'Estou chateado', lamenta Edi Botelho, autor da biografia confiscada de Gerald Thomas

O que era para ser uma semana de celebração para Edi Botelho (55) se tornou num período de lamúria e desapontamento. Prestes a lançar seu primeiro livro – Gerald Thomas - Cidadão do Mundo - ele viu seu sonho desabar perante seus olhos quando a biografia foi confiscada e o lançamento adiado. “O problema foi que alguns atores se sentiram ofendidos, consideraram que foram desrespeitados e ofendidos com as fotos e com supostas inverdades ditas sobre eles”, esmiuçou o autor em entrevista à CARAS Online nesta quarta-feira, 10, data em que a publicação seria lançada, no Rio.

“Estou muito chateado. Agi na maior boa fé, achei que as pessoas se sentiriam honradas por fazerem parte daquela história. Não fiz um livro de fofoca, isso não é do meu perfil, mas sim uma biografia do Gerald Thomas (58) percorrendo os trabalhos dele, tudo o que já produziu e criou, narrando os acontecimentos ao redor do espetáculo. É a história do teatro brasileiro”, destaca ele.

“Tudo é relatado na primeira pessoa, não recontei a história, é o próprio biografado falado, são exatamente as palavras do Gerald ali”, completa.

O que a lei diz

Segundo Edi, seu erro foi ter publicado fotos de espetáculos sem o consentimento das pessoas clicadas. “Ilustrei o livro com fotos do arquivo pessoal, fotos de cena, de divulgação das peças. Tenho autorização dos fotógrafos, mas a lei exige que tenha autorização dos retratados também”, explicou.

“Não houve processo, mas sim notificação através de advogado. Mas até resolver a questão, a editora Imprensa Oficial achou melhor não lançar o livro. Agora está na mão dos advogados resolver isso”, disse ele.

Amizade e memórias emotivas

Enquanto a biografia não é liberada, fica a curiosidade para conhecer um pouco mais da história de Gerald Thomas, que lançou nesta quarta-feira, 10, o livro de desenhos e ilustrações Arranhando a Superfície. “Além de ser um dos grandes diretores do país e internacional, ele também é meu grande amigo. O conheço há mais de vinte anos, fiz parte da formação original da Companhia Ópera Seca que ele montou nos anos 80, onde fiquei por dez anos”, recordou.

“Eu tinha certeza de que seria uma delícia e foi realmente foi um enorme prazer, até porque eu fiz parte desta história. Nos emocionamos muito ao rememorar tudo isso”, contou ele, que fez inúmeras entrevistas ao longo de um ano. “Ficou um livro lindo que é para a memória, retrata uma época do teatro brasileiro”, concluiu o autor, orgulhoso.