De volta às novelas da Globo como Mariah, mãe biológica de Paloma (Paolla Oliveira) em Amor à Vida, Lúcia Veríssimo diz que envelhecer tem um lado desastroso e não descarta posar nua pela terceira vez
Lúcia Veríssimo está de volta às novelas da Globo após um hiato de 8 anos. A atriz, de 55 anos, promete agitar Amor à Vida como Mariah Piattini, a mãe biológica de Paloma (Paolla Oliveira). “Ela chega para não deixar pedra sobre pedra”, conta em entrevista à CARAS Online.
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Durante o período em que ficou afastada das novelas globais, Lúcia fez pequenas participações em outros produtos da emissora, como na série Guerra e Paz, a novela Amor e Revolução, no SBT, e dedicou-se ao teatro.
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Desde 2010, a atriz se apresenta com o espetáculo Usufruto, que em breve vai se tornar filme. Na peça, escrita pela atriz, uma mulher divorciada e um jovem prestes a se casar travam embates para saber quem comprará um apartamento.
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No palco, a atriz, que já declarou em entrevistas estar além de rótulos como homossexualidade, heterossexualidade e bissexualidade, discute temas como traições, bigamia e relacionamentos a três.
“A intenção nunca foi chocar, mas fazer o espectador pensar sobre sua condição de vida. O teatro tem como sua principal função a de espelhar sua sociedade, inquietá-la”, afirma. Leia abaixo os melhores trechos da entrevista:
- Como surgiu o convite para a novela?
O Wolf [ Maya, diretor da novela] me ligou e fez o convite no nome dele e do Walcyr [ Carrasco, autor da trama]. Depois veio a conversa com o Walcyr.
- Você não faz novelas na Globo desde 2005. Por quê ficou tanto tempo afastada?
Estive contratada por muitos anos sem ser convocada, até que o contrato acabou. Fiz a novela Amor e Revolução, no SBT, pelo tema, já que seria a primeira vez que se trataria do assunto ditadura em uma novela e queria fazer parte desse momento em que a TV decide não mais continuar varrendo a sujeira para baixo do tapete.
- E por quê aceitou voltar?
Aceitei agora porque adoro essa novela e a trama me envolveu. Acho que o Walcyr está em um caminho interessantíssimo como esse folhetim, e também porque foi um convite de um amigo. Nunca recusei em todas as vezes que ele me chamou.
- Como está sendo o retorno à emissora?
Estou revendo grandes amigos e conhecendo novos colegas. É um momento muito feliz, é como uma filha retornando à sua casa depois de um período fora. Entrei na Globo em 1979, e se fosse contabilizar a quantidade de horas trabalhadas lá dentro, certamente eu chegaria à soma de mais tempo dentro dela do que da minha própria casa. Então estou muito feliz, mesmo.
- Além da novela, você segue em turnê com o espetáculo Usufruto, que estreou no Rio há 3 anos. Nesse tempo, mudou sua maneira de ver os temas abordados na peça?
Usufruto não mudou absolutamente nada, mas os últimos acontecimentos sócios políticos estão me dando a esperança de que talvez possamos ter pessoas com cabeças mais abertas. Tomara. Porém, continuo achando a discussão de Usufruto muito pertinente.
- Há algum lugar em que o espetáculo, por ser polêmico, tenha sido mal recebido?
Sempre pensei que sim, que em determinados lugares eu sofreria mais. Até hoje, apenas um crítico, em Recife, note bem, foi um crítico e não espectador, teve uma visão extremamente reacionária. Foi a primeira crítica desfavorável ao espetáculo em quase 4 anos, o que me faz chegar à conclusão de que ele deve ter se incomodado muito com a proposta de mudança sugerida na peça.
- A intenção foi chocar o público e provocar a reflexão através desse choque?
Não, quis fazer o espectador pensar sobre sua condição de vida. O teatro tem como sua principal função a de espelhar sua sociedade, inquietá-la e, através disso, quem sabe até fazê-la repensar seus velhos hábitos.
- Há três anos, quando estreou a peça, você disse que posaria nua uma terceira vez sem problemas. E hoje, qual é a sua visão sobre o tema?
A mesma. Se eu posei quando não havia Photoshop, porque não posar agora com essa “tecnologia”? (risos)
- Lida bem com o envelhecimento, então?
Acho que a maturidade tem milhares de vantagens, mas como tudo tem dois lados, o outro lado é desastroso, e não só esteticamente falando, mas as limitações físicas impostas mesmo. É triste. Eu, que sempre fui adepta a esportes bastante radicais, sofro imensamente como minhas tendepatias, hérnias de disco, rupturas de ligamentos e um monte de coisas chatas. Em compensação, no resto, me sinto uma mulher muito melhor.