No casamento aberto não há posse, mas pode haver insegurança e ciúme

Redação Publicado em 02/10/2012, às 12h59 - Atualizado em 08/10/2012, às 17h51

. -

Recentemente, o cantor Zezé Di Camargo (50) afirmou: “Estou solteiro”. Pouco antes, Zilu Camargo (49) havia dito: “Estamos em uma fase mais aberta do nosso casamento”. A frase de Zilu me fez lembrar o livro Casamento Aberto, de Nena e George O’Neill, lançado com grande sucesso em 1972.

A obra fala sobre um tipo de união na qual os parceiros teriam a liberdade de se relacionar, sexualmente ou não, com outras pessoas. As regras do que poderia ou não ser feito deveriam ser acertadas antes, a confiança seria fundamental e não haveria lugar para o ciúme. Seria esta uma boa opção para um casal?

Depende. Os escritores franceses Jean-Paul Sartre (1905-1980) e Simone de Beauvoir (1908-1986) tiveram  uma experiência assim. Teoricamente, parece perfeito. O problema é que o ciúme é instintivo e não pode ser controlado racionalmente. Mas o aspecto mais interessante nesse arranjo é justamente a ausência da posse. Ninguém é dono de ninguém. Preserva-se a individualidade, o eu é mais importante do que o nós.

Há uma tendência para o egoísmo, sim, pois importa mais viver os próprios instintos, ser feliz, do que viver para alguém. Isso traz insegurança justificada para muitas pessoas. O risco é real: a maioria dos casamentos ou namoros abertos terminam com relativa brevidade. Natural, uma vez que a liberdade torna mais fácil para ambos conhecer uma terceira pessoa e apaixonar-se por ela.

Em minha experiência, já pude notar que as mulheres suportam melhor um combinado desse tipo, apesar de sentirem ciúme. Já os homens, quando sabem que a mulher teve uma aventura, acabam se separando. Em geral, o rompimento é atribuído a outros motivos, pois eles nunca admitem não ter conseguido sustentar a tal abertura.

Esta, porém, não é uma regra geral. Há homens e mulheres que até gostam que seus parceiros se relacionem com outras pessoas. Alguns chegam a participar, criando triângulos amorosos e sexuais.

Se isso acontecer de comum acordo, tudo bem. Num certo limite, na verdade, acredito que todos os casamentos deveriam ser abertos, no sentido de se respeitar a independência e a individualidade de cada um. Assim, as portas ficariam destrancadas para, no caso de o amor ou o desejo acabarem, cada um ter a liberdade de ir viver a própria vida, sem que isso seja visto como traição ou abandono. A amizade, os compromissos e a responsabilidade com os filhos, claro, seriam mantidos.

“Até que a morte nos separe” é um juramento quase impossível de cumprir. Um casal deve ficar junto porque quer, enquanto quer. Cobranças de nada servem, o resultado é o afastamento. 

Uma relação é bonita quando um anseia pela companhia do outro, os dois sentem atração e desejo, não falta assunto para conversar, quando há planos, confiança e lealdade. Se vai haver abertura para outros relacionamentos, sexuais ou não, isso é questão de ambos concordarem. 

Qualquer arranjo pode ser feito num casamento, em relação a sexo, amizades, trabalho e dinheiro. Entre duas pessoas que resolvem unir suas vidas o que não pode haver é mentira, traição, violência, maus-tratos, indiferença. A união deve ser viva e, se morrer, que cada um permita ao outro continuar vivendo, sem ressentimentos ou mágoas. 

Arquivo

Leia também

Marido de Isadora Ribeiro morre após sofrer infarto no Rio de Janeiro

Drake tem cartão de crédito recusado durante live: ‘Vergonhoso’

BBB 23: Key Alves diz que nunca leu um livro na vida: "ficava nervosa"

Matheus Yurley tem casa roubada e ameaça: "Não vai passar batido"

Priscilla Alcantara abre álbum de fotos e arranca elogios: ‘Sempre mais legal’

Diretor de 'Travessia' comenta críticas sobre performance de Jade Picon: "normal"