Com Antonia Fontenelle, ele trata câncer e lança seu primeiro filme, 'Assalto ao Banco Central'
Desde abril Marcos Paulo (60) vem lidando com agruras de um câncer no esôfago. Tem dificuldade para se alimentar, perdeu 11 quilos, está com 74, e faz sessões de radioterapia e quimioterapia. Há menos de um mês, sofreu uma hemorragia que quase o levou à morte. E muito provavelmente precisará se submeter a uma cirurgia nas próximas semanas, decisão que será tomada pelos médicos na quarta, 27. Mas nada disso fez com que o ator e diretor fraquejasse. Firme e com surpreendente bom humor, ele orgulha-se por não ter mudado a visão positiva da vida. O que vem sendo fundamental para que encare a doença de uma forma mais leve. “Nunca tive medo de morrer. Não deu tempo de ficar digerindo isso a todo momento. Estava trabalhando muito”, avalia Marcos, referindo-se ao filme Assalto ao Banco Central, sua primeira direção no cinema, que lançou no Festival de Paulínia e entra em circuito nacional na sexta, 22. “Mantive a cabeça produtiva. Isso foi fundamental para a superação”, acrescentou.
Em meio a um dos momentos mais difíceis de sua trajetória, Marcos se diverte com os mimos das filhas, Giulia (11), com a atriz Flávia Alessandra (37), Mariana (28), da união com a atriz Renata Sorrah (64), e Vanessa (38), com a modelo italiana Tina Serina. Os cuidados e carinhos de Antonia Fontenelle (38), sua namorada há cinco anos, são outros trunfos. “Ela parece um carrapato, não sai do meu lado”, brinca, arrancando risos da atriz e produtora do longa. “Se eu ficar longe, Marcos não se comporta e pode comer besteira”, retruca Antonia. A preocupação faz todo sentido. O diretor precisa de uma dieta com alimentos líquidos e pastosos, o que lhe desagradou no primeiro momento. “Adoro uma picanha. Tenho comido caldo de rã”, revela. No fim de junho, chegou a ficar sete dias sem comer nem beber. Dias depois, embarcou para o Chile, onde finalizou o filme. Voltou direto para o hospital e ficou internado cinco dias. Apesar da expectativa, o diretor mais uma vez dá uma lição de força e prevê um final feliz. “Ficarei curado”, garante na entrevista à CARAS em que detalha todo seu drama.
– Como você se sente agora?
Marcos – Feliz com a realização do sonho de dirigir cinema e também bem esperançoso em relação ao tratamento.
– Você não está abatido...
Marcos – Tive a sorte de ter descoberto no início. Mas cheguei a sentir muita dor, usei morfina um tempo e não funcionou. Precisei de um remédio mais forte, o que me causou uma intoxicação.
– Por isso você foi internado assim que voltou do Chile?
Marcos – Isso. Viajei muito debilitado, me programei psicologicamente para trabalhar e voltar em uma semana. Tentava comer papinha de bebê. Quando cheguei, desmaiei em casa. Nós não moramos juntos e a sorte é que a Antonia estava perto. Se estivesse sozinho, teria morrido. Fui desacordado para o hospital.
Antonia – O que segurou foi o psicológico. O físico não existia mais. Ele perdeu sangue, ficou bem mal, no CTI. No hospital, a filha dele Mariana e o marido dela, Hugo, que são médicos, estavam apavorados.
– Teve medo de morrer?
Marcos – Em nenhum momento pensei que fosse morrer. E nunca reclamei do câncer.
– Como está o tratamento?
Marcos – Terminei as sessões de rádio e quimio. Agora é esperar o exame no fim do mês. Enquanto isso, venho me alimentado bem.
– Você quer perder mais peso?
