Moradias do bem
Projetos sustentáveis garantem mais qualidade de vida, respeito ao meio ambiente e economia, sem deixar de lado, é claro, a beleza e o conforto
Viver com qualidade, conforto, ajudar o meio ambiente e fazer um bom investimento. Bem-vindo às moradias sustentáveis. Embora ainda sejam poucas no Brasil, as construções desse tipo têm um futuro próspero, já que uma das preocupações da sociedade é encontrar alternativas que diminuam seu impacto ambiental. E há outras vantagens. As taxas de condomínios cobradas nos empreendimentos sustentáveis chegam a ser 30% menores em relação aos convencionais. Mas não basta ter apenas coleta seletiva de lixo para ser sustentável, é preciso integrar o conceito de sustentabilidade e promover melhorias na qualidade de vida dos moradores.
De acordo com a arquiteta
Carla Dichy, um projeto sustentável evita desperdícios em todos os sentidos e é pensado paro local em que será inserido.
"Uma construção sustentável tem atitudes ecológicas na sua concepção e execução, e também permite aos usuários um dia a dia com atitudes ecológicas", afirma a arquiteta.
"Uma casa que tem uma ótima iluminação natural dispensa o uso de iluminação artificial durante o dia - economizando o consumo de energia das lâmpadas. Por outro lado, se os vãos forem grandes demais, com insolação intensa durante todo o tempo, o ambiente absorverá muito calor e ficará quente, possivelmente tendo que compensar com o uso de arcondicionado", diz Carla.
A matéria-prima usada no projeto é outro fator determinante.
"Estou sempre buscando produtos e materiais ecologicamente corretos para usar nos meus trabalhos, como as madeiras certificadas, materiais de reflorestamento e couros ecológicos", conta a arquiteta
Débora Aguiar. Como os projetos verdes ainda têm um custo inicial mais alto, sua adoção tem sido mais rápida nas grandes construções, principalmente edifícios. Além da coleta de lixo seletiva, as iniciativas mais comuns são a coleta de óleo de cozinha, sensores de presença, captação de água pluvial para irrigação das áreas verdes, captaçãoe tratamento de água proveniente de pias e chuveiros para reutilização nos vasos sanitários, medidores de consumo individuais de gás e de água, placas de captação de energia solar para iluminação das áreas comuns e pré-aquecimento da água. Com essa economia, o custoinicial dos projetos ecológicos, que é superior ao convencional, se paga em médio prazo.
Um dos pioneiros no segmento de prédios sustentáveis no Brasil é
Luiz Fernando Lucho do Valle, dono da Ecoesfera. Desde 2004, ele já lançou 26 empreendimentos, com mais de 2.600 apartamentos e escritórios que aplicam o conceito. Uma de suas unidades custa entre R$ 80 mil e R$ 400 mil.
"Quando comecei, apenas 20% dos compradores se sentiam atraídos pelo conceito de sustentabilidade. Hoje, esse número chega a 90%", diz Lucho.
"Há uma mudança de perfil. E são as mulheres que estão mais atentas a essa característica", revela. Outro ponto favorável desse mercado é que, a exemplo da Europa, um imóvel considerado sustentável chega a ter 20% de valorização na revenda. "Percebo que as pessoas já estão menos preocupadas com modismos e mais interessadas na responsabilidade ambiental. Tenho clientes que não querem madeira no projeto se não for certificada", afirma o arquiteto
Mauricio Queiroz.
Há ainda atitudes simples que ajudam. Aproveitar a mão de obra local no período da execução do empreendimento, evitando o deslocamento de funcionários e diminuindo a emissão de gás carbônico, é um exemplo.
"Na realidade, não é difícil adotar o conceito de sustentabilidade. Há dois anos, o custo de materiais e técnicas sustentáveis era muito alto, hoje está mais acessível, e se cada um fizer uma pequena parte, vamos ajudar o planeta. Mostro sempre para meus clientes que mesmo tendo um custo mais alto, é mais benéfico", pondera a arquiteta
Emília Garcia. Não adianta negar, sustentabilidade é uma tendência que veio para ficar. E se for para adotá-la, melhor que seja em grande estilo.