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Revista / CONFIRA

Leticia Birkheuer dá exemplo de coragem ao se reerguer após agressão: 'Não é fácil'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Leticia Birkheuer abre o coração para falar sobre maternidade, trabalho e turbulência pessoal

Daniel Palomares Publicado em 26/04/2024, às 11h00

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No Staybridge Suites São Paulo, Leticia fala sobre novo espetáculo - Fotos: Marcelo Paez
No Staybridge Suites São Paulo, Leticia fala sobre novo espetáculo - Fotos: Marcelo Paez

Ela ilumina qualquer ambiente com sua postura poderosa e o sorriso fácil! Leticia Birkheuer (45) tem uma presença tão solar que é até desconcertante vê-la soltar uma lágrima ao falar sobre a família. Prestes a estrear nos palcos paulistanos a peça Manhattan, uma dramédia que remonta à época de ouro do cinema americano, nos anos 1950, a atriz enfrenta um delicado momento na vida pessoal: ela revelou ter sofrido uma agressão do ex-marido, o empresário Alexandre Furmanovich (39), pai de seu único filho, João Guilherme (12). Desde que tornou o caso público, Leticia vem recebendo uma onda de apoio nas redes sociais. “Eu acho que esse movimento ajuda as mulheres a terem coragem”, compartilha ela, em papo exclusivo com CARAS.

– Pode contar um pouco sobre sua nova personagem?

– Estamos a todo vapor com os ensaios! Dou vida a Cindy Jones, uma atriz de cinema americana que acaba se sensibilizando com um escritor, protagonista da peça, vivido pelo Anderson di Rizzi. Ele é viciado em heroína e ela se identifica porque também perdeu um irmão adicto. Apesar de ambas sermos atrizes, somos diferentes, de outra época, com outra linguagem. Mais contida, menos coloquial. O grande papel dela na peça é essa ajuda que ela dá ao escritor à beira da morte.

– Seus seguidores sempre falam da saudade que sentem de você nas passarelas e na TV. Tem algum plano de voltar?

– Todos me perguntam por que eu não volto a desfilar. Se eu tiver convite, voltaria, sim. Televisão faz tempo que não faço. De lá pra cá, fiz filmes, teatro, mas estou aberta a convites. Os trabalhos, hoje, são mais voltados para essa garotada das redes sociais. Não consegui acompanhar essa mudança tão rápida. Vou aproveitar as oportunidades que cabem a mim, talvez desfilar para uma marca que queira ter uma mulher madura na passarela.

– Como você lida com a passagem do tempo?

– Convivo muito bem com o envelhecer. Quem envelhece está vivendo! Me cuido bastante, estou sempre no dermatologista, faço pequenos tratamentos. Não é porque estou com 45 que vou deixar cair tudo! Não quero ter um corpo ou rosto de 20 anos, porque nem me cabe. Temos que assumir a idade que temos.

– Quais são os maiores desafios da maternidade solo?

– João sempre morou comigo até o final do ano retrasado. Então, em dezembro de 2022, quis morar com o pai. Para mim, foi um choque. Nenhuma mãe está preparada. Sempre cuidei dele sozinha, no Rio, e minha família é do Sul. Sempre foi um desafio trabalhar, deixá-lo com pessoas que não eram da minha família. Fui acostumada a cuidar dele sozinha e, de repente, ele fala que quer morar com o pai. Meu mundo caiu. Foi difícil, levei um ano para me recuperar, para entender que minha vida não é só isso, que tenho meu trabalho e tenho que cuidar de mim. Chegar em casa e não ver seu filho é muito difícil para uma mãe. Estou me recuperando, melhorando, focando no trabalho.

– Quais os valores mais importantes que você passa para ele?

– Passei a pandemia inteira com ele. Tive a oportunidade de estar mais perto. Levei ele para o Sul, para ter mais convívio com a família materna. Essa convivência familiar é muito importante. O outro pilar é a prática de esporte. Fui jogadora de vôlei e isso ajudou a formar minha mentalidade como pessoa, como mulher, de ter essa garra, de lutar pelas minhas coisas, de ter regras. É importante estar atenta à saúde e à alimentação da criança. Tive a felicidade de não estar trabalhando por um período e poder cuidar da formação do meu filho. Para mim, nada é mais importante do que o olhar de uma mãe.

– Como foi tornar público o ocorrido entre você e seu ex?

– Foi uma situação muito difícil. Ninguém espera isso. Ainda mais depois de mais de dez anos separada. Você não espera isso de ninguém, muito menos do pai do seu filho. Foi na frente dele. Foi muito triste. Ele é bem sensível e ficou muito chateado com isso. Ele teve até questões psicológicas por causa disso. É sempre um choque. As crianças não merecem estar numa situação como essa. Temos sempre que falar sobre isso. Se calar não é a melhor opção. Temos que falar cada vez mais para que outras mulheres sigam o exemplo, para que denunciem e se protejam de situações assim, procurem ajuda.

– Se sentiu acolhida?

– Todo mundo me recebeu com apoio, palavras amigas, contando a própria história. Acho que esse movimento ajuda as mulheres a terem coragem. Não é fácil expor algo de foro tão íntimo, você precisa de uma luz que te guie e pessoas que te ajudem nesse caminho. Recebi muito apoio. Às vezes, até caminhando na rua, alguém me parava para me abraçar. Isso foi muito importante.

– Teve apoio psicológico durante todo esse período?

– Faço terapia há mais de sete anos. Toda semana, me ajuda muito. Não conseguiria viver sem. Você precisa de uma opinião que vai iluminar sua cabeça para tomar certas decisões. O terapeuta é a melhor pessoa para isso. Não é o pai, a mãe, o namorado, a amiga... Por mais que eles tenham boa intenção, é uma opinião engessada. O psicólogo é neutro.

– Após as turbulências, o que espera para os próximos meses?

– Eu quero continuar trabalhando. Amo fazer teatro. O que mais gosto é o contato ao vivo com o público. Além disso, tenho um roteiro que estamos apresentando para diferentes plataformas. É uma história bonita, baseada em fatos reais. É o meu grande sonho: que esse filme saia.  

FOTOS: MARCELO PAEZ