Rainha de bateria da Grande Rio, Paolla Oliveira confessa inseguranças e questiona cobranças
A história do carnaval é feita de musas. E Paolla Oliveira (40), sem dúvida, é um capítulo à parte quando o assunto é o samba. Rainha de bateria da Acadêmicos do Grande Rio e dona do título de símbolo sexual da festa, a atriz confessa que fugir de rótulos é sua constante luta.
“A gente precisa desconstruir essa ideia careta. A gente está vivendo um momento de muita liberdade, liberdade do nosso corpo. Estou sedenta por mudanças na minha vida e não quero mais ficar cedendo aos velhos padrões. Não tem essa história de preparação para o carnaval, a gente já está preparada!”, disparou ela, no ensaio técnico da Acadêmicos do Grande Rio, na Marquês de Sapucaí. Consciente de seu papel como figura pública, Paolla quer usar a voz para desmistificar a imagem do corpo feminino. “Se eu tenho essa voz, por que não fazer uma reflexão e inspirar as pessoas. Quero estar bonita, quero estar bem no carnaval, mas tenho muito mais coisas para falar, quero questionar e quero que as pessoas se sintam questionadas”, falou a atriz, em entrevista exclusiva à CARAS.
De férias das telinhas desde o fim da trama global das 7, Cara e Coragem, Paolla admite que, por muito tempo, a insegurança foi uma espécie de inimiga interna, principalmente, quando o assunto era seu corpo. “Já venho me incomodando com tudo isso há muito tempo, mas nem sempre a gente percebe que está fazendo parte de padrões, é meio sem nem perceber. A gente precisa renascer e acho que estou reflorescendo de mim mesma, das minhas questões, das dificuldades e de um lugar que eu posso falar com muita tranquilidade, que é esse do corpo, da beleza, da exposição, das pressões e dos padrões”, diz a eleita do sambista Diogo Nogueira (41).
Sem se abalar com julgamentos e com o olhar do outro, Paolla quer mostrar às mulheres que empoderamento não é uma questão estética. “A gente nunca é o suficiente para quem tem uma expectativa que não é a sua realidade. A gente está sempre fora dos padrões. Por mais próxima que eu esteja de algum padrão, eu nunca estou aceitável, me sinto inadequada várias vezes e isso, infelizmente, é uma constante para todas as mulheres. E eu me enquadro nisso”, explica ela, cuja fala é inspirada pelo próprio carnaval. “Estou aqui porque me identifico com essa festa, gosto de me identificar com outras mulheres e com pessoas que têm problemas diferentes dos meus. O carnaval me inspira a falar de coisas que são importantes para mim”, emendou Paolla.
Após o ensaio, ela deu rasante no Camarote Arpoador, do qual é a musa. E, mais uma vez, brilhou. Neste ano, a escola do coração de Paolla leva para a avenida do samba uma homenagem ao singular Zeca Pagodinho (64), que, claro, marcou presença na noite. “Zeca Pagodinho que me perdoe, mas eu prefiro levar a vida do que deixar a vida me levar!”, brincou a rainha da agremiação, em referência à música Deixa a Vida Me Levar e, mais uma vez, provando que é dona de sua história e de suas escolhas. “Será um desfile lindo, animado, feliz... a Grande Rio já faz há muitos anos um desfile campeão e, no ano passado, isso foi confirmado”, argumentou a atriz, cuja opinião é reforçada por Jayder Soares, presidente de honra da escola. “Nós vamos conseguir nos consagrar mais uma vez! Se não fosse a comunidade de Caxias, não conseguiríamos toda essa vitória. É um trabalho de família”, celebrou ele, confiante no samba-enredo: Ô Zeca, o Pagode Onde É Que É? Andei Descalço, Carroça e Trem, Procurando por Xerém, pra Te Ver, pra Te Abraçar, pra Beber e Batucar!
Adorada por uma legião de famosos, a escola contou com um ensaio estrelado. Nomes como a eterna musa do carnaval Luiza Brunet (60) com a filha, Yasmin Brunet (34), Monique Alfradique (36), Renata Kuerten (34), Pequena Lo (27), Mileide Mihaile (33), além de David Brazil (53) e Xamã (33) marcaram presença. “Estar com a Yasmin aqui é emocionante! A primeira vez que ela desfilou, estava na minha barriga! Ela sempre me acompanhou nos ensaios, no barracão da escola. Ela fica preocupada com as comparações, mas vai se sair superbem”, assegurou Luiza, sobre a estreia da filha como musa da
escola. “Eu acho que a minha mãe vai chorar quando eu estiver na avenida. Quando me perguntavam quando eu desfilaria, minha resposta era: deixa a vida me levar. Não poderia fazer a estreia em um samba-enredo melhor. Estou feliz, ansiosa e bem cansada, porque é um preparo e tanto!”, emendou Yasmin.
Além do gingado e do amor pelo carnaval, outro denominador comum das musas da noite é a relação de profunda intimidade com CARAS, que completa 30 anos e que, para celebrar a data, volta em grande estilo à folia carioca. “É maravilhoso fazer parte da história da CARAS Brasil. Eu fiz muitas matérias, no Castelo, na Alemanha, em vários lugares, com as crianças pequenas... eu sinto que sou parte dessa história!”, destacou Luiza, que ainda fez uma viagem no tempo. “Estive na capa de número 1! Era o Roberto Marinho e a Lili Marinho e tinha uma fotinho pequena minha com a Yasmin!”, recordou a eterna musa, com olhar de nostalgia.
FOTOS: JULIANA FERRER; PAULO DE DEUS E DIVULGAÇÃO/AGÊNCIA LABI; DIREÇÃO CRIATIVA E PRODUÇÃO: FABRÍCIO ANDRADE; STYLING: MARCELL MAIA; LOOK: ATELIER MARCIO FERREIRA; HAIR: FELLIPE PARKS; BELEZA: GABRIEL GOMEZ E AGRADECIMENTOS: AGÊNCIA LABI