Etimologia

Redação Publicado em 03/10/2011, às 20h18 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Até: de origem controversa, funciona ora como preposição — “ela trabalhou até tarde” — ora como advérbio. Veio provavelmente do árabe háttà, documentado também no espanhol hasta, às vezes escrito também hadta, adta ou ata. A perda do “s” ocorre também em outras palavras do espanhol. Mesclou-se ao latim intra, dentro, durante. O escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) registrou a variante inté em No Urubuquaquá, no Pinhém: “Viver é ver as bobagens que inté o dia de ontem a gente fez...”. Como advérbio aparece no verso “você pode até dizer que eu estou por fora”, de Como nossos Pais, cantado, entre outros, pelo compositor e cantor cearense Belchior (65).

Impressionismo: do francês impressionnisme, a partir de impression, impressão, e impressionner, impressionar. Impression está na língua francesa desde 1249, vinda do latim impressione, declinação de impressio, e impressionner chegou ao francês em 1741, do étimo latino imprimere, imprimir. A palavra surgiu no século XIX para designar movimento artístico que objetivava traduzir impressions, impressões,  por meio da arte. Na mesma época, Claude Monet (1840-1926) pintou um pôr-do-sol sobre o mar, intitulando-o Impressão, Nascer do Sol.

Legal: do latim legale, declinação de legalis, de acordo com a lex, lei. Adjetivo ou advérbio, conforme o caso, legal tornou-se entretanto palavra-ônibus no português do Brasil para expressar excelência, como lemos em A Coleira do Cão, do escritor mineiro Rubem Fonseca (86): “Mudei de roupa: Lee, camisa vermelha, um mocassim legal”, e cantamos em Mama África, do paraibano Chico César (47): “Deve ser legal/ Ser negrão no Senegal, mas no Brasil “Mama África (a minha mãe)/ É mãe solteira/ E tem que fazer mamadeira todo dia/ Além de trabalhar como empacotadeira/ Nas casas Bahia.” O português Paulo Ferreira da Cunha, catedrático da Universidade do Porto, espantou-se ao ouvir de um colega brasileiro, na noite paulistana: “Por essa rua é meio proibido”. Apesar do sinal de trânsito, não era legal, do ponto de vista jurídico, seguir por ali, mas era legal, isto é, bom, porque encurtava o caminho.

Melancolia: do grego melagkholía, de mélas, negro, e kholé, bile, portanto bile negra. O étimo mélas está presente também em melanina, o pigmento negro cuja quantidade define a cor da pele e dos pelos. Mas, no caso de melanina, a influência veio do francês mélanine e do inglês melanin. No português predominou a pronúncia grega, pois dizemos “melancolía” e não “melancólia”, a prosódia latina. Designa estado de tristeza, antigamente atribuída a excessos da bile negra e, em psicopatologia e psiquiatria, a depressão e a psicose maníaco-depressiva, marcadas por sentimentos de indefinidas tristezas e vagos desencantos.

Pecha: do espanhol pecha, regressão de pechar, pagar multa, do latim pactare, pagar um tributo. Passou a designar defeito, falha. Os primeiros impressionistas receberam a pecha da incompetência, atribuída pelo pintor e crítico francês Louis Leroy (1812-1885), criador da palavra impressionnisme, inventada para desancálos. Impressão, Nascer do Sol, ao lado de outros quadros, como Almoço no Campo, de Edouard Manet (1832-1883), e La Repasseuse, de Edgar Degas (1834- 1917), serviram de emblema e seus autores adotaram a pecha como nome redentor do movimento. Para pintar a prostituta nua ao lado de aristocratas bem vestidos, fazendo a  primeira refeição do dia, Manet usou sua modelo preferida, Victorine Louise Meurent (1844-1927), então com apenas 18 anos, também pintora, que expôs seus quadros no Salão de 1876, ano em que Manet foi recusado.

Tema: do grego thêma, dinheiro confiado a um banqueiro, argumento, assunto, pelo latim thema, com os mesmos significados, mas designando também o horóscopo, a posição dos astros na época do nascimento de uma pessoa. Tema preferencial de pré-românticos e de românticos, melancolia dá título a um belo filme do dinarmarquês Lars von Trier (56), que fala até do fim do mundo. É estrelado, entre outros, pela francesa Charlotte Gainsbourg (40) e pela britânica Charlotte Rampling (65).
 

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