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Revista / Gastronomia

Jackie Watanabe e seus caminhos pela gastronomia

História de superação a leva à Ilha de CARAS e ao reality culinário na Globo, Mestre do Sabor

Rodrigo Brito Publicado em 12/06/2020, às 09h00 - Atualizado às 13h26

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Na Ilha de CARAS, a chef mostra a que veio e conquista a todos com seu tempero - Cadu Pilotto, Rogerio Pallatta
Na Ilha de CARAS, a chef mostra a que veio e conquista a todos com seu tempero - Cadu Pilotto, Rogerio Pallatta

Muitos podem ser os caminhos ao longo da jornada de uma vida e, para Jackie Watanabe (31), essas trilhas têm proporcionado diversas oportunidades. Neste ano, a chef foi especialmente convidada para criar os cardápios de almoços da Ilha de CARAS, em Ilhabela, litoral norte de SP — que reuniu vips antes da pandemia do novo coronavírus e das medidas de isolamento social. Carismática e determinada, o pedido caiu como um reconhecimento. “Para mim, foi um imenso prazer, mas também um belo desafio, pois nem sempre conseguimos agradar a todos. E o legal é que as pessoas têm essa curiosidade de saber o que os famosos comem, então o retorno do público é sensacional”, conta. “Eu gosto de mesclar os ingredientes e criar pratos mais leves. No primeiro dia, decidi fazer um risoto de banana com camarão e uma moqueca para celebrar o clima praiano daqui”, disse ela, honrada por ter cozinhado para figuras ilustres como o colega de profissão Carlos Bertolazzi (50), a atriz Suzana Alves (41) e a arquiteta Jóia Bergamo (56), entre outros que passaram por Ilhabela.

Para chegar até aqui, foi necessário experimentar de tudo e dedicar horas incontáveis aos estudos. “Minha vida é bem maluca!”, brinca. “Comecei me formando em enfermagem, então passei a aprender quiropraxia, mas precisei parar por conta dos custos. Mais tarde, me formei em moda e fiquei na área por um tempo”, explica ela. “Então, decidi mudar de cidade e passei a trabalhar com produção de TV e fotografia, atuando no setor por mais um período”, revela ela, que, em 2014, realizou o sonho da gastronomia e não parou de investir na nova carreira desde então. “Quando finalmente me encontrei, consegui estudar na Le Cordon Bleu em Londres e fiz cursos em Paris e Tóquio”, comenta ela, que no Brasil integrou a equipe de Alex Atala (52), adquirindo conhecimentos únicos.

Todo o esforço e a vontade de alçar novos voos a levaram a uma vaga no talent show culinário Mestre do Sabor, da Rede Globo. “Eu não pensei duas vezes e abracei a ideia desde o começo, pois fiquei muito empolgada para mostrar quem eu sou”, relata. “Tudo precisava ficar em segredo no processo de seleção, mas, quando deu certo, viajei para o Rio de Janeiro para iniciar as gravações, que aconteceram antes da pandemia. Foi uma emoção muito grande. Ficava pensando se eu realmente conseguiria mostrar o meu trabalho, o meu talento, e foi uma experiência incrível que me tirou da zona de conforto”, relembra a chef, que deixou a competição antes da final. “Eu deveria ter usado um arroz diferente! No calor do momento, eu não escolhi o tipo certo. Mas ficou o aprendizado, pois foi ótimo poder trabalhar com diversos ingredientes e saber que tinha de preparar algo delicioso dentro de pouco tempo”, confessa a profissional.

Justo quando tudo estava se alinhando, a crise causada pelo coronavírus provocou mudanças drásticas. “A situação ficou bem complicada, o que me forçou a encerrar as minhas atividades. Apesar de ter adotado o sistema de entregas, o fluxo de pessoas precisaria ser maior para manter tudo funcionando bem”, revela. “É bem difícil lidar com o cenário atual. A ansiedade é diária, pois queremos saber como tudo vai ficar, além da questão financeira, que também causa um grande medo”, completa ela, que precisou fechar seu estimado restaurante em Ilhabela, o Arumã. “Eu tenho aproveitado esse tempo para estudar e preciso dizer que nunca gostei muito de fazer tudo on-line, mas tem sido uma grata surpresa. Estou cursando gestão em gastronomia e tudo está sendo muito positivo. Atuo em uma área que vai precisar se reinventar e eu quero fazer parte desta mudança”, relatou ela, que faz tudo do aconchego de seu doce lar.

Mesmo com tantas incertezas no horizonte, Jackie mantém a cabeça erguida. “Neste semestre, pretendo adquirir mais conhecimento, pois ter o próprio negócio requer melhorias constantes. Quero passar um tempo na capital de São Paulo para enriquecer o meu cardápio e ver o que faz mais sucesso”, avalia. Com uma afirmação poderosa, ela sabe onde quer estar e como quer investir suas energias. “A cozinha é o lugar em que me sinto bem. Estive à frente da administração por um período, mas senti muita falta da emoção de colocar a mão na massa”, conta. “A melhor sensação que um chef pode ter é ver o cliente dar a primeira garfada e perceber na expressão dele que a comida está gostosa. Aí eu tenho a certeza de que fiz tudo direitinho”, finaliza, como quando dá aquele toque de mestre antes de levar um prato à mesa.