O apresentador do 'Domingão' há 27 anos tem a alma impressa no DNA de seu programa na Globo
Thiago Azanha Publicado em 04/09/2016, às 10h13 - Atualizado às 10h18
Fausto Silva participou do Programa do Jô nesta semana e contou que precisou se adaptar à mudança de emissoras que realizou em 1989 – quando trocou o comando do sarcástico Perdidos da Noite, na Band, pelo Domingão do Faustão, na Globo. “Fazer o ‘Perdidos’ era uma puta irresponsabilidade! Tinha 30 anos de idade, solteiro, sem filhos. Era outra coisa. Era como colocar gilete na mão de macaco, saía cortando para todos os lados. Quando vim para a Globo, com outro horário e tipo de programa, precisei me adaptar. É outra coisa, não tem jeito”, justificou o comunicador.
Há 27 anos no ar, Faustão tem o mérito de ser o segundo apresentador brasileiro há mais tempo na TV com o mesmo programa – só perde para Silvio Santos no SBT. São dois mitos da televisão que têm liberdade para falar o que vem à mente durante seus respectivos programas. Um luxo que só quem criou uma reputação junto ao público – e ao mercado publicitário – é capaz de desfrutar.
Mesmo que falte o sarcasmo e o espaço para a improvisação que se tornaram uma marca registrada de Faustão com o Perdidos da Noite na década de 80, o comunicador consegue perguntar o que quiser aos artistas globais sem cair na marcação de seus assessores pessoais e à limitação de assuntos. O apresentador também batalha para emplacar músicos novos e sumidos nos quadros musicais sem ceder à enorme pressão das gravadoras. É interessante também ver os artistas precisando falar sobre assuntos ‘delicados’ ao vivo no ar. Foi assim, por exemplo, com Bruna Marquezine assumindo publicamente o namoro com Neymar em fevereiro de 2013.
E se adaptando ao gosto do público, lança diversos quadros de sucesso a cada ano: Dança dos Famosos, Iluminados, Ding Dong, Tem Gente Atrás, Arquivo Confidencial, Se Vira Nos 30, Truque VIP, entre outros. Sem contar, é claro, as clássicas Video Cassetadas – no ar desde o primeiro programa e que resiste bravamente com a concorrência dos divertidos vídeos disponíveis no YouTube. Apostar em novos quadros para manter o interesse permanente do público talvez seja a receita de sucesso do Domingão. Tudo com o devido aval de Fausto Silva, claro. Ele é a verdadeira alma do programa.
E é esse o real motivo da TV brasileira precisar de Faustão. São raríssimos os programas que se desenvolvem e crescem a partir do apresentador titular. Na maioria dos casos são formatos sem alma que independem do apresentador para ter algum relativo sucesso momentâneo – ou o fadado fracasso. A simples busca pelos bons números de audiência acaba descaracterizando os produtos colocados no ar por todas as emissoras. E isso não acontece com o Domingão, para sorte da plateia cativa e por mérito do lendário Fausto Silva.
