Juntas há dois anos, Marcela Mc Gowan e Luiza Martins rompem barreiras e se abrem aos aprendizados
Um namoro praticamente impulsionado pela mídia. Assim aconteceu com Luiza Martins (31) e Marcela Mc Gowan (34). Mas, ainda que a pressão tenha sido grande, antes mesmo de assumirem um compromisso perante o público, a sertaneja e a médica e empresária já estavam mais do que apaixonadas. “Nós estávamos saindo há um tempo. Até que, um dia, me viram no show dela e começaram a me ligar fazendo perguntas. Então conversamos e decidimos assumir”, relembra Marcela, aos risos. “Não foi nada planejado. Eu nunca tinha namorado uma pessoa pública e não tinha noção da proporção que um relacionamento assim teria. Quando aconteceu, já estávamos bem envolvidas. Nossa relação foi muito intensa desde o começo”, emenda Luiza, que, até então, costumava levar a vida pessoal de forma mais discreta. “Sempre fui muito na minha. Não por querer omitir ou ter vergonha de algo, mas é meu jeito. Coincidiu que, quando conheci a Marcela, estava começando nas redes sociais”, explica.
E, em se tratando de intensidade, o amor entre Luiza e Marcela evoluiu exatamente assim. Juntas há dois anos e meio, elas passaram a dividir a rotina ainda nos primeiros meses do relacionamento. “Era pandemia, ela estava em Goiânia e eu em São Paulo. Toda vez que íamos nos ver era uma confusão por conta dos protocolos de aeroporto. Até que falei para ela vir passar um tempo na minha casa”, conta a médica. “Na minha cabeça, essa mulher ia me dar um golpe tão grande que eu sairia da casa dela direto para a terapia”, emenda Luiza, aos risos.
Embora nunca antes tenha dividido o teto com alguém, a sertaneja decidiu se arriscar. E deu tudo certo. “Por mais estranho e emocionado que seja dizer isso, a Marcela sempre me trouxe uma sensação de certeza muito grande”, declara. Atualmente, o casal vive em um apartamento duplex na capital paulista e divide o espaço com dois gatinhos de estimação: Preto e Marília Miaudonça. A segunda, inclusive, foi batizada em homenagem à cantora e amiga pessoal de Luiza, Marília Mendonça (1995-2021). “A consideração foi feita ainda em vida. Marília sabia e adorava a xará”, revela a sertaneja.
Ainda que tudo pareça ter sido muito simples e fácil, foi somente por meio das dificuldades que Marcela e Luiza perceberam a força da união. Em dezembro de 2021, Luiza enfrentou a perda repentina de seu parceiro musical, Maurílio, que morreu aos 28 anos por complicações de um quadro de tromboembolismo pulmonar. Um mês antes, em novembro de 2021, a sertaneja também havia sofrido pela morte trágica de Marília Mendonça. “De todas as coisas que passamos juntas, a mais importante foi a forma como a Marcela me acolheu. Ela não só acompanhou meu luto, mas entrou no buraco comigo”, define Luiza. “Dentro de 40 dias eu perdi pessoas que amava muito e de um jeito muito trágico… Não teve como não ficar traumatizada. Foi um processo para voltar a entender o mundo”, recorda ela.
Durante um tempo, Luiza se afastou da música e chegou a questionar a sua verdadeira missão. “Tinha medo de ir para a estrada e sofrer um acidente, medo do que seria minha carreira, não sabia se eu queria continuar cantando ou não... A Marcela me deu tranquilidade para conseguir entender esses medos. Depois, com amor, me levantou. Não há nada mais importante que isso na nossa relação”, afirma.
Destacando-se como uma das vozes mais fortes do “feminejo”, agora, Luiza dá continuidade ao trabalho iniciado com Maurílio em carreira solo, mas garante que, ainda que o tempo passe, nunca será fácil lidar com a ausência do parceiro. “Tenho momentos de baixa. Esses dias mesmo, chorei de saudade, coisa que não costumo fazer”, confessa ela, que tatuou parte da canção Furando o Sinal em homenagem a Maurílio. “Foi confuso me entender sozinha como artista. Ainda é. Tenho a sensação que me quebrei inteira e me fiz de novo. Há coisas da Luiza de antes, mas sou outra. O luto me ensinou bastante”, pontua a cantora.
No início do ano, ela lançou Continua – Ao vivo em Brasília, seu primeiro DVD solo. “É como se estivesse começando do zero. Mas me sinto segura, mais preparada e corajosa. Procuro me sentir orgulhosa por minhas conquistas”, afirma.
Quebrando barreiras e o preconceito, Luiza afirma ainda que o fato de expor o relacionamento lhe
trouxe uma nova visão sobre si mesma. “Eu entrava no Instagram e via as pessoas me agradecendo. Mas não entendia o porquê. Então descobri o valor da representatividade”, afirma. Para Marcela, especialista em ginecologia e obstetrícia, a união com Luiza também quebrou uma série de tabus. “Assumir minha sexualidade e entender o peso disso tem sido libertador. Ser uma pessoa bissexual, estar no mundo LGBTQIA+, não é fácil, mas eu imaginava que seria pior. Com a Lu vivo minha sexualidade do jeito que eu quero. Me sinto livre”, afirma ela, que também é sexóloga. Recentemente, inclusive, Marcela inaugurou a primeira unidade da Ludix, sua marca de sexual care. “De médica ginecologista à dona de uma marca de cuidados e produtos eróticos foi um passo
muito grande. É incrível estar em um relacionamento que nos estimula”, avalia a empresária.
Diante do precioso amor, por enquanto, resta ao par apenas uma única pendência: o casamento. “A gente quer casar na praia e fazer um festão, mas do nosso jeito e só para as pessoas que fazem sentido para a gente”, adianta Marcela, que aguarda o pedido da amada. “Fizemos uma viagem às Maldivas e quase ambas pediram uma à outra. Mas deu tudo errado! Depois, conversamos melhor sobre isso e ela disse que quer fazer o pedido”, entrega, aos risos. Embora seja outro desejo do casal, o assunto filhos ainda está em segundo plano. “Já falamos sobre isso também e já fizemos até uma consulta para checar as possibilidades. Mas acho que não seria para agora. Ambas estamos em um momento muito importante de nossas carreiras, então vamos esperar um pouquinho”, explica Marcela, que tem vontade de ter filhos biológicos, mas não descarta a possibilidade de, no futuro, adotar também. “De início, temos vontade de ter filhos biológicos, por meio de inseminação. Sabemos que o tempo corre nesse sentido. A adoção seria para um segundo momento”, pontua a sexóloga.
FOTOS: PAULO SANTOS
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