Eleito de Elizabeth II, o duque é dono de espírito livre e humor ímpar
Completar 99 anos é um feito que poucas pessoas alcançam em sua caminhada de vida e quem acaba de integrar essa seleta e distinta lista é o príncipe Philip, o duque de Edimburgo. Avesso às comemorações, principalmente, quando se trata de seu próprio aniversário, o nobre celebrou a data da maneira que mais gosta: em meio ao silêncio e à tranquilidade do Castelo de Windsor, em Windsor, na Inglaterra, e ao lado da amada, a rainha Elizabeth II (94). Curiosamente, essa é a primeira vez que o duque festeja o aniversário de maneira tão intimista, afinal, o casal segue isolado há quase 90 dias por conta da pandemia. Homem direto e de poucas palavras, ele é taxativo ao falar sobre seu aniversário: “Quem se importa com o que eu penso sobre isso?”, indagou ele. “Philip tem sido simplesmente minha maior força e meu apoio durante todos esses anos”, elogiou a soberana.
Casado com Elizabeth há 73 anos, Philip sempre foi o braço direito da rainha e, desde que trocou alianças com a soberana, fez questão de se manter à sombra da monarquia. Seu protagonismo nos bastidores, no entanto, é indiscutível. “Eu, toda minha família, a Inglaterra e muitos outros países temos com ele uma dívida imensa, que ele nunca reivindicaria ou que nós jamais saberemos”, já falou a monarca. Para Philip, conquistar o coração de Elizabeth foi tarefa fácil, mas os protocolos reais exigiram uma alta dose de desprendimento. Precisou renunciar aos seus título gregos e dinamarqueses — casas reais às quais pertencia —, e se converter ao anglicanismo. Um dos poucos episódios em que demonstrou descontentamento com sua posição foi quando a amada ascendeu ao trono, em 1952. Na época, o duque almejava que seu sobrenome, Mountbatten, passasse a dar nome à casa real, porém, sua sogra, Elizabeth (1900–2002), foi contra e acabou influenciando na decisão de manter a coroa como a casa dos Windsor. “Sou o único homem no país que não tem permissão de dar seu nome aos próprios filhos”, lamentou Philip. Apesar da preocupação com os herdeiros, Charles (71), Anne (69), Andrew (60) e Edward (56), no quesito paternidade, o duque sempre foi visto como um pai objetivo, duro e de poucos afetos. Foi Philip, por exemplo, quem deu um ultimato ao primogênito para se casar com a saudosa Diana (1961–1997), com quem sempre manteve uma relação de altos e baixos. A relação com Charles também teve períodos conturbados. Dono de veia atlética e bélica, Philip desejava que o herdeiro seguisse seus passos, mas Charles sempre tendeu às artes, mostrando-se um rapaz sensível e sem o espírito competitivo do pai. “Charles é um romântico, eu sou um pragmático”, já declarou o duque.
Por trás da personalidade fechada, Philip mantém um humor ácido e irreverente. Em encontro no Palácio de Buckingham, em 2013, com a jovem ativista paquistanesa Malala Yousafzai (22), que quase morreu por defender o direito das crianças de ir à escola, o duque disparou: “As crianças vão para a escola porque seus pais as querem longe de casa”. Malala não teve outra opção que não rir da declaração inusitada. Já em 2001, durante evento com adolescentes, ele foi abordado por Andrew Adams (13), que lhe relatou seu desejo de ir para o espaço. A resposta foi imediata. “Você é muito gordo para ser um astronauta.” Assuntos econômicos também entram para a lista de gafes de Philip. Em meio à recessão inglesa dos anos 1980, ele criticou as insatisfações sociais com uma frase nada amistosa: “Todo mundo sempre dizia que nós precisávamos de mais tempo de lazer. Agora estão reclamando que estão desempregados”, argumentou. Nem o astro Elton John (73), que morava nos arredores de Windsor, escapou! “Sabe quem é o idiota que conduz por ali com um carro horrível, amarelo vibrante?”, perguntou o duque ao cantor. “Na verdade, é meu, Alteza”, respondeu Elton, prontamente repreendido pelo nobre. “O que diabos está pensando? O carro é ridículo e te faz parecer um idiota. Livre-se disto!”, alertou.
Em seu currículo militar, Philip ingressou para a Marinha Real Britânica em 1939 e chegou a servir a Inglaterra na Segunda Guerra Mundial. Após Elizabeth assumir a coroa, o duque passou a exercer algumas funções administrativas na Marinha Real e a acompanhar a eleita nos compromissos oficiais da monarquia. Já nos esportes, sua paixão sempre foi o críquete.
Se a amada é a rainha mais longeva da história, Philip não fica atrás, sendo o consorte há mais tempo no posto. Nas duas últimas décadas, no entanto, o duque apresentou a saúde debilitada e, em 2017, anunciou que se afastaria das funções públicas. “Eu fiz minha parte”, resumiu ele. Hoje, Philip só faz aparições nos eventos da família, como no casamento do neto Harry (35) com Meghan Markle (38). Mesmo com a aposentadoria, Philip não deixou de ser assunto. Em 2019, sofreu acidente enquanto
dirigia seu carro. Ele estava sem o cinto de segurança e, abalado, entregou a habilitação. Hoje, prefere ficar longe da direção.