À espera do sexto filho, Juliano Cazarré e Letícia falam de críticas sofridas ao expor nova gravidez e se dizem abertos à vida: ‘O sacrifício é parte do amor’
O Natal é sempre uma data feliz para reunir a família e celebrar. E, para o ator Juliano Cazarré (43), a amada, a bióloga e stylist Leticia (39), e os filhos, Vicente (13), Inácio (11), Gaspar (4), Maria Madalena (2) e Maria Guilhermina (1), a época das luzes deste ano está ainda mais especial. É a primeira vez que a caçula comemora a data em casa, já que, na última, ela estava na UTI. “É um momento de felicidade. No final do ano passado foi um sufoco, porque a Guilhermina ainda tinha algumas intercorrências e, agora, a saúde dela está mais firme, constante, a gente está com o coração mais tranquilo para comemorar. E somos católicos, então o Natal é essa época para celebrar o nascimento de Jesus e se preparar para que ele possa nascer novamente no nosso coração e no seio da nossa família”, diz o artista.
Por não ter conseguido viver todo o clima de Natal no ano passado, agora, Leticia se animou e providenciou a decoração da casa. “Está todo mundo entrando no clima. A gente fez essa sessão de fotos, um momento para reunir todo mundo, eles viram mesa posta, comeram docinhos, rabanada. Esse ano a gente adiantou o Natal com a CARAS, foi muito legal”, conta a matriarca.
Para coroar a fase de alegria, o casal espera a chegada de mais um filho, Estêvão, previsto para nascer no início de março. O casal é aberto à vida e não usa nenhum método contraceptivo, mas, mesmo sabendo que poderia acontecer, a bióloga admite que sentiu um baque quando descobriu a gravidez, porque tinha acabado de ser diagnosticada com burnout — distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, muito característico em cuidadores, que é o caso dela. “Nos primeiros dias, em vez de sentir aquela alegria de uma nova vida que chega, eu senti muita preocupação, fiquei pensando se iria dar conta, se meu corpo iria aguentar. O que fiz foi rezar, tentar descansar mais... foi o que os médicos mandaram, porque eu dormia quatro horas por noite há meses e, durante o dia, era intenso, com os filhos para cuidar, todas as demandas que uma família grande tem. E, aí, meu corpo foi melhorando, a mente também e fui me sentindo mais eu mesma. Agora, acho que vai dar tudo certo”, revela ela, que está envolvida com a reforma do quartinho do bebê.
Por ser uma família numerosa, o anúncio da chegada de mais um herdeiro provocou intenso debate nas redes sociais e o par chegou a ser criticado. “Cada um tem seu ponto de vista, que é de acordo com a experiência que a pessoa teve. Eu nem sempre fui essa pessoa aberta à vida, então, entendo quem enxerga isso como um mistério, né? Mas chegou uma hora que virei essa chave, o tempo da gente é um bem muito precioso, não vou perdê-lo discutindo com uma pessoa que nunca vi, tentando mostrar para ela o porquê de eu fazer minhas escolhas do jeito que faço”, diz Leticia, sem se estressar com os comentários. “Eu também vivo o dilema da mulher moderna, de até que ponto me dedico à minha carreira, à minha família. Gostaria de estar viajando, gostaria de estar progredindo profissionalmente? É claro que sim, mas entendi que as coisas são incompatíveis. Não dá para ser uma mulher que trabalha 12 horas e, ao mesmo tempo, cuidar dos meus filhos. Já fui essa mulher e aquilo não me trouxe a felicidade e a paz que achei que traria. Ao contrário, me dedicar aos meus filhos me deixa muito mais em paz e serena, mesmo sabendo que estou abrindo mão de outras coisas que são legais”, avalia.
Juliano reconhece que tem momentos de cansaço, de estresse, mas que também é realizado com as escolhas que fez. “A gente tem muito presente que o sacrifício é parte do amor, mas não é um sacrifício penoso, não é aquilo de ‘que horror, vou ter que acordar cedo para levar as crianças, como é difícil a paternidade!’ É difícil, dá trabalho, educar é uma coisa bem desgastante, você tem que falar muitas vezes a mesma coisa para eles, mas o sacrifício faz parte do amor”, afirma ele. “Acho que, às vezes, as pessoas têm uma noção ainda muito equivocada de amor, como se fosse um eterno deleite, uma paixão, que o amor é no começo, quando está tudo bem, quando a gente está fazendo uma viagem para o exterior em um bom hotel. E o amor é justamente a decisão de todos os dias acordar e de se entregar, trabalhar por aqueles que a gente ama. Uma vez que isso está presente no nosso pensamento e coração, tudo fica bem mais leve”, reflete o artista.
Para o intérprete do Pascoal na novela global Fuzuê, fim de ano é hora de olhar para trás e rever tudo o que foi feito. “Nossa, quanto trabalho! Mas como sempre valeu muito a pena. Dá aquela satisfação de ter conseguido levar todos os dias para escola, no futebol, no jiu-jítsu, de servir as refeições, todos os banhos, todas as fraldas. De agradecer a tudo que deu certo, a família com saúde, os pequenos crescendo. O Gaspar e a Madalena são uma alegria, uma diversão. Os mais velhos já mudando, ficando com um jeito de rapazinhos, o Vicente já na beira da adolescência”, diz ele, citando também a notável melhora de Guilhermina. “Agora, ela já pode participar mais da vida da família, pode botar ela na mesa do café da manhã para ela ver a bagunça dos irmãos, pode deixar o cachorro entrar no quarto, pode tocar no cachorro e tocar nela. Eu fico aliviado, porque é diferente quando tem um filho seu que está com o respirador ou a gastrostomia, a gente tem um cuidado maior. Então, é bom poder ficar um pouco mais livre com ela, vai ser bom para a família toda, mas, principalmente para ela”, fala.
Acompanhando a dedicação do casal à caçula, que nasceu com anomalia de Ebstein, o padre Márlon Múcio os convidou para ser embaixadores de um hospital para raros, a Casa de Saúde Nossa Senhora dos Raros. “Eu fiquei muito feliz de poder ajudar, porque a Guilhermina é uma pessoa que nasceu com uma doença rara e, graças ao apoio que a TV Globo nos deu, ela pôde ir para São Paulo, nascer com toda a estrutura, mas a gente sabe que essa não é a realidade de todos os brasileiros. Então, um hospital como esse que o padre Márlon criou é a possibilidade de gente que talvez não teria condição de receber o tratamento certo para sua doença conseguir ser tratado com dignidade, com respeito, com carinho e com atenção”, celebra o gaúcho.
Ao expor o que estavam passando, Leticia e Juliano também se transformaram em inspiração para outras pessoas que enfrentam situações parecidas. “Eu nunca quis ser influencer, nunca quis aparecer nas redes sociais, sempre quis estar nos bastidores e, de repente, aquilo aconteceu naturalmente. Famílias que tinham filhos com problemas parecidos começaram a abordar a gente e dizer que estávamos sendo um norte, uma luz para eles”, diz a bióloga e stylist que ‘pulou’ de 65000 para 744000 seguidores. Juliano acredita que as pessoas se identificaram com a maneira como eles lidaram com tudo. “A gente não fala apenas disso, acho que as pessoas se encantam com isso e pensam: ‘eles continuam vivendo’, ‘eles estão cuidando dela, cuidam dos outros, continuam felizes’. A Leticia continua falando de moda, o Cazarré continua fazendo as receitas dele, então acho que tem essa parte do exemplo, de não tornar esse o único assunto da sua vida. É claro que ele é importante, mas também mostrar que ‘olha, gente, vamos viver com alegria, fé e abraçar a cruz que apareceu com amor’”, finaliza o ator.
FOTOS: PAMELA MIRANDA; BELEZA: VIVIANA BORLIDO; DECORAÇÃO: PAULA BARCELLOS; BOLOS: DOCE ANNA CONFEITARIA