Marcos – Fiquei feliz com as novas medidas. Ganhei um guardaroupa novo. Um pouco antes de saber do câncer, fiz um churrasco e tiramos fotos que revi esses dias. Apaguei tudo. Gosto do que vejo agora, uso roupas que não vestia há muitos anos. Minha intenção é começar a fazer exercícios.
– Caiu cabelo? Enjoou?
Marcos – Perdi um pouco, mas ainda tenho muito. E enjoei com o cheiro do meu cachorro. Ele ficará um tempo com a criadora.
– Qual a causa da doença?
Marcos – Pode ser cigarro, também existe alto índice de esse tumor ser provocado pela ingestão de bebidas quentes e ainda por engolir sapos na vida. (risos)
– Engole muitos sapos?
Marcos – Não só eu, mas todo mundo. (risos)
– Ficou deprimido?
Marcos – Por sorte, estava no meio da filmagem de Faroeste Caboclo, em que participo como ator, e focado na edição de Assalto ao Banco Central. Não deu tempo de ter depressão. Mas quando soube da notícia, a primeira reação foi: ‘perdi’. Depois, reavaliei: ‘sou um ser humano, estou vivo e posso ter esse tipo de doença’. Então, tenho que batalhar pela cura. Parti para a guerra a fim de ficar legal.
Antonia – Marcos não deixava acompanhálo na quimio. Quando descobriu a doença, chegou a me esconder isso por uma semana. O comportamento dele mudou. Estava insuportável. Achei que tivesse feito algo errado. (risos) Até que ele me chamou para conversar. Nesse momento, o vi bem fragilizado, chorou e me contou tudo. Brinquei com ele dizendo que o diagnóstico estava errado, tinha era lombriga. Demos uma gargalhada. Aí, aliviou. A vida tem o peso que a gente dá a ela.
– Antes de descobrir a doença, sentia algum sintoma?
Marcos – Nunca percebi nada. Não dá para ver ou sentir.
Antonia – Os médicos falaram que, se ele descobrisse o tumor um mês depois, teria problemas. O dele já estava bem saliente.
– Vocês têm se apegado à religião? Rezado?
Marcos – Tenho meu jeito. Mas recebo muitas orações por e-mails, fitinhas. Fico feliz com isso.
Antonia – Antes de dormir e de levantar, rezo. Quando soube do tumor, na primeira semana, fui ao Lar Frei Luiz. A minha mãe de santo está olhando por ele. Tive outros convites, como da Fabiana Karla. Pensei em cada dia da semana ir a um lugar. Mas contei para o Marcos e ele me falou: ‘você vai acabar me matando com essa mistura.’ (risos)
– Que lição vem tirando?
Marcos – É claro que minha cabeça só vai processar quando tudo isso acabar. Mas, na verdade, já estou mudando de comportamento, fiquei menos estressado e cada vez mais positivo. É claro que dei uma caída. Mas você cai, levanta e segue, como diz a letra da música: ‘nois tropica, mas não cai.’
– E como foi a sua experiência de trabalhar com cinema?
Marcos – Eu amei, realizei um grande sonho. Estudei cinema antes de tocar o projeto. Desenhava as cenas no caderno antes de filmá-las no set. Foi uma forma de recomeçar, de me reinventar.
– Qual o próximo projeto?
Marcos – O filme Sequestrados. Como meus projetos com a Globo serão desenvolvidos no segundo semestre de 2012, até lá tenho tempo para dedicar ao cinema.
Veja o vídeo na TV CARAS:
Marido de Isadora Ribeiro morre após sofrer infarto no Rio de Janeiro
Drake tem cartão de crédito recusado durante live: ‘Vergonhoso’
BBB 23: Key Alves diz que nunca leu um livro na vida: "ficava nervosa"
Matheus Yurley tem casa roubada e ameaça: "Não vai passar batido"
Priscilla Alcantara abre álbum de fotos e arranca elogios: ‘Sempre mais legal’
Diretor de 'Travessia' comenta críticas sobre performance de Jade Picon: "normal"