Atriz Edvana Carvalho confessa que não esperava tamanho sucesso de Inácia, que traz à tona as religiões de matriz africana, em Renascer
Em Renascer, Edvana Carvalho (55) vive Inácia, fiel escudeira de José Inocêncio (Marcos Palmeira) no remake de Bruno Luperi (36). A personagem, que foi de Chica Xavier (1932-2020) na versão original, escrita por Benedito Ruy Barbosa (92), está fazendo o a maior sucesso. Em encontro com a imprensa nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, com a participação da CARAS Brasil, a atriz baiana confessa que tem se surpreendido com o retorno do público nas ruas e explica motivo do êxito. "Veem todas as mães em uma só Inácia", diz.
No remake, a personagem traz à tona as religiões de matriz africana, mencionando os orixás, elementos fundamentais de sua fé. Ao longo dos capítulos, internautas têm compartilhado as cenas, elogiando a atriz e a iniciativa do autor - na versão original, de 1993, Inácia era católica. “Fazer um personagem que já foi de Dona Chica Xavier é um presente do universo. E também uma responsabilidade muito grande”, fala Edvana.
Sobre a repercussão positiva da personagem, a atriz revela que não esperava. “Não esperava que ela bombasse tanto, mas estou feliz com isso porque ela realmente traz uma mensagem de amor, que é muito forte na novela. E acho que é isso que o Bruno quer, sabe? Sou uma contadora de histórias. Para mim, o importante é o que estou contando, e não se o meu personagem vai fazer ou não mais sucesso que o outro. E dentro do nosso grupo, sinto que a gente está muito unido e querendo contar histórias. A gente está construindo essa trabalho que é tão bonito. Então, não esperava esse sucesso todo da Inácia, mas esperava esse sucesso da novela porque entrei nesse produto que já era um sucesso. E com certeza, com os profissionais envolvidos por trás, não poderia deixar de ser. Estou muito feliz com isso”, ressalta.
Sobre as discussões que a novela tem provocado no público, Edvana destaca: “Acho que nós estamos preparados. Acho que 30 anos atrás, quando passou Renascer, desdobrar esses assuntos como o Bruno está fazendo agora, talvez não fosse possível. O Seu Benedito Ruy Barbosa fez o que era possível. Agora, acho que a gente tem fome de saber, a gente já entrou num patamar que a gente entende que se for como está sendo, vai ser a destruição. E a gente não quer destruição, estamos aqui para viver, para ser feliz, para se amar”.
“Recebi coisas assim: ‘Sou católica, mas um dia fui da umbanda, devota de Iemanjá, e achei linda a sua cena falando com a Rainha das Águas. Sou evangélica, mas adorei a forma como a novela está fazendo, e conheci o candomblé, que foi me ensinado de uma forma diferente’. Isso que é o sucesso, o que um artista quer para o seu produto, porque ir ao palco não é só receber aplausos, plumas e paetês. Você sobe ao palco quando tem alguma coisa para dizer. Então, procuro isso através dos personagens e dos trabalhos que escolho fazer”, continua.
A artista relembra uma cena de Inácia que foi bastante elogiada pelo grande público. “Ouvi coisas sobre a cena que ela faz oferenda para Iemanjá, do tipo: ‘Vi uma mãe preta falando com um orixá para proteger a sua filha’. Ao mesmo tempo, na mesma cena, ouvi dizerem que viram uma mãe evangélica se prostando em oração para a sua filha. Também uma mãe católica pedindo com fé e uma mãe judia, todas as mães em uma só Inácia. É isso que a gente quer. Não é para ofender ninguém e nem é para dizer que somos a verdade. Nós somos mais de sete bilhões na Terra, então existe mais de sete bilhões de verdades”, salienta.