Em entrevista coletiva com a participação da CARAS Brasil, Iara Jamra ainda relembra com carinho de sua personagem em Rá-Tim-Bum, seu maior sucesso há 30 anos
Após 16 anos longe da TV Globo, a atriz Iara Jamra (69) está de volta e fazendo o maior sucesso no papel da doce Ana Lúcia, funcionária humilde da Viação Formosa e mãe de Cacá (Pri Helena), em Volta por Cima. Durante abertura das gravações da novela, nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, com a participação da CARAS Brasil, a artista fala do novo desafio e relembra com carinho de seu trabalho no programa Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, entre os anos de 1990 e 1994. No infantil, ela interpretava a garotinha Nina, que contava histórias para a sua boneca Careca.
Na emissora, Iara participou de sucessos como Tieta (1989), Sex Appeal (1993) e O Rei do Gado (1996). Seu último trabalho foi na novela Três Irmãs, em 2008. Esteve também em produções da Band, Record, SBT e Multishow. A atriz confessa não saber o que aconteceu para ficar tanto tempo longe da emissora. “Moro em São Paulo, eu acho que dificulta muito, porque sou uma atriz que faz papéis coadjuvantes. Mas não sei exatamente o que aconteceu; fiz duas novelas na Record nesse tempo. Não sei, eu acho que me dediquei mais ao teatro”, diz.
Volta por Cima foi a grande oportunidade que Iara encontrou de retornar para o seu público. “A Dani Ciminelli, que é do departamento de elenco, me indicou e o pessoal topou, mas eu não conhecia mais ninguém. Conheci o André (Câmara, diretor artístico) na primeira reunião de vídeo. Aí, eu vim aqui, a gente fez o workshop, teve uma preparação (...) Fiquei afastada tanto tempo. Eu já achei estranho quando entrei no Projac, sei lá (risos)”, conta.
CONVITE PARA ATUAR EM SELVA DE PEDRA
Em seguida, a artista relembra o convite para entrar no elenco de Selva de Pedra (1972), sua primeira novela, e se diverte. “Foi pelo Walter Avancini (um dos diretores da trama). O estúdio era no Jardim Botânico. E eu fui convidada pelo Avancini, que era um diretor bambambã. Então, tive muita sorte, porque não é todo mundo que é convidado pelo Walter Avancini (risos). Foi um presente”, afirma.
“E você sabe como eu fui chamada? Eu fazia uma propaganda dos pneus Goodyear. Essa história é superlegal. Me ligaram: ‘Você é a menina do pneus Goodyear? Eu falei: sou, por que? Responderam: ‘O Walter Avancini quer falar com você’. Eu falei: Vai, para de encher, para de brincar. Aí, eles me convidaram para eu vir para uma reunião, porque acho que ele gostou do tipo e achou que eu estava meio brincando, porque eu fazia tudo meio no improviso”, continua.
Iara conta como aprendeu a improvisar em cena. “Eu tenho esse lado porque vim de um grupo de teatro. Eu não sou formada em escola. A minha formação é de um grupo de teatro. Sabe o Asdrúbal? (Grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone, que estreou em 1974, no Rio de Janeiro, e era formado por Regina Casé e Hamilton Vaz Pereira). Era tipo esse, mas um outro grupo em São Paulo. Então, tenho essa coisa do improviso, da comédia”, ressalta.
“Ele me chamou para fazer Selva de Pedra. Depois, fui fazer Vida Nova, Rei do Gado. Tudo meio com a turma dele. Dennis Carvalho. Eu sempre fui muito privilegiada, né? Depois, fiquei fazendo pequenas participações. Foi aí que acho que eu me perdi um pouquinho, porque sou uma atriz que superprecisa de um diretor”, emenda.
Iara continua explicando que sente a necessidade dessa direção. “Eu não consigo enxergar o todo, sabe? Tem atrizes que conseguem, que são diretoras também, que mantêm companhias e grupos, que são mais articuladas. Eu preciso de um diretor. E aqui, achei legal porque todos os diretores são muito gentis com a gente, são muito legais e realmente conversam com a gente, dirigem a gente. Estou sendo superassistida”, revela.
“Acho importante. Eu sou uma atriz que precisa. Tem atrizes que já dominam, né? Eu não sou uma pessoa muito assim, ainda mais em televisão. Mesmo em teatro, preciso ser dirigida, senão eu me perco, acabo improvisando e saio um pouco fora, sem querer (risos)”, completa.
VOLTA POR CIMA: GRANDE DESAFIO
A novela Volta por Cima, de Claudia Souto, foi um desafio para a atriz, depois de tantos anos na comédia. “Desafio nesse sentido, além de voltar com a minha idade e não conhecer direito as pessoas. Não conhecia mais ninguém, né? Fora que a Globo mudou muito, e eu não conhecia a equipe, não conhecia mais ninguém. É um desafio sempre, né? Com a minha idade, voltar assim. Eu tenho 69 anos, é difícil. Eu gosto da novela, eu acho tão legal, divertida (...) Tem música, mostra o subúrbio do Rio de uma maneira alegre. Tomara que até o final a gente ainda consiga manter isso”, fala.
CASTELO RÁ-TIM-BUM
Iara interpretou a garota Nina no programa Rá-Tim-Bum. Ela vivia em um mundo próprio, onde contava histórias para sua boneca Careca. O universo lúdico era ressaltado pelos móveis de proporções enormes que a deixavam pequena no cenário. “Rá-Tim-Bum foi a maior sorte, eu adoro! E foi um programa muito bem feito por uma equipe toda muito homogênea, todo mundo era meio amigo, meio da turma, então era um trabalho de equipe mesmo. Foi muito interessante, e eu fazia uma menina; já fiz uma menina em vários lugares, em teatro e tudo”, destaca.
O infantil foi um enorme sucesso e sua personagem também, tanto é que Nina é lembrada até hoje. Iara confessa que se emociona com o carinho que recebe das pessoas que a assistiram na época. “É muito legal! São pessoas que hoje têm cerca de 30 anos – imagina quanto tempo! É muito legal na rua, quando me reconhecem. Em São Paulo é direto, porque a TV Cultura é muito forte em São Paulo, em qualquer outro lugar. Mas no Rio, tem a TV Educativa, que já tinha uma outra programação, ainda mais naquela época. Fico meio sem acreditar”, declara.
A atriz ainda entrega uma curiosidade: “Para fazer a Nina, eu tinha quatro páginas para decorar. E eu sentava e ficava inventando um monte de palhaçada. A TV Cultura tinha uma psicóloga acompanhando, porque era um programa infantil, tem que ter. E tinha uma equipe. Eu sou arte-educadora também, trabalhava com criança muito tempo antes de ser atriz. Então, eu já sabia tudo o que eu podia falar. Lembro das falas até hoje porque é fácil para mim fazer criança, tem essa coisa da voz, acho que eu imprimo muito isso, a criança”.
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