História de superação a leva à Ilha de CARAS e ao reality culinário na Globo, Mestre do Sabor
Muitos podem ser os caminhos ao longo da jornada de uma vida e, para Jackie Watanabe (31), essas trilhas têm proporcionado diversas oportunidades. Neste ano, a chef foi especialmente convidada para criar os cardápios de almoços da Ilha de CARAS, em Ilhabela, litoral norte de SP — que reuniu vips antes da pandemia do novo coronavírus e das medidas de isolamento social. Carismática e determinada, o pedido caiu como um reconhecimento. “Para mim, foi um imenso prazer, mas também um belo desafio, pois nem sempre conseguimos agradar a todos. E o legal é que as pessoas têm essa curiosidade de saber o que os famosos comem, então o retorno do público é sensacional”, conta. “Eu gosto de mesclar os ingredientes e criar pratos mais leves. No primeiro dia, decidi fazer um risoto de banana com camarão e uma moqueca para celebrar o clima praiano daqui”, disse ela, honrada por ter cozinhado para figuras ilustres como o colega de profissão Carlos Bertolazzi (50), a atriz Suzana Alves (41) e a arquiteta Jóia Bergamo (56), entre outros que passaram por Ilhabela.
Para chegar até aqui, foi necessário experimentar de tudo e dedicar horas incontáveis aos estudos. “Minha vida é bem maluca!”, brinca. “Comecei me formando em enfermagem, então passei a aprender quiropraxia, mas precisei parar por conta dos custos. Mais tarde, me formei em moda e fiquei na área por um tempo”, explica ela. “Então, decidi mudar de cidade e passei a trabalhar com produção de TV e fotografia, atuando no setor por mais um período”, revela ela, que, em 2014, realizou o sonho da gastronomia e não parou de investir na nova carreira desde então. “Quando finalmente me encontrei, consegui estudar na Le Cordon Bleu em Londres e fiz cursos em Paris e Tóquio”, comenta ela, que no Brasil integrou a equipe de Alex Atala (52), adquirindo conhecimentos únicos.
Todo o esforço e a vontade de alçar novos voos a levaram a uma vaga no talent show culinário Mestre do Sabor, da Rede Globo. “Eu não pensei duas vezes e abracei a ideia desde o começo, pois fiquei muito empolgada para mostrar quem eu sou”, relata. “Tudo precisava ficar em segredo no processo de seleção, mas, quando deu certo, viajei para o Rio de Janeiro para iniciar as gravações, que aconteceram antes da pandemia. Foi uma emoção muito grande. Ficava pensando se eu realmente conseguiria mostrar o meu trabalho, o meu talento, e foi uma experiência incrível que me tirou da zona de conforto”, relembra a chef, que deixou a competição antes da final. “Eu deveria ter usado um arroz diferente! No calor do momento, eu não escolhi o tipo certo. Mas ficou o aprendizado, pois foi ótimo poder trabalhar com diversos ingredientes e saber que tinha de preparar algo delicioso dentro de pouco tempo”, confessa a profissional.
Justo quando tudo estava se alinhando, a crise causada pelo coronavírus provocou mudanças drásticas. “A situação ficou bem complicada, o que me forçou a encerrar as minhas atividades. Apesar de ter adotado o sistema de entregas, o fluxo de pessoas precisaria ser maior para manter tudo funcionando bem”, revela. “É bem difícil lidar com o cenário atual. A ansiedade é diária, pois queremos saber como tudo vai ficar, além da questão financeira, que também causa um grande medo”, completa ela, que precisou fechar seu estimado restaurante em Ilhabela, o Arumã. “Eu tenho aproveitado esse tempo para estudar e preciso dizer que nunca gostei muito de fazer tudo on-line, mas tem sido uma grata surpresa. Estou cursando gestão em gastronomia e tudo está sendo muito positivo. Atuo em uma área que vai precisar se reinventar e eu quero fazer parte desta mudança”, relatou ela, que faz tudo do aconchego de seu doce lar.
Mesmo com tantas incertezas no horizonte, Jackie mantém a cabeça erguida. “Neste semestre, pretendo adquirir mais conhecimento, pois ter o próprio negócio requer melhorias constantes. Quero passar um tempo na capital de São Paulo para enriquecer o meu cardápio e ver o que faz mais sucesso”, avalia. Com uma afirmação poderosa, ela sabe onde quer estar e como quer investir suas energias. “A cozinha é o lugar em que me sinto bem. Estive à frente da administração por um período, mas senti muita falta da emoção de colocar a mão na massa”, conta. “A melhor sensação que um chef pode ter é ver o cliente dar a primeira garfada e perceber na expressão dele que a comida está gostosa. Aí eu tenho a certeza de que fiz tudo direitinho”, finaliza, como quando dá aquele toque de mestre antes de levar um prato à mesa.