Plástico
Agora com status de cool, o plástico ganha adeptos e conquista espaço em um mercado antes dominado por madeiras e tecidos.
Há 20 anos, pensar em decorar um espaço com móveis de plástico era fato tido como solução simples, até de mau gosto, um sinônimo de falta de recursos financeiros. Hoje, em plenos anos 2000, o plástico renasceu de maneira fantástica: é símbolo de modernidade, afinidade com tendências sustentáveis e, quem diria, virou referência de bom gosto. Um dos grandes responsáveis pela virada na história do material e sua utilização pela indústria de móveis e decoração é
Philippe Starck, o designer francês que virou uma referência mundial de modernidade. Uma de suas criações mais notórias é a linha Louis Ghost, uma cadeira barroca Luís XV revisitada, toda feita de policarbonato injetado - peça pouco provável de estar em lugar de destaque em um lar até alguns anos atrás.
A febre do mobiliário de plástico é bem mais difundida em países europeus do que no Brasil. Nosso país ainda caminha com parcimônia em direção à decoração futurista.
"O Brasil ainda não entendeu essa tendência", disse Starck na última Feira de Decoração, em Milão, em abril passado. Mas muita gente que entende do assunto discorda da opinião do designer.
"Acredito que o Brasil já se rendeu aos móveis de plástico. Vide o sucesso de vendas de marcas importadas como a Alessi, Kartell, Magis, Vitra, Parri e várias outras", diz
Alcyone Godói, diretora de produtos da loja Benedixt, em São Paulo. O preconceito contra o material, de fato, é coisa do passado.
"A onda dos móveis de plástico pegou, sim. O problema é que, na maioria das vezes, a palavra caía mal, era associada a material barato e de baixa qualidade. O plástico não tinha a cara nobre da madeira, do tecido", explica
Helio Bork, diretor da Kartell no Brasil. A empresa italiana se tornou um ícone ao apostar nas peças de plástico aliadas à alta tecnologia.
O plástico é um termo genérico para um grupo abrangente de materiais: fibra de vidro, resina de poliéster, polipropileno, poliuretano, policarbonato, acrílico, etc. Todos variam bastante nos quesitos textura, brilho e transparência. Alguns tipos precisam do molde. O plástico, normalmente o polipropileno, é injetado, o que proporciona uma tiragem de larga escala; como o molde é caro, o preço se dilui na produção. Com as fibras de vidro, o processo é mais artesanal e demorado. As peças são produzidas em escala bem menor.
Atualmente, o acrílico em chapas tem sido muito utilizado: ele pode ser dobrado, recortado e estampado. Essa alta flexibilidade é um aspecto positivo do material.
"A liberdade de desenho que o plástico permite a um designer
é algo supernobre. Algumas vezes, o desenho brilhante de um profissional sai do papel e não toma forma funcional pois o material não permite. Com o plástico, isso não acontece. Ele permite projetos ousados", afirma Bork. As tecnologias de fabricação do material também estão bastante avançadas.
"A China nos abriu um enorme campo de criação. Lá, os
moldes não são tão caros, além das fábricas nos oferecerem uma grande diversidade de acabamentos", explica Nanina Rosa, gerente de marketing da rede de lojas Imaginarium.
Outra tendência que envolve plástico na decoração é a coleção de "toy art", os famosos brinquedos de adulto, feitos não para brincar, mas sim para agregar valores -pueris, divertidos, modernos e leves para o ambiente. Nina Sander, proprietária da Plastik, uma referência em toy art, confirma que a febre veio para ficar.
"Minha clientela é formada, nagrande maioria, por homens de 20 a 50 anos, entre eles, designers, estilistas e publicitários". Para essa turma, os"toys" são encarados como objetos de arte, itens de colecionador e merecem destaque na estante.
"Acho muito bacana misturá-los com livros e vasos. O ambiente fica moderno descontraído", diz Nina. Provavelmente a visão de Philippe Starck estivesse certa tempos atrás, mas se o Brasil não entendia o plástico, agora a história é diferente.