Em entrevista à CARAS Brasil, Orlando Caldeira fala sobre direção de espetáculo brasileiro na França e relembra superação de acidente grave
Publicado em 08/02/2025, às 11h30
Neste sábado, 8, o ator e diretor Orlando Caldeira leva ao palco do MuCEM (Musée des Civilisations de l'Europe et de la Méditerranée), em Marseille, na França, o espetáculo Macacada, que mistura circo, dança e teatro em uma experiência cênica única. O projeto, desenvolvido pela artista e pesquisadora brasileira Maïra, tem a co-direção de Orlando e faz parte da prestigiada Bienal de Artes Circenses da França. Em entrevista à CARAS Brasil, o artista fala sobre a estreia e recepção da obra, além de relembrar acidente em 2024: "Não posso desacreditar de mim", declara.
A apresentação em Marseille coroa uma trajetória internacional que começou com sessões em janeiro no Théâtre des Salins, em Martigues, e no Théâtre Antoine Vitez, em Aix-en-Provence. Para Orlando, essa experiência marca um novo capítulo em sua carreira, consolidando sua atuação como diretor e ampliando sua presença no cenário artístico.
"Eu já dirijo desde 2008 e, antes disso, fazia pesquisas de movimento na companhia NOME, da qual faço parte. Então, essa junção de funções não é novidade para mim", explica o artista, que também celebra o reconhecimento de seu trabalho anterior: "No ano passado, ganhei o prêmio de Melhor Direção no Prêmio de Humor do Fábio Porchat com o espetáculo Pelada."
Sobre Macacada, ele destaca a importância da parceria com Maïra: "Trabalhar com uma grande amiga que pensa o circo de forma tão interessante e atribui novos valores à performance é um grande prazer. O espetáculo aborda temas urgentes, como a influência do Mestre Nego Bispo, e propõe reflexões sobre a pluralidade cultural".
Segundo o artista, a recepção à estreia tem sido calorosa, especialmente no sul da França, uma região que respira circo e artes performáticas. Orlando conta que a primeira sessão foi marcada pela presença de mais de 50 curadores de festivais europeus.
"O teatro estava lotado, e recebemos um retorno incrível. Nos falaram sobre a ‘acrobacia de ideias’ que propusemos e sobre a importância dessa reflexão crítica para o público. Foi uma sensação incrível", compartilha.
A conexão entre diferentes linguagens artísticas — teatro, circo e dança — é um dos diferenciais do espetáculo: "Quando pensamos em circo, pensamos em pessoas no arame e pessoas voando, e ela [Maïra] faz tudo isso a partir de reflexões, trazendo muitos pensadores de uma forma muito interessante e inovadora".
Além de conquistar o público pela pluralidade, Orlando espera que Macacada mobilize o pensamento da plateia: "A peça faz uma reflexão crítica a partir das experiências de vida da Maïra, uma brasileira que vive na Europa, e do pensamento do Mestre Nego Bispo sobre as relações colonistas da sociedade. Espero que o público reflita sobre a importância de coexistências e do respeito entre diferentes culturas", diz.
Além do sucesso na França, o diretor também está envolvido na preparação do elenco da série Encantado’s, produção original do Globoplay com estreia prevista para 2025. A experiência nos bastidores, conta, foi especial não só pelo desafio técnico, mas pelo reencontro com amigos e colegas de profissão.
"Fiquei muito feliz com o convite, porque acho que essa série é uma joia da TV brasileira. O elenco é maravilhoso, composto por pessoas que admiro há muito tempo. Foi uma troca muito gostosa com essa trupe incrível."
O artista também comenta sobre o equilíbrio entre atuação e direção, funções que, para ele, se complementam: "Acho que um trabalho alimenta o outro. Como diretor, meu olhar como ator me ajuda a entender melhor o que cada um precisa em cena, e vice-versa. Isso torna o processo mais orgânico e rico para todos".
O ano de 2024 não foi apenas de conquistas para Orlando. No início do ano, o artista sofreu um grave acidente de moto, que exigiu um longo processo de recuperação. Ao relembrar esse momento, ele destaca o aprendizado que tirou da experiência:
"O ano de 2024 foi um ano de recuperação, e eu, que muitas vezes me sabotei, precisei me dar parabéns. Percebi que lutei contra muitas coisas e que, apesar dos desafios, consegui me reerguer".
O diretor confessa que, por muito tempo, duvidou de si mesmo, mas que o acidente o fez enxergar sua própria força. "Se eu superei esse acidente, supero qualquer coisa. Às vezes, desacreditamos tanto da gente que precisamos passar por uma situação extrema para perceber que somos mais fortes do que imaginamos", explica.
Sobre o futuro, Orlando promete novidades tanto como diretor quanto como ator. No entanto, prefere manter segredo por enquanto: "Tenho projetos incríveis a caminho, mas vou deixar para falar mais para frente para não dar spoiler.", conclui.
Ver essa foto no Instagram
Leia também: Saiba quem deve apresentar o Troféu Imprensa após a morte de Silvio Santos