A palavra "equilíbrio" e os sorrisos largos de Regina Duarte (61) permeiam toda a conversa com ela na Ilha de CARAS. A "Namoradinha do Brasil" da década de 70 é agora uma avó realizada, apaixonada pela neta, Manuela (2), filha de Gabriela Duarte (34), e não se preocupa com a idade. "Com o passar do tempo, estou cada vez melhor, mais zen", garante ela, que também é mãe do empresário André Duarte (37) e do cineasta João Ricardo (26). Outro motivo de tranquilidade é o feliz casamento de oito anos com o pecuarista Eduardo Lippincott (57). Agora, a preocupação da atriz é colher o que plantou na vida. Mas sem ficar parada. "Gosto de me deslumbrar com cada descoberta. O que mais me deixa satisfeita é o aprendizado. Ainda tenho muita coisa para saber, através de cada situação, pessoa, lugar", diz ela, no ar como a Waldete da novela global Três Irmãs.
- Você passou por alguma crise por causa da idade?
- Nunca. Já havia resolvido muitos dos questionamentos de quando tinha 30 anos, mas tenho outros agora. Se antes havia perguntas em relação à criação dos filhos e relacionamentos, hoje várias delas estão dirigidas à busca do equilíbrio. Não quero fechar os olhos para o futuro, mas sim encarar tudo com postura positiva.
- Pesa o fato de ser avó?
- Imagina! Já queria isso há muito tempo. Há doze anos, quando eu e Gabriela fazíamos a minissérie Chiquinha Gonzaga, chamava a nossa poodle, Okika, assim: "Vem aqui com a vovó!". Ser avó é um estado de espírito, é divino. É um presente da vida ter uma neta linda como a Manuela. Tenho que curtir muito.
- Então, você está realizada...
- Super-realizada. A Manuela veio na hora certa, tanto para mim quanto para os pais, Gabriela e o Jairo. Nunca fui de cobrar netos. Minha filha decidiu que queria ser mãe e eu, claro, dei força.
- O que gosta de fazer na companhia da Manuela?
- Tudo, principalmente agora, que ela já é uma pessoinha que conversa, pergunta, conta histórias. Nós brincamos bastante, saímos para passear. Qualquer coisa que faz me deixa boquiaberta. Às vezes, fico só olhando para ela. É o suficiente para me deixar deslumbrada. Manuela me completa. Sinto bastante por estar longe dela por causa das gravações de Três Irmãs. Tenho visto minha neta muito menos do que deveria e gostaria. Aliás, coloca aí três vezes a palavra "muito".
- Além de estar realizada como avó, você tem um casamento de sucesso. O que é importante para que uma relação dê certo?
- Acredito que todo relacionamento é baseado em um tripé. Em primeiro lugar, acho que vem o respeito, saber respeitar a individualidade. Não por querer mudar a outra pessoa. Afinal, você não se apaixonou por ela com toda a bagagem que veio junto? Depois, a confiança é fundamental. E ainda tem a paciência, que é essencial para superar as dificuldades da relação, pois elas surgem no cotidiano, ano após ano.
- É muito vaidosa? O que faz para se cuidar?
- Numa escala de 0 a 10, acho que sou 4, quando o assunto é vaidade. Faço o estritamente necessário para estar bem comigo: caminho, pratico hidroginástica, que adoro, é a melhor coisa. Detesto academia, mas meus filhos vivem dizendo que preciso fazer musculação, por causa da idade, até para evitar a osteoporose. Na parte de saúde, eu me cuido bem, acho que me dou nota 9. Na estética, sou mais ou menos. Faço as unhas semanalmente, mas não sou aquela mulher que fica horas no salão. Gosto de estar sempre com o corpo em movimento, pois é o meu instrumento de trabalho. Cuido da minha alimentação, mas acho que a beleza não vem de fora para dentro, e sim o contrário. Tem que cultivar a criança que se tem por dentro, brincar com a vida e ver o lado positivo das coisas. Já passei por muitas dificuldades e superei tudo assim, sendo otimista.
- Você gosta de pintar e fazer quadros, não?
- A primeira vez que pintei foi quando estava grávida da Gabriela, começou como uma brincadeira e hoje é uma atividade que gosto cada vez mais. O que está nas minhas telas é algo muito íntimo e acaba servindo como uma terapia ocupacional. Além da pintura, também adoro escrever sobre o que estou vivendo.
- Você lamenta a falta de tempo para a neta. É difícil conciliar trabalho e vida pessoal?
- Posso dizer que não é fácil, mas tento sempre dar um jeito. Acho que a vida são vários pratos que temos que rodar. Os filhos, a família, em geral, o marido, que dá muito trabalho (risos), e a profissão, a única maneira de se realizar consigo mesma. E ainda tem a vida social, os amigos são fundamentais. Como sou focada no trabalho, fico muitas vezes longe disso. Quero aprender a administrar melhor o tempo, a ser mais seletiva, sabe? É um grande desafio para 2009: me conduzir cada vez mais para um equilíbrio.