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Revista / ENTREVISTA

Silvia Pfeifer vive nova fase e reflete: 'Me sinto mais dona de mim'

Em entrevista à Revista CARAS, a atriz Silvia Pfeifer levanta o debate do etarismo e celebra o retorno às novelas da Globo

por Fernanda Chaves
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Publicado em 04/07/2025, às 11h00

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A atriz Silvia Pfeifer - Foto: Priscila Nicheli
A atriz Silvia Pfeifer - Foto: Priscila Nicheli

Após dez anos, Silvia Pfeifer (67) retorna à TV Globo em uma participação mais do que especial na trama das 7, Dona de Mim. "Gosto de fazer novela, estava com saudade", afirma a atriz, cuja última atuação em folhetins foi há três anos, na RecordTV.

Leia também: 'Espero que seja realmente uma reaproximação', confessa Silvia Pfeifer sobre retorno à Globo

O nome da trama global não poderia ser melhor, pois se encaixa com a atual fase dela. Engajada na luta contra o etarismo, a artista se sente cada vez mais livre e bem com ela mesma. "É se trabalhar o tempo inteiro, ter a certeza de que está fazendo o seu melhor e que você não vai agradar a todo mundo", diz ela, em papo exclusivo com CARAS, no Hotel Nacional, no Rio.

Foto: Priscila Nicheli
Foto: Priscila Nicheli
Foto: Priscila Nicheli
Foto: Priscila Nicheli
Foto: Priscila Nicheli
Foto: Priscila Nicheli
Foto: Priscila Nicheli


Como chegou até a novela?
Fui chamada pelo produtor de elenco, Giovani, que me perguntou se eu tinha interesse e disponibilidade para fazer uma participação importante na novela. E é melhor ainda do que ele disse! Foi curioso, porque eu tinha comentado com uma amiga que tinha visto dois capítulos da novela e que tinha achado linda, bem-cuidada, com ritmo, o elenco foi bem escolhido, coeso. Então estou feliz!

Ainda dá um frio na barriga na estreia?
Dá! Eu estava com frio na barriga, começando a ficar apavorada [risos]. Mas isso é bom, move a gente! Você querer fazer bem, sentir que gosta do que faz e ainda existe uma expectativa não só sua, mas de quem está do outro lado da tela também.

Fazendo ligação com o título. Quando se tornou dona de si?
Eu, Adriana Garambone e Helena Fernandes estamos fazendo um movimento contra o etarismo e em uma gravação de um papo nosso eu disse que estou adulta agora. Acho que nasci velha e estou me tornando um pouco criança. Mais jovem, mas de uma forma adulta. Antes eu tinha muito compromisso com as coisas, era muito séria, mas não abocanhei realmente a vida, embora tenha me sustentado desde os 19 anos. Com o passar do tempo, a necessidade, os filhos, a separação depois de muitos anos de casada... essas experiências de vida vão te dando um lugar, uma sabedoria. Me sinto mais madura, mais dona de mim, porque tive que olhar para essas coisas.

Nós estamos em constante evolução...
A gente não está preparada, não está madura para tudo o tempo inteiro e faz parte da vida. Mas agora tenho mais consciência das minhas limitações; quando era jovem eu não tinha, achava que estava tudo certo, que eu conhecia tudo. A vida me mostrou que tive que me colocar de uma forma diferente. Nesse aspecto, eu sou um pouco mais dona de mim. Com o passar do tempo a gente se torna mais seletiva, se entende mais, sabe o que a gente é e o que realmente importa.

Que bom que usaram a visibilidade de vocês para levantar discussões sobre o etarismo!
Quem começou foi a Claudia Ohana e a gente achou importante. Temos um projeto que está engatinhando ainda, de nós três, para falar mais sobre essa nova realidade. A mulher dos 60 anos hoje não é a do passado. Não dá para você ficar querendo comparar, principalmente por uma questão visual. Nós estamos envelhecendo cada vez melhor fisicamente. Nossos avós, bisavós, quando chegavam aos 40, 50, já estavam bem senhores. A gente se produz mais. Fora que trabalhar é muito bom, você se sente produtivo, cria uma energia, tem uma combustão interna ali que te deixa atual, te deixa vivo e isso torna a gente mais jovem, mais participante da sociedade. As relações se renovam, principalmente quando você trabalha com pessoas de idades diferentes. Por isso queremos falar sobre isso e é importante ouvir o outro. A gente quer trazer os homens para essa conversa, porque eles têm também um processo de  adaptação a essa nova mulher que está aí e acho que é conversando que a gente chega a um lugar bom.

Os papéis foram diminuindo quando a idade foi chegando?
O etarismo é muito mais presente e visível no mercado para as mulheres do que para os homens. E isso é em qualquer profissão e até para as mais jovens. Em algumas empresas é questionado se vão preferir a mulher ou o homem, porque a mulher engravida, tem licença-maternidade. A gente acaba sofrendo a consequência dessa cultura da sociedade. Eu acredito que até tenha diminuído um pouco o meu volume de trabalho por causa disso. E olha que estou envelhecendo bem. Você vê atrizes que estão bem e que são até melhores do que eu e não existem textos para elas. A pessoa tem que correr atrás de um texto, tem que se produzir. Acho ótimo a gente se produzir, eu estou com três projetos de teatro em andamento. Mas também precisamos de mais oportunidades.

E por que não histórias e papéis com o perfil de vocês, né?
Pois é. Cada vez mais você vê pessoas mais velhas e producentes. Como em uma história você não equilibra uma pessoa mais velha com uma jovem? É nesse momento que existem os conflitos, são visões, experiências, expectativas diferentes. Um dos meus projetos é sobre um casal maduro. Como é a vida dessa pessoa? Como é que ela namora? Como é uma relação afetiva de um casal que já tem idade? Que expectativa as pessoas têm de estarem juntas ou não? Como vai ser a vida? Como vai ser o fim da vida? São muitas coisas que pessoas mais velhas têm que começar a se preocupar, questões que podem atordoar uma pessoa que chega à idade que eu estou, por exemplo. E isso não é falado? Isso tem que ser falado!