Amaury Jr lança atração na TV Cultura e dispensa a palavra aposentadoria
O agito, o lifestyle dos famosos e as noites badaladas já não traduzem a essência do trabalho de Amaury Jr. (73). “Achei que era hora de mudar”, afirma ele. Prestes a estrear uma nova atração na TV Cultura, ele descarta, porém, qualquer possibilidade de aposentadoria. “Não. Essa palavra, para mim, equivale ao caminho da morte”, dispara, aos risos, durante entrevista exclusiva para CARAS, em SP.
Há mais de 40 anos no ar e consagrado como um dos grandes nomes do colunismo social, o apresentador chega à nova casa com uma proposta inusitada e cheio de ânimo. “Acho que o público não está mais interessado em festinhas. Sempre tive o sonho de fazer um programa mais sério”, diz ele, que, em julho, optou por deixar a RedeTV! onde, por 21 anos, esteve à frente do programa Amaury Jr. “Enquanto durou, foi muito bom, mas, antes que todos se enchessem mais do formato, decidi mudar a mim mesmo e fazer um programa diferente em cima de pilares como seriedade e profundidade. Tudo isso, claro, sem perder a leveza”, explica. A nova atração da TV Cultura, que também tem seu nome como título, estreia nessa semana, dia 27 de outubro, e será exibida semanalmente às sextas-feiras, às 23h30. “Traremos suavidade à programação do canal. Um frescor na medida certa”, define o paulista, empolgado.
Em busca de uma abordagem diferente para a TV brasileira, Amaury pretende dividir o programa em duas partes: na primeira, as diversas nuances de um tema específico e inusitado, enquanto, na segunda, a diversão social que sempre o acompanhou ganha uma nova roupagem. “Não serei como um documentarista, mas pretendo falar de temas que as televisões não estão acostumadas a abordar, como, por exemplo, flores. Será um assunto e todas as possibilidades em torno dele”, explica o apresentador que, pela primeira vez, enxerga seu profissionalismo de um jeito diferente. Para ele, a internet e o crescimento das redes sociais foram os principais motivos para as mudanças no jornalismo de entretenimento.
“O programa de coluna social se esvaziou por conta da internet. Ninguém vai guardar aquela novidade para mim, a pessoa vai lá e simplesmente posta no perfil dela para que todo mundo fique sabendo”, reflete ele. Embora também busque se manter ativo no cenário digital, Amaury não esconde o orgulho por tudo aquilo que já fez em sua trajetória profissional. “Me orgulho muito do meu trabalho nesses 40 e tantos anos no ar. Até porque eu comecei sozinho fazendo isso que todo mundo faz hoje. Perseguir a vida íntima de todo mundo era só eu que fazia”, conta ele, que começou a trabalhar com colunismo social aos 14 anos no Jornal Diário da Tarde, na cidade de São José do Rio Preto, interior de SP. Sua estreia com a mesma vertente na TV aconteceu em 1982, com o lançamento do programa Flash, na TV Gazeta.“Eu tinha grandes sonhos e realizei muitos deles. Fui o único cara a entrevistar João Gilberto antes da morte, fiz diversas entrevistas internacionais... é tanta coisa, que minha memória não pode alcançar”, relembra. A maturidade e a vida pessoal também influenciam seu otimismo. Casado há 48 anos com Celina Ferreira (70), ele se molda através da família. “Ela consolida meus pensamentos”, diz.
Sem perder o ritmo e com vitalidade de sobra, ele não pensa em parar tão cedo. “Eu tenho amigos que se aposentaram e decidiram não fazer mais nada. De fato, não fizeram mais nada mesmo, foram direto encontrar Deus”, comenta. Além do programa na TV, Amaury segue com seu blog de notícias diárias e pretende escrever um novo livro. “Já fiz outros seis, mas acho que nenhum ficou bom. Eu não tenho uma reflexão íntima minha por escrito... e é isso que eu quero fazer”, adianta. “Não quero parar de trabalhar. Acho que essa é a pior decisão da vida. Eu sempre estudarei muito. Então, aposentadoria não, mas talvez eu diminua o ritmo. Acho que o caminho é por aí”, idealiza.
FOTOS: ANGELO PASTORELLO