A atriz Tati Villela, que interpreta Naira em “Vai Na Fé”, exaltou a representatividade presente na novela
Publicado em 11/08/2023, às 07h26
Nesta sexta-feira, 11, a novela “Vai Na Fé” chega ao fim. A trama que fez sucesso entre os espectadores e nas redes sociais foi escrita por Rosane Svartsman e abordou diversas tramas e pautas que trouxeram representatividade para as telas. Tópicos como diversidade religiosa, cuidados paliativos, vivências LGBTQIAP+, e outras, foram abordadas.
A atriz Tati Villela compõe o elenco da novela das 19h, e interpreta Naira, que é segurança do personagem Lui Lorenzo, que é vivido por José Loreto. Em conversa exclusiva com a CARAS Digital, Tati refletiu sobre a representatividade na novela.
“São muito urgentes essas pautas. É muito urgente que a indústria do audiovisual comece a inserir cada vez mais personagens e técnica negros e trans. A gente precisa de uma diversidade para a gente se reconhecer ali, e a gente evoluir como sociedade. O audiovisual imita a vida e a vida imita o audiovisual”, começou dizendo.
A artista creditou a diversa equipe de roteiristas do folhetim televisivo por abordar estas pautas ao público: “Para a gente evoluir em todas essas pautas, a gente tem que estar falando sobre isso. A gente tem que ter a caneta preta. Vai Na Fé tem roteiristas pretos e pretas, LGBT, brancos, mulheres. Ali na base, eles conseguiram reunir identidades diferentes, onde elas dialogaram entre si e conseguiram construir algo que tem um pouco de cada um”.
Tati ainda aplaudiu “Vai Na Fé” por trazer uma narrativa focada em personagens negros e da periferia: “Porque a gente está cansado de ver a vida branca na TV principalmente, os dramas da classe média. A gente quer ver também os dramas da classe baixa, os dramas da periferia, e não só falando da violência, que é onde geralmente estão essas narrativas. A gente tem que mostrar que na periferia tem felicidade, tem alegria, tá todo mundo ali muito feliz, a galera trabalha. E a galera tem subjetividade, não só trabalham, o povo ama, sonha”.
“Acho muito importante falar sobre isso, porque isso movimenta. Essa novela movimentou muito porque muitas pessoas que não assistiam novela passaram a assistir, e muitas pessoas voltaram a assistir novela. São muitos depoimentos do tipo: ‘Não via novela há muito tempo, mas Vai Na Fé...’, ‘Não gosto de novela, mas Vai Na Fé...’. A galera está se reconhecendo demais. Foi uma pontuação, não só da Rosane Svartsman, mas dessa equipe que ela conseguiu formar, desse olhar futurista dela”, ainda comentou a atriz que conversou com seguranças mulheres para viver sua personagem nas telinhas.
A atriz que voltará a fazer teatro após o fim da novela também exaltou a escolha do elenco da novela. “Essa produção de elenco foi muito bem pensada. E ela pensou mesmo em desconstruir um padrão ‘Globo’ de televisão. Está se fazendo um outro tipo de novela, um outro tipo de dramaturgia. E deu muito certo e vendeu pra caramba”, disse.
Ela ainda pontuou o retorno financeiro que o sucesso da trama trouxe para a Rede Globo:“Vai Na Fé é um dos produtos que retornou-se monetariamente grandes valores para a Globo. Esse ano a gente pode dizer que de telenovela, foi o maior produto da Globo. Você ganha não só no social, mas no econômico também”.
Tati, que também se abriu sobre sua vida pessoal na conversa com a CARAS Digital, pontuou que com “Vai Na Fé”, não existe desculpa para não abordar narrativas periféricas nas novelas. “Está se vendo que esse tipo de narrativa, de dramaturgia, vende-se muito. Não é isso que narrativas e dramaturgias periféricas não vendem. E vende, pra caramba. Está vendendo muito”, afirmou a artista.
“A gente tem Vai Na Fé como um marco dramatúrgico na TV brasileira. Porque a maioria da narrativa e protagonismo são de pessoas pretas, de pessoas periféricas. Eu não sei se é maior, mas é bem igualitário. A protagonista é preta, que é a Sheron [Menezzes], que é uma atriz de TV há 20 anos que só agora ela está tendo oportunidade de protagonizar”, contou Tati exaltando a novela e sua protagonista.
Por fim, a artista completou: “É um marco na teledramaturgia. A partir de agora não vai ser mais assim, não vai ser mais como era antes. Não tem como voltar porque não tem porquê voltar”.