Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Marina Vasconcellos explica qual a melhor maneira de lidar com conflitos familiares, na criação das crianças
Maíra Cardi (40) surgiu nas redes sociais indignada porque descobriu que a mãe não seguiu a rotina de cuidados com a filha, Sophia (5), fruto do antigo casamento com o ator e cantor Arthur Aguiar (35), campeão do BBB 22. Em tom de desabafo, ela contou que deixou a menina aos cuidados da avó para ajudar às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, mas que ela quebrou uma a regra e deu um alimento proibido para a neta. A declaração dividiu opiniões.
Em um bate-papo com a CARAS Brasil, a psicóloga Marina Vasconcellos explica qual a melhor forma de agir nesses casos, que envolvem divergências entre pais e avós na criação das crianças. “Abrir mão dessa rigidez”, aponta.
Nos stories do Instagram, Maíra conta que sua mãe resolveu dar achocolatado para a neta e que a menina, até então, nunca tinha tomado a bebida na vida. “Estou entrando em casa, e aí ela; ‘Ih, estou com a Sofia assistindo desenho’. Detalhe, Sofia vai pro quarto às 8 horas da noite. Aí eu falei, essa hora? Às 10 horas da noite, Sofia assistindo desenho? A Sofia não assiste desenho, que a gente não deixa”, começou a influenciadora. “Aí, enfim, a hora que eu chego, o que que tem? O quê que é isso aqui dentro? Leite com achocolatado. Por que que vó é assim?”, lamentou.
Sobre esse tipo de conflito familiar, Marina, que é psicodramatista e terapeuta Familiar e de Casal, comenta: "O ideal, quando a gente precisa da ajuda dos sogros ou pais para cuidar de um filho, é conversar antes: Olha, eu queria que você não desse doce porque não tenho esse costume. Então, queria que você respeitasse isso. Na sua casa também não dá doce por favor, tá bom?. Ou ela tem alguma intolerância alimentar: ‘Ela não pode comer isso ou aquilo’, mas fala numa boa, se tem alguma restrição. E os avós têm que entender e respeitar a educação dos pais”, diz.
A especialista destaca também que é importante os avós respeitarem a criação dos pais. “A vovó pode fazer bolo, pão de queijo, não sei (...) Quando vai ficar com os avós, tem algumas coisas diferentes e tudo bem. Que são cuidados que os avós têm e ok, contanto que não vá contra alguma coisa que a criança realmente não possa comer. Na casa da avó, que vai ficar no fim de semana, que vai ter aquela alimentação que a gente fala com afeto, aquele mimo que a avó faz para a criança que não tem na casa, mas tem na casa da avó (...). O importante é respeitar. Se a mãe não quer, se os filhos não têm, por exemplo, o costume de comer doce, a avó não pode impor e fazer doce”, fala.
“Então, pensa em alguma coisa gostosa, mas sem açúcar, porque vai contra a dieta da criança. E isso tudo tem que ser conversado. Quando tem um clima bom entre as partes, tudo certo, não tem problema nenhum. A questão é quando as pessoas não se dão bem e tem que depender do outro, não pode ter abertura para falar, para conversar, aí complica a situação. Então, tem que pensar na criança, né? Ela tem que se sentir bem na casa quem ela estiver. E a melhor maneira de fazer isso é sempre conversando, deixando claro o que pode ou não pode, o que você aceita, porque é o mimo de avó e está tudo certo. Não precisa criar caso em cima disso”, continua.
A psicóloga ressalta que memória afetiva também está muito ligada à alimentação: “A gente guarda muitas lembranças afetivas da casa da avó, quando a avó é carinhosa, afetiva, e isso está muito ligado à comida também, porque a avó tem prazer em fazer coisas para acolher os netos. Então, faz aquele bolinho especial, faz aquela comidinha que o neto gosta (...)”, diz.
“Se não for contra a uma alimentação que a neta possa comer, a mãe também tem que dar uma relevada, né? Ainda mais se for fim de semana, vai dormir na casa da avó, dia seguinte pega. A mãe tem que relevar um pouco e deixar curtir, pois é uma exceção, na casa da vovó pode, aqui em casa não vai ter sempre, né? Então, abrir mão dessa rigidez e permitir que a avó faça esses gestos de carinho com a neta. Repetindo: se não for contra a uma coisa que a neta não possa comer”, finaliza Marina.