Quem enjoa ao andar de trem, barco ou carro às vezes sofre de cinetose

Redação Publicado em 18/10/2011, às 10h15 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Diz-se que uma pessoa tem cinetose quando apresenta alteração na percepção dos movimentos do corpo sobretudo ao andar de carro, trem, barco ou avião. A percepção do movimento, vale destacar, resulta de três elementos: da visão; da orelha interna, também chamada labirinto; e da propriocepção, que é a percepção recolhida de sensores existentes nas articulações e nos músculos. Esse conjunto, atuando harmonicamente, fornece informações para o sistema nervoso central, que as interpreta e identifica a posição do corpo no espaço. Isso dá sensação de equilíbrio e segurança. O sistema nervoso informa, por exemplo, que a pessoa está sentada ou em pé; andando ou parada; no avião ou em um carro ou trem em movimento. A percepção dos movimentos funciona  bem na maioria das pessoas. Em parte delas, porém, infelizmente isso não ocorre. As informações recolhidas e transmitidas ao sistema nervoso central são conflitantes. Elas sofrem de cinetose.

Esse problema, comum, manifesta-se mais nas mulheres. Raramente ocorre antes dos 2 anos e a partir dos 50. Não se conhecem as suas causas. Sabe-se que cada pessoa tem uma sensibilidade diferente aos movimentos do corpo. E se acredita que os portadores de cinetose apresentam um sistema imaturo de percepção e interpretação dos movimentos.

Os sintomas de cinetose, provocados pelos movimentos da cabeça, são muitos. Entre os mais importantes estão: desconforto físico, náusea, palidez, enjoo, vômitos, mal-estar geral, vertigem, suores, aumento da salivação, hipersensibilidade a odores, dor de cabeça, tontura, perda da capacidade de concentração, inabilidade em realizar tarefas e sensação de desmaio. Com o passar do tempo de viagem, porém, o sistema de percepção dos movimentos pode se adaptar e a pessoa melhorar. É importante alertar que a cinetose pode aparecer também como sintoma de alterações no sistema nervoso central, como as doenças degenerativas, tumorais e mesmo infecciosas.

Felizmente, o sistema de percepção dos movimentos do corpo de grande parte dos portadores amadurece e eles se livram da cinetose. Em uma pequena parte deles isso não ocorre e continuam com uma percepção alterada dos movimentos ao longo da vida. Isso os limita, os faz sofrer e, pela dificuldade para viajar, até prejudica a sua vida profissional.

Pode-se evitar a cinetose com algumas medidas básicas. Se possível, sentese no banco dianteiro do carro e olhe sempre para a frente. Não viaje virado para trás. Evite odores fortes antes e durante a viagem. Em navios, use cabines com janelas. Antes das viagens, coma moderadamente.

Pessoas que, ao viajar, têm um quadro como o descrito devem ser levadas a um otorrinolaringologista. O diagnóstico inicial é clínico. O passo seguinte é descartar, com exames, as doenças labirínticas ou sistêmicas que justifiquem o quadro. Caso se descubra algum problema, trata-se com medicamentos apenas para evitar as crises.

Diagnosticada a cinetose, o tratamento é feito com remédios ou terapia de reabilitação vestibular, uma espécie de fisioterapia do labirinto. Os remédios são usados para evitar as crises; já a terapia, feita por fonoaudiólogo, tem o objetivo de apressar o amadurecimento e a compensação do sistema de percepção dos movimentos. O tratamento de reabilitação proporciona resultados bem melhores do que os que se obtinha no passado.

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