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Padre Marcelo Rossi inaugura santuário e conta sua história de fé e superação

Inauguração de santuário para 100 mil pessoas dá novo ânimo ao líder católico

Redação Publicado em 18/12/2012, às 11h02 - Atualizado em 19/03/2020, às 13h01

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Campeão de vendas de CDs, DVDs e livros, o padre Marcelo se diverte ao jogar água benta em baldes nos fiéis. - Marco Pinto/Savona
Campeão de vendas de CDs, DVDs e livros, o padre Marcelo se diverte ao jogar água benta em baldes nos fiéis. - Marco Pinto/Savona

Por ser um homem da fé, o padre Marcelo Rossi (45) acredita que Deus age em todos os acontecimentos de sua vida. Nos bons — como ser o bem-sucedido cantor que já vendeu mais de 12 milhões de cópias de seus CDs ou o escritor recordista com Ágape, que chegou a 8,2 milhões de exemplares vendidos — e nos ruins — como os problemas de saúde que enfrentou. “Acredito que tenho Deus me guiando. Até as coisas boas e as não boas me fazem crescer. Na vida, temos acertos e erros. Feliz aquele que consegue aprender com os erros e não se vangloriar com os acertos e continuar firme na jornada ou mudar os caminhos se preciso for. Tenho muito a aprender”, diz o líder da Renovação Carismática Católica, que acaba de realizar um sonho, sua grandiosa obra: o santuário Mãe de Deus, projetado pelo renomado arquiteto Ruy Ohtake (74) em uma área de 30000m2, com capacidade para 100000 pessoas, na zona sul de SP.

Para os milhares de fiéis que acompanham suas missas, o veem na TV, o ouvem na rádio ou leem seus livros, a história do padre é de superação. Ele voltou a sorrir.

– O senhor realizou um grande sonho...

– Este sonho já vem desde 1997. Pensava na igreja que tínhamos na Nossa Senhora do Socorro, que atendia 1% da população da região. Mesmo que celebrasse seis missas por dia, não seria suficiente. Tinha de ser um lugar grande. Em 11 anos, pensei que não poderia mais ficar de um lado para o outro, alugando espaços. O terreno na avenida Interlagos custava 12 milhões de reais, mas consegui comprar por 6 milhões. Demorou muito tempo para terminar a fundação. Agora inauguramos, ainda inacabado. Se demorar cinco ou dez anos, não importa. Quando acabar, vai ser um cartão-postal para São Paulo, um legado que valorizará mais a região.

– Foi difícil construir?

– Eu seria milionário se todo o dinheiro que ganhei com CDs, DVDs e o livro fosse para mim. O dinheiro é meu, mas eu doei. Mas eu sou padre. Não sou autor das músicas, ganho como intérprete. Com uma obra como esta, com a beleza e a riqueza que ela tem, precisava de muito dinheiro. Sem o Ágape, já teria construído um templo normal. Mas foi graças a ele que consegui chegar até aqui. Em 2013, um pintor italiano vai fazer painéis com os momentos marianos no altar. E virá de Roma autorização para que o templo seja a nova catedral da Diocese de Santo Amaro. Daí são novas responsabilidades e meu trabalho passará a ser mais valorizado. Fazer de um santuário uma catedral é um sonho realizado, mesmo sabendo que pode vir um novo bispo e não me quererem mais por lá.

– A saúde o atrapalhou?

– Tenho uma protusão degenerativa e não posso fazer exercícios de alto impacto, que forcem demais. Faz uns 60 dias que voltei a andar na esteira. Passo cinco horas fazendo esteira, vendo filmes de ação e tomo 2,5 litros de energético. Na última semana, tive um problema. Quando deu pouco mais de quatro horas, senti que tinha de parar. A pele de um pedaço do meu pé se descolou, literalmente. Como tudo é providencial, coisa de Deus, se não tivesse parado ali seria pior. O podólogo disse que se quisesse e tentasse continuar, trincaria os ossos e soltaria toda a pele do pé. Eu me alongava muito bem antes de começar. Mas, ao mesmo tempo que eu protegia a articulação, acabei não pensando na minha pele, que é frágil.

– Mas o senhor é um atleta...

– Preciso de ginástica, me dá disposição. As pessoas me dizem: ‘Poxa, como o padre está bem agora’. Você somatiza tudo o que é negativo, atraindo problemas. A oração protege, lógico, mas temos de cuidar do corpo, da mente e do espírito. Sou formado em Educação Física e o condicionamento físico faz grande diferença na minha vida. Teve uma época em que engordei demais, 6kg. Nem digo gordo, mas estava mais lento. Foi quando surgiu o Ágape, que me salvou. 

– O que aconteceu na época?

– Eu quebrei a perna porque pisei errado na esteira. Acabei com a parte do tálus, o osso que sustenta toda a perna. Quando estava começando a me recuperar, quase tive de fazer uma operação de menisco. Corria sempre e estava ótimo. Seriam três meses de recuperação, que se tornaram quase um ano. Demorei 14 dias para voltar a tomar banho porque tinha medo de tocar o chão e ter de ser operado. Estava às vésperas de um encontro com o papa Bento XVI (85), para receber o prêmio Van Thuân – Solidariedade e Desenvolvimento, em 2010, em reconhecimento pela dedicação ao catolicismo como evangelizador moderno. Foi um período difícil, imagine não poder ir ao Vaticano. Tomava muita medicação e atacava o meu estômago. Se pensar bem, tive um princípio de depressão, com um pensamento ‘para baixo’, que me desanimava. Mas não parei com nada, continuei celebrando as missas. Foi uma luta interna, minha. O livro foi uma resposta de fé para mim mesmo e que acabou ajudando outras pessoas. Mas agora dei uma emagrecida radical. Daqui a pouco irão dizer que o padre está doente. (risos)

– Ainda sofre preconceito?

– O preconceito maior é de padres, da própria igreja, de padres progressistas, da Teoria da Libertação. A linha mais conservadora me respeita porque sabe o respeito que tenho pela igreja e que o santo papa me deu sua bênção. A linha mais progressista acha que sou de muito oba-oba. O Fábio Jr. vivia me questionando sobre ser padre, dizendo que o amor é a coisa mais linda do mundo. Brincando ou não, ele me respeita. Isto é o mínimo que as pessoas devem fazer. Sofri muito entre 1999 e 2000. Fui eleito o ‘mala do ano’. Era verdade. Fui recordista em tempo de exposição na TV. Aprendi com aquilo que teria de dosar mais minhas aparições. Superexposição é negativa. O próprio Jesus se recolhia por um tempo. Mas eu queria atender a todo mundo. Hoje, por exemplo, não tenho contrato com a Globo. Rezo a missa todo domingo porque sou padre, voluntariamente. Se tivesse contrato, não poderia ir a outras emissoras. Iria contra meu sacerdócio.

– E sobre cantar e fazer DVDs?

– Me criticaram porque cantei com o Belo na gravação de Ágape Amor Divino, que já vendeu 700 000 cópias entre CDs e DVDs e que deve atingir um milhão no Natal. Foi uma das melhores coisas que fiz, mostrei o que é ser padre. É preciso dar uma segunda chance. Fiz o casamento dele também para mostrar que as portas se reabriram. A vida dele mudou e ajudá-lo é uma alegria. Para 2013, além do status de catedral para o templo, vou lançar em abril o livro Kaerós, que vai refletir mais profundamente o Ágape e será mais fácil de ler. E continuar meu ministério até o dia que Deus me permitir, seja no santuário ou fora dele.

Assista ao vídeo na TV CARAS: