Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Uiliana Lima celebra o sucesso em participar de Renascer e o retorno do público
Publicado em 25/02/2024, às 11h00 - Atualizado em 26/02/2024, às 13h59
Dez capítulos foram suficientes para que Uiliana Lima (30) arrebatasse o público e os críticos de TV com sua Morena, da novela Renascer. “Tenho recebido um retorno maravilhoso! As pessoas perguntam onde eu estava esse tempo todo, como nunca me viram antes... Eu estava esperando a oportunidade chegar!”, conta. E a atriz alagoana lutou para conseguir mostrar seu trabalho! Jornalista formada e modelo, enfrentou dificuldade para investir em algo que, por muito tempo, parecia impossível. Agora não é mais. O remake da TV Globo abriu caminho para uma carreira que tem tudo para ser promissora. “Se antes era uma projeção, desejo, agora é uma confirmação de que eu realmente estou na carreira que amo e que quero fazer para o resto da vida”, frisa ela, em papo exclusivo com a CARAS.
– Essa é a mesma pergunta que te faço. Onde você estava? Qual é a sua história?
– Eu sou de Alagoas, Maceió, sou formada em Jornalismo, mas, em 2016, fui para São Paulo para trabalhar como modelo. Todo dinheiro que eu ganhava, investia na minha carreira de atriz, era um sonho, só que eu achava que era muito difícil viver disso, eu não tinha ninguém da família na área. Comecei a fazer curso técnico, workshop de audiovisual e, em 2018, participei da Trupe Cena, projeto da TV Globo para novos artistas, no qual fiz uma peça. Então, desde aquela época, a TV Globo já me conhecia, mas a oportunidade veio agora.
– E veio na hora certa?
– Sinto que foi no melhor momento, passei anos me preparando para isso. Se essa oportunidade tivesse vindo alguns anos atrás, quando comecei já na ansiedade de buscar papéis, talvez não teria dado tão certo, talvez eu tivesse desperdiçado a chance. Então, veio quando tinha que acontecer.
– Passou por muita coisa até chegar aqui?
– Muita! Pensei em desistir milhões de vezes, achei que estava sonhando alto demais. Durante todo esse tempo, principalmente depois da pandemia, as coisas ficaram muito difíceis, meus trabalhos de modelo começaram a diminuir e como atriz também ficaram cada vez mais escassos. Pensei em desistir várias vezes, mas algo me dizia que eu tinha que persistir nisso.
– Sempre teve esse sonho?
– Desde criança eu gostava de manifestações culturais, gostava de dançar coco de roda; nas feiras de cultura na escola, eu gostava de me apresentar, mas não tinha nem aula de teatro na escola, então não sabia que dava para ser uma profissão. A gente não tinha costume de ir ao teatro, na minha cidade é difícil as pessoas criarem esse hábito. E, inclusive, é um sonho meu, que as pessoas da minha cidade invistam mais nisso, enxerguem a cultura como algo, como diria Gilberto Gil, ordinário e não extraordinário, a gente tem que ter a cultura do nosso arroz e feijão. Eu cresci numa família que não costuma ir ao teatro, então era distante. Quando cheguei a São Paulo e a coisa de modelo foi dando certo, fui conhecendo pessoas da Publicidade, do Audiovisual, que me indicaram cursos. Em 2017, fui fazer uma temporada de modelo em Paris e voltei para o Brasil só para passar as férias, mas fiz um curso de teatro e me apaixonei. Eu falei: ‘Quer saber, vou ficar no Brasil mesmo, não vou seguir com essa carreira internacional, porque é o que eu amo fazer, então vou investir nisso’. Mas em vários momentos pensei em desistir mesmo, porque é difícil, financeiramente falando também.
– É verdade que você quase não fez o teste para a Morena?
– Ano passado eu estava assim: ou acontece ou vou ter que buscar outra coisa na minha vida, porque eu não tinha mais dinheiro para pagar as contas. E aí recebi um teste para um outro projeto no Rio de Janeiro, peguei dinheiro emprestado e fui de ônibus para lá. Eu não tinha dinheiro para ficar no Rio, podia até ficar na casa de um amigo, mas iria gastar também. Então, eu tinha um ônibus para retornar à noite. O ônibus, de aplicativo, atrasou 3 horas, fui criando amizades no ponto, inclusive com uma menina que também era atriz e estava indo para SP. Quando o ônibus chegou, tive uma sensação muito forte de que eu não deveria embarcar, uma sensação ruim. A menina me disse que teve a mesma sensação e me falou para ficar na casa dela, que pela manhã a gente pegava uma praia e depois eu voltava. Ficamos amigas, inclusive. No outro dia, recebi uma ligação da Marcella Bergamo, produtora da novela, me convidando para fazer o teste. Eu falei que estava no Rio e ela arrumou um encaixe, consegui fazer esse teste e deu certo!
– Desistir, agora, nem deve mais passar pela sua cabeça! Renascer foi uma ótima vitrine.
– Foi, muito! É difícil a gente se vender como atriz sem ter as primeiras oportunidades, alguém tem que acreditar na gente, né? E eu tive essa grande chance em Renascer, por aprovação da Marcella e do Gustavo Fernández, nosso diretor artístico. Eu serei eternamente grata, porque eles deram minha primeira grande oportunidade. A Morena foi um divisor de águas na minha vida. E tem essa coisa de ser novela, um projeto muito popular, né?
– Você está sentindo essa popularidade na rua?
– Nas ruas e nas redes sociais o retorno do público é muito bom. Até pessoas que cresceram comigo em Rio Largo, que não sabiam que eu era atriz, têm esse impacto e falam: ‘Nossa, mas você começou agora e já está assim?’. Eu digo que foram muito anos de estudo, esperando essa oportunidade chegar. Eu me perguntava por que eu continuava investindo tanto. Mas é isso, tem que acreditar até que um dia vai chegar.
– Sempre quis fazer novela?
– Eu queria trabalhar, a princípio era isso, mas sempre assisti à novela. Acho que todos os brasileiros cresceram com as novelas, é a nossa primeira referência. Eu amo teatro, amo cinema, série, mas novela é uma coisa muito grande, popular e ver seu trabalho chegando a tantas pessoas é muito legal, ver que minha arte atravessa pessoas de diferentes partes do Brasil, de diversas classes econômicas, raças, isso é muito legal. Fora que é muito especial também trabalhar com pessoas que eu cresci assistindo, foi um grande aprendizado. Então, era um desejo, sim, fazer novela e estou feliz que foi com Renascer, que é um primor.
– Essa porta que se abriu te deu mais gás para seguir, não é? Já tem projetos futuros?
– Me deu muito gás! Se antes era uma projeção, desejo, agora é uma confirmação de que eu realmente estou na carreira que amo e que quero fazer para o resto da vida. Ainda não tenho nada confirmado, mas estou querendo que seja um ano de muito trabalho. Eu estou com sangue nos olhos para trabalhar, ‘vambora’! Quero muito fazer outros trabalhos, não sei se novela, cinema ou teatro, vamos ver o que este ano aguarda, mas estou aberta a novos projetos, com certeza.
FOTOS: WOULTHAMBERG RODRIGUES