Fundamental para os seres humanos nos desertos, pelo fato de conseguir passar até oito dias sem beber água, camelo originou-se do Grego kámelos, pelo Latim camelus, animal ruminante. Ursa, a fêmea do urso, mamífero carnívoro, veio do Latim ursa.
Camelo: do Grego kámelos, pelo Latim camelus, designando o curioso animal ruminante, sem aspas, utilizado para montaria e carga em longas travessias no deserto, por ser capaz de passar até oito dias sem beber água. Ainda mais curiosa é a iguaria culinária em que o animal é servido num prato especial de alguns beduínos por ocasião das bodas: camelo assado, recheado de cordeiros assados, por sua vez repletos de frangos ao forno, dentro dos quais são postos peixes assados, nos ventres dos quais estão ovos cozidos e duros, sem recheio.
Reeleição: de eleição, do Latim electione, do mesmo étimo de legere, colher, com o significado de escolher, pois quem colhe, escolhe. Nas democracias, pode-se fazer um paralelo entre a campanha, quando são semeadas as propostas, e a eleição, quando os eleitores, que escolhem as que lhes parecem melhores, elegem os candidatos de sua preferência. No Brasil, a reeleição presidencial estava proibida até o governo de Fernando Henrique Cardoso (82), eleito para um período de quatro anos, mas ele obteve do Congresso a aprovação da emenda que passou a permitir a reeleição desde então (1998). Ele se reelegeu, seu sucessor, Luiz InácioLula da Silva (68), também foi reeleito, e a sucessora deste, Dilma Rousseff (66), vai buscar a reeleição. No dia 7 de novembro de 1944, Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) era reeleito presidente dos Estados Unidos pela terceira vez. Ele morreu no exercício do mandato no ano seguinte e foi substituído pelo vice, Harry S. Truman (1884-1972). O “S” não abreviava nome nenhum. Era um costume de descendentes de escoceses e irlandeses de homenagearem alguém, sem revelar o nome. No caso, era a inicial de nomes de seus avôs, Shipp e Solomon.
Servidor: do Latim servitore, declinação de servitor, do verbo servire, servir. Há outras palavras do mesmo étimo, como servo, serviço, servente e sargento, todas designando ato de executar alguma tarefa. Durante séculos, servidor esteve ligado a servo, e este a escravo, embora na Idade Média os servos se diferenciassem dos escravos por serem ligados à gleba e dependentes do senhor feudal. Com o tempo, funcionários encarregados do serviço religioso nos templos passaram a ser chamados servos do Senhor. A palavra servo mudou para servidor, ao designar funções leigas. No Brasil, desde há algum tempo, com a modernização do serviço público e a isonomia de tratamento, a carreira de servidor público nos três poderes — Legislativo, Executivo, Judiciário — voltou a ser atraente. Mas ainda pesam sobre o trabalho fumos da herança monárquica, que levava os servidores a se considerarem senhores do povo e não a serviço dele.
Tapera: do Guarani taperé ou do Tupi ta’pera, aldeia, povoação ou moradia abandonada. Designa também residência ou fazenda em ruínas. Dá nome a um município gaúcho, que começou ao redor de uma tapera, construída por um fugitivo da polícia e depois abandonada quando ali se fixaram imigrantes alemães e italianos. Fica perto de Espumoso, Selbach e Não-Me-Toque, na região noroeste. O município, com 10000 habitantes, tem nome de abandono, mas o atual prefeito não o larga: é a quarta vez que ocupa o cargo.
Ursa: do Latim ursa, fêmea do urso. O animal está na terra, mas também no céu, pois dá nome a duas famosas constelações. A Ursa Maior está no norte, no setentrião, do Latim septentrio, conjunto de sete bois no arado, como então as estrelas pareciam aos olhos dos antigos. A Ursa Menor está no sul, no meridional.
Vínculo: do Latim vinculum, ligação, do mesmo étimo de vincire, ligar, prender, cognato de vincere, vencer. Uma palavra é cognata de outra quando partilha a mesma raiz, ainda que apresente variações de significado. Aparece no título do livro de Marcia Esteves Agostinho (45) Vínculos: Sexo e Amor na Evolução do Casamento, em que defende que nossa natureza animal não prevalece sobre a cultura. Do contrário, semelharíamos aos chimpanzés, referidos na página 26: “É comum que os machos matem os fi lhotes que não reconheçam, fazendo com que as fêmeas procurem fazer sexo indiscriminadamente para proteger sua prole”.