitos e rochas silicáticas. Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileirada Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas), em 2010, o país produziu cerca de 9 milhões de toneladas de rochas e exportou cerca de 2 milhões e duzentas mil toneladas para países da Europa e Ásia. “O Brasil tem uma das maiores diversidades geológicas do mundo. Produzimos verdadeiras joias aqui”, conta Cid  Chiodi, geólogo da Abirochas. “A comparação é simples: o Brasil produz a alta-costura das rochas e os outros países, como a China, por exemplo, produzem o prêt-à-porter, explica.

A grande questão do mercado de rochas no Brasil é a venda interna. Ainda não há a cultura de busca por rochas silicáticas e, além disso, grande quantidade do mármore utilizado no país é importado. “Isso ocorre porque as opções de mármores nacionais ainda são pouco exploradas e também porque o consumidor prefere utilizar materiais com menos veios e em tons mais claros, características dos materiais importados”, revela Simone Kovalhuk, diretora da Michelangelo, empresa que comercializa rochas ornamentais.

Com a crise que começou nos Estados Unidos em 2008, houve um aquecimento do mercado interno brasileiro, já que as exportações diminuíram. “Sempre houve uma demanda maior para materiais claros e homogêneos, sem desenhos e cores. Nos últimos anos, observamos uma crescente procura pela exclusividade”, afirma Paulo Henrique Araldi Pena, gestor de qualidade e projetos da Brasigran, produtora de granitos. “Cada chapa de rochas ornamentais é única e pode se transformar em uma assinatura exclusiva do arquiteto”, diz. E isso acontece ainda mais com um subgrupo das rochas silicáticas. As rochas exóticas são formações com minerais diferenciados, como os quartzos, feldspato e mica, entre outras. Essas substâncias elevam a raridade das pedras e promovem desenhos mais coloridos e inusitados.

A extração desses elementos é possível hoje por conta da evolução das tecnologias e das máquinas envolvidas no processo. “Os minerais mais caros no mercado são os quartzitos, não por serem mais valiosos, mas pelas dificuldades de extração e processamento”, esclarece Attila Secchin, engenheiro civil e sócio-proprietário da Gramil, empresa de pedras ornamentais. “O que determina o preço dos materiais é a raridade, a beleza e custos de extração e processamento”, completa.

Talvez você não transforme sua casa no Taj Mahal, mas ao menos poderá ter um pouco da decoração de um imperador.

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