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Revista / CARREIRA

Yuri Marçal conta como transformou os 'nãos' em combustível: 'Mereço muito'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Yuri Marçal celebra êxitos na vida e nas artes

por Fernanda Chaves
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Publicado em 16/02/2024, às 13h00

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Em sua casa, no Rio de Janeiro, Yuri exibe o Kikito de Melhor Ator Coadjuvante por Mussum – O Filmis - FOTOS: SELMY YASSUDA
Em sua casa, no Rio de Janeiro, Yuri exibe o Kikito de Melhor Ator Coadjuvante por Mussum – O Filmis - FOTOS: SELMY YASSUDA

Eleito o melhor ator coadjuvante no Festival de Gramado do ano passado, por Mussum – O Filmis; e com ingressos para seu stand-up esgotando-se cada vez mais rápido, Yuri Marçal (30) colhe frutos de seu esforço. “E é um trabalho que não para, né? Porque com esse reconhecimento, cresce também a responsabilidade de manter tudo isso. Quando a pessoa vai ao meu show, ela tira um tempo para rir e vai com a expectativa grande, então tenho que entregar sempre o meu melhor”, avalia ele, em papo exclusivo com CARAS em sua casa, no Rio.

Apesar de tímido, desde novo ele ouvia que era uma pessoa engraçada. “A comédia sempre foi uma coisa que me salvou muito”, diz ele. O carioca chegou a cursar Direito, mas foi tomado pela arte e passou alguns perrengues até conquistar seu espaço. “É pesado correr atrás e ver portas fechando, dormir em rodoviária. Foi uma loucura! Hoje, com esse olhar mais distante, fico lembrando das histórias e brinco: ‘ainda bem que ganho dinheiro, porque mereço muito’. Eu morava em uma favela em Campo Grande, fazia faculdade de manhã, trabalhava de tarde e, à noite, fazia teatro na Barra da Tijuca. Chegava em casa às 3h da manhã para ter que acordar às 6h e fazer toda essa rotina de novo. Às vezes, não tinha mais ônibus e eu andava quilômetros de madrugada e ainda chegava em casa empolgado, porque o teatro tinha sido legal. Foram três, quatro anos intensos demais”, recorda.

Mas tudo valeu a pena! Com menos de dez anos de carreira, Yuri já acumula marcos históricos. Ele foi o primeiro humorista a fazer um stand-up solo no Theatro Municipal de São Paulo e o primeiro comediante negro no Brasil, em 15 anos, a ter um especial na Netflix. Além de interpretar o saudoso humorista Mussum (1941-1994) no longa, o artista ainda se vê dividindo palco com pessoas que sempre admirou. No último mês, por exemplo, ele abriu o Festival Humor ContraAtaca, no Rio, que contou com apresentação de nomes como Leandro Hassum (50) e Nany People (58). Diante de tudo, a ficha demora para cair! “Eu não paromuito para pensar em tudo que já conquistei, porque acho que pode ser que você fique emocionado, feliz demais e, ao mesmo tempo, pode se sabotar, ficar naquela ansiedade de pensar: ‘E agora, para onde vou? O que vou fazer?’, mas é muito bacana, eu sou novo e tem tanta coisa acontecendo. Fico feliz!”, celebra o artista.

Hoje, quem vê o sucesso de Yuri pode até não acreditar, mas ele já ouviu que não seria ator. A resistência, porém, falou mais alto. “Isso é uma coisa que sempre vai ter. E até quando você, de fato, conquista um papel gigante, de destaque e que é o seu sonho, como foi o Mussum, você ouve coisas como: ‘Yuri não! Tem muita parte de drama no filme e ele é comediante’. Sendo que eu sou ator”, explica ele. O que poderia tê-lo desmotivado acabou servindo de combustível. “O único sentimento ruim que me deu foi a preocupação, porque quando uma pessoa de relevância do meio fala não, isso pode ter um peso para outras não te darem oportunidades. E se eu não tiver oportunidade, como eu vou mostrar meu trabalho?”, reflete Yuri.

Com a carreira em ascensão e levando uma vida mais confortável, o artista consegue proporcionar aos filhos, Ícaro (9) e Yuna (4) uma infância diferente da que teve. Noivo da atriz Jeniffer Dias (32), ele avisa que os dois estão trabalhando tanto que não pensam em oficializar a união este ano. “Mas pode ser do nada também! E se eu perguntar: ‘Vamos casar quinta-feira?’. (risos) Mas a gente está superbem, aproveitando esse momento de vida, carreira, viagem”, afirma.

Quanto ao futuro, ele prefere não pensar muito. Por quê? Para não surtar. “Eu quero continuar fazendo stand-up, mas eu estou tentando voltar a me dedicar à parte de ator. Eu estava muito focado na comédia, propositalmente mesmo, mas, agora, quero focar no lado ator. Fazer, quem sabe, outros filmes, séries”, conta o humorista, que também não descarta participar de uma novela. 

FOTOS: SELMY YASSUDA; ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: ROBSON ABREU