Êxito na TV, amor e paternidade
Dos 45 anos de vida de Danton Mello, 40 foram dedicados à arte. Pode parecer um exagero, mas quem conhece a carreira do ator sabe que não é. Relembrar sua trajetória profissional, marcante desde a estreia na novela A Gata Comeu, de 1985, surpreende até o próprio ator, irmão caçula de Selton Mello (47). “É muito maluco pensar nisso, porque eu ainda sou e me considero muito jovem”, diz ele, aos risos. “Quando olho para trás, vejo minha história e essa bagagem toda. Não tive teoria, não estudei, apenas aprendi fazendo, arriscando e errando”, completa Danton, que era só felicidade durante seus dias na Ilha de CARAS, no litoral norte de São Paulo, junto da mulher, a empresária Sheila Ramos (41), no período antes do início da pandemia do novo coronavírus, o mesmo momento em que o ator ainda se programava para voltar à TV no horário nobre, na novela Um Lugar ao Sol, da Globo. Mas, por enquanto, as gravações seguem suspensas. “O isolamento social foi decretado uma semana antes de eu começar a gravar. Já tinha feito a preparação, caracterização e até megahair eu tinha colocado! Meu único pensamento era quanto tempo duraria tudo isso e, de início, fiquei na expectativa de voltar logo... Mas não aconteceu”, recorda. Agora, somando mais de quatro meses em casa, Danton tem aproveitado o período para se dedicar mais à família. Juntos há sete anos, ele e Sheila são parceiros em tudo e exaltam a cumplicidade no dia a dia. “Passei alguns anos achando que não me relacionaria com mais ninguém, que iria só cuidar das minhas filhas... Até que encontrei essa mulher iluminada”, se declara o ator. “A Sheila é muito parceira, me apoia, me incentiva. Com ela, aprendi a ser um pai melhor, um homem melhor, e me orgulho muito de nossa relação”, diz, claramente emocionado. “Tê-lo ao meu lado, neste e em todos os momentos, além de acalmar meu coração, me dá a certeza de que tudo valeu a pena”, devolve Sheila.
Em casa, com seus cinco cachorros e duas gatas, o par ainda tem a companhia do fofo João Vitor (9), filho único de Sheila e enteado de Danton. O ator também é pai de Luiza (18) e Alice (16), ambas de relacionamento anterior. Atual mente, as meninas moram com a mãe na Califórnia, Estados Unidos. “Sofro de saudade, mas tenho o maior orgulho das mulheres que elas estão se tornando. E, sim, sou supercorujão”, revela Danton. Além de viagens frequentes à América do Norte para driblar a ausência de suas filhas, ele também recorre à tecnologia. “Felizmente, a internet nos ajuda neste contato, mas gostaria muito de que elas estivessem aqui”, confessa o ator. Sua primogênita acaba de ingressar na faculdade de roteiro de cinema e tinha se programado para, antes disso, passar as férias no Brasil. No entanto, com a pandemia, os planos precisaram ser repensados. “Estava tudo combinado, passagens compradas. Elas viriam ficar um tempinho aqui durante as férias de verão. Mas o vírus nos deixou com medo, então, suspendemos tudo”, explica. Ainda que tenha as preocupações comuns de todo pai ator, Danton se diz honrado ao perceber a possível queda artística da herdeira. “Sempre brinco com a Luiza: ‘Imagina a gente trabalhando juntos um dia?’. Acho que é uma coisa natural, pode acontecer”, idealiza ele.
Com a rotina profissional momentaneamente pausada, a partir de setembro Danton poderá ser visto na TV durante a reexibição da primeira e clássica temporada de Malhação, de 1995, no canal por assinatura Viva — este foi seu primeiro trabalho como protagonista. “O público daquela geração merece e está aguardando esta reprise. Será uma delícia acompanhar, pois foi um trabalho maravilhoso, em que pude mostrar que tinha amadurecido e tinha condições de fazer papéis importantes e maiores”, avalia o ator, que ainda possui trabalhos como a novela Vale Tudo, de 1988, e a série Hebe: A Estrela do Brasil, de 2019, em exibição na TV Globo, nas noites de quinta -feira. “Já trabalhei bastante, mas nunca me cansei desta vida, e também nunca me vi fazendo outra coisa. Mesmo na adolescência, quando meus amigos estavam pensando o que fazer, eu já havia descoberto. Cresci e me acostumei com este mundo e, hoje, é gostoso ter este reconhecimento”, avalia.
Além da próxima trama global, que deve voltar às gravações somente no final do ano, Danton ainda aguarda ansioso uma nova data para o lançamento de seu filme Predestinado, antes programado para junho, e que retrata a vida do médium José Arigó (1921–1971), conhecido por salvar vidas através de cirurgia espiritual, com o apoio do espírito do Dr. Fritz, médico alemão falecido durante a Primeira Guerra Mundial. Protagonista da obra, ele se diz pessoalmente transformado. “É uma história muito bonita. Me considerava extremamente cético, mas saí diferente. Não digo que me tornei religioso, mas tenho fé em algo maior que tudo isso”, adianta. Na expectativa por dias melhores, ele espera, em breve, poder celebrar os êxitos. “São 40 anos de carreira. Este seria um ano importante para minha vida profissional. Ia comemorar com dois trabalhos muito bacanas, mas, com tudo adiado, me resta aguardar o momento certo, me preservar, me proteger, me cuidar e esperar a hora em que isso tudo passe”, diz, esperançoso.