Etimologia

Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, bumba meu boi formou-se de bumba, do conguês bumba, bater, mais o pronome possessivo meu, do latim meu, e boi, do latim bove. Visco veio do latim viscum e designa planta de bagas vermelhas e pegajosas.

Redação Publicado em 06/12/2011, às 10h26 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Bumba meu boi: de bumba, do conguês bumba, bater, seguido do pronome possessivo meu, do latim meu, e de boi, do latim bove, declinação de bovis. Designa o reisado em algumas regiões do Brasil, produto cultural de tríplice miscigenação: indígena, negra e portuguesa. Surgiu no século XVIII, no Piauí, com a introdução da pecuária, mas espalhou-se por muitos outros Estados, adotando nomes diferentes. É um bailado popular, organizado em cortejo, com personagens humanos e mitológicos. Existem centenas de grupos de bumba meu boi em todo o País, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional deu-lhe reconhecimento de Patrimônio Cultural do Brasil.

Curtir: provavelmente do latim vulgar corretrire, radicado em retrire, como era pronunciado na Península Ibérica o latim clássico reterere, desgastar pelo atrito, fazendo isso com algo ou na companhia de alguém, dado o prefixo ali embutido. Designa o ato de preparar o couro com ingredientes para tornálo imputrescível e ser usado na fabricação de utensílios, como arreios e cordas, mas também como sapatos, bolsas, cintos. Designa ainda ato de preparar alimentos, deixando-os em molho adequado e, paradoxalmente, passar por maus ou bons momentos, como em “curtir dez anos de prisão” e “curtir uma festa, uma música, um filme, uma peça de teatro, uma pessoa etc.” Segundo o famoso etimólogo espanhol Joan Coromines y Vigneau, mais conhecido como Joan Corominas (1905-1997), é um vocábulo exclusivo do português e do castelhano, mas pode ter aproveitado também o étimo de corto, uma vez que o couro encolhe depois de curtido.

Druida: do latim druida, quase sempre usado no plural druidae, druidas, adaptado do irlandês drui, feiticeiro, e do gaulês chuvides, muito sábio. Os étimos remotos remetem a oak, carvalho, e à raiz indo-europeia wid, saber. Em resumo, designava aquele que tinha o saber do carvalho, representando toda a floresta, por ser a árvore mais importante, tendo, pois, a sabedoria de todas as árvores. Antigo sacerdote de povos gauleses e bretões, entre os celtas os druidas eram sacerdotes e feiticeiros com grande influência política, atuando também como educadores, narradores, poetas, magos e juízes. No ano 2000, numa caverna de Aveston, na Inglaterra, foram encontrados 150 esqueletos de pessoas executadas com um golpe só no crânio, o que evidencia que não foram mortas em combate, mas provavelmente massacradas em rituais religiosos. Em De Bello Gallico (A Guerra Gaulesa), Júlio César (100-44 a.C.) relata que os druidas faziam sacrifícios humanos aos deuses. A moderna arqueologia encontrou grãos de pólen de visco, planta sagrada dos druidas, nos intestinos do cadáver de um homem que morreu no ano 60 d.C., coincidindo com a nova ofensiva romana na Grã-Bretanha.

Graúna: do tupi gwara’una, em que gwara é ave e una é preta. Designa ave de cor preta brilhante e bico reto. É parasita de ninhos de outras aves, distribuindo-se do sul do México ao norte da Argentina. O escritor cearense José de Alencar (1829-1877) comparou os cabelos de Iracema, personagem de sua obra homônima, às asas desse pássaro: “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.” “Além daquela serra”, vendo-se do Ceará, fica o Piauí. Então, nossa heroína era piauiense?

Jiboia: do tupi yi'boya, em que yi remete a rã. Designa cobra boídea, que se alimenta de bois, mas pode também devorar outros animais e até pessoas. Comum no Brasil, tem cor cinza, puxando para o roxo, com faixas escuras no dorso e desenhos laterais ovoides ou rômbicos. Vive nas florestas ou em campos, especialmente em árvores. Tem cerca de 4 metros de comprimento. Não é venenosa, mas sua mordida causa dor e infecção. Sua pele é usada na confecção de artefatos de couro.

Visco: do latim viscum, planta medicinal, usada como decoração de Natal no Hemisfério Norte. Tem bagas vermelhas, pegajosas. Virgílio (70-19 a.C.) a designa como Ramo de Ouro, na Eneida.
 

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