'Cleyde nunca teve a chance de ser protagonista na Globo', diz o autor Nilson Xavier

Com mais de trinta novelas no currículo, Cleyde Yáconis (1923 – 2013) representava uma importância ainda maior para o teatro brasileiro do que para a teledramaturgia. A atriz, que morreu na tarde desta segunda-feira, 15, foi uma das poucas que construiu sua carreira e conquistou toda credibilidade nos palcos, muito antes de se tornar funcionária da Rede Globo.

“Ela seguiu os passos da irmã [Cacilda Becker] e do cunhado [Walmor Chagas], e deixou seu nome registrado na história das artes no Brasil pelo teatro, acima de tudo. Quando ela começou a fazer novela, já era consagrada”, diz Nilson Xavier, autor do Almanaque da Teledramaturgia Brasileira (2007).

Nilson comenta que Cleyde teve grandes papeis na televisão, como a Juliana de Os Inocentes (1974), da TV Tupi, e Guilhermina de Ninho da Serpente (1982), da Rede Bandeirantes – em ambos trabalhos, ela foi protagonista. Porém, nunca teve a chance de ter um personagem com tanto destaque na Rede Globo.

“Apesar de todo o nome dela, a Cleyde só foi contratada pela Globo em 1990, quando fez a Isabelle de Bresson em ‘Rainha da Sucata’. Ela já começou senhora na Globo e nunca teve a chance de ser protagonista na casa por conta disso”, comenta o autor. “Mas o público costuma lembrar dela por outros trabalhos, como ‘Torre de Babel’ [1998], onde ela fez Diolinda, uma senhora hipocondríaca, e até pela Brígida, de ‘Passione’ [2010], que é mais recente”, diz.

Entre as qualidades da atriz, Nilson ressalta seu carisma. “Ela sempre foi uma atriz muito carismática. Tanto no teatro ou na televisão, ela sempre conquistou as pessoas”, afirma